Aquilo que amamos molda fundamentalmente o que sentimos. Mas e se as coisas que amamos e valorizamos não forem boas? Ao invés de controlar, precisamos aprender a lidar com as emoções.
As emoções vêm e vão ao seu bel-prazer. O autor do salmo 42 descreve que enquanto sua alma “tem sede de Deus” (v.1-2), ele está ao mesmo tempo lutando com suas emoções e perguntado: “Por que está abatida, ó milha alma?” (vs.5,11).
Deus
nos deu emoções que na verdade são projetadas
para não mudar, a menos que aquilo que amamos mude ou que o que está acontecendo
com o que amamos mude. É normal e apropriado que as emoções venham
imediatamente, sem escolha consciente.
Seria
estranho se precisássemos consultar uma planilha com possíveis emoções e
selecionar “muito feliz” ou “muito triste”. Se um amigo nos contasse boas
notícias e respondêssemos: “estou tentando decidir como me sentir agora” ele
ficaria magoado.
Uma
“fé perfeita” não significa controle sobre emoções. Devemos falar com Deus
sobre coisas que nos perturbam e nos frustram. Precisamos de um novo coração e não de mais sentimentos
confortáveis, ou seja, somos chamados a lidar efetivamente com nossas emoções
no dia a dia.
Existem
dois extremos de tentar lidar com as
emoções. O hiperemocionalismo coloca
as emoções como algo mais importante na pessoa, à frente do caráter e até da fidelidade
a obediência a Deus.
Já
o estoicismo é associado a ser um
cara durão que menospreza as emoções. Em alguns ambientes cristãos é comum
ouvir frases do tipo: “a única razão para se sentir mal é se você não tiver fé
suficiente”. Isso acaba pressionando as pessoas sorrirem para verem o quanto
Deus é bom, quando na verdade esquecem que sentimentos
negativos, como a tristeza, é algo normal de se sentir em tempos de angústia.
Igreja
é um lugar de conforto na angústia, mas em ambientes em que somente as emoções positivas são permitidas as emoções negativas são reprimidas para
mostrar que a fé “conquista” as emoções negativas. Quando não criamos espaço em
nossa teologia para a tristeza, o medo, a ira, a culpa, a vergonha, o desânimo
e etc., nossa fé se torna desequilibrada.
O
processo de lidar com as emoções envolve identificar
(tomar consciência daquilo que está acontecendo dentro de nós), examinar (o que elas estão dizendo e que
efeito elas têm sobre aquilo que amamos?), avaliar
(as emoções podem nos ajudar a revelar se algo está errado em nosso coração) e
saber agir (o objetivo não é mudar as
emoções, mas estar pronto para agir em prol daquilo que é eterno ao invés daquilo
que é passageiro).
REFERENCIAL
TEÓRICO
GROVES, J. Alasdair; WINSTON T. Smith. Organize suas emoções. São José dos Campos: Fiel, 2022.
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