segunda-feira, 9 de junho de 2025

Quatro prejuízos fundamentais da nova infância baseada no celular: Privação social, privação de sono, atenção fragmentada e vício

Estudos demostram que adolescentes brasileiros passam em média entre oito e nove horas por dia nas redes sociais, o que não é muito diferente das estatísticas dos jovens de outros países. 

Adolescentes que passam mais tempo nas redes têm maiores chances de sofrer depressão, ansiedade e outros transtornos, enquanto aqueles que passam mais tempo praticando esportes, frequentando uma comunidade religiosa ou grupo de amigos, têm uma saúde mental melhor. 

Com base nas pesquisas do psicólogo social Jonathan Haidt, há quatro prejuízos fundamentais da nova infância baseada no celular que impactam meninos e meninas de todas as idades: 

1. PRIVAÇÃO SOCIAL 

Crianças precisam do brincar físico, cara a cara. O brincar mais saudável ocorre ao ar livre e inclui riscos físicos, aventuras e emoções fortes (Clique aqui e saiba mais). A geração Z vem praticando o distanciamento social desde que ganharam seus primeiros smartphones. 

2. PRIVAÇÃO DE SONO 

O sono é vital para bom desempenho na escola e na vida. Adolescentes com privação de sono têm seu aprendizado prejudicado e ficam mais irritáveis e ansiosos ao longo do dia. Quando você tem um sono perturbado, as chances de depressão (transtornos internalizantes) e problemas comportamentais (transtornos externalizantes) são maiores. 

3. ATENÇÃO FRAGMENTADA 

De acordo com um estudo, o número médio de notificações por dia no celular de um jovem é 192. Além de dormir em média apenas sete horas por noite, esse jovem recebe onze notificações a cada hora desperto, ou uma a cada cinco minutos, considerando apenas os aplicativos relacionados a comunicação. 

Atenção é a escolha que fazemos de nos manter em uma tarefa enquanto saídas atraentes nos chamam. Nesta fase da vida, o córtex pré-frontal ainda está em desenvolvimento limitando sua capacidade de dizer não as saídas. 

O córtex pré-frontal é uma região do cérebro responsável por funções executivas, como planejamento, tomada de decisões, memória de trabalho, regulação emocional e comportamento social. As interrupções intermináveis fragmentam a atenção do jovem prejudicando sua capacidade de pensar. 

Estudos mostram que adolescentes com transtorno do déficit de atenção (TDAH) são usuários assíduos de smartphones e jogos on-line, e presume-se que pessoas com TDAH tenham maior propensão a procurar estímulos de telas. 

A função executiva é uma das habilidades que se espera que adolescentes desenvolvam no processo de sair do ensino fundamental para o médio. Função executiva se refere à capacidade de traçar planos e colocá-los em prática. A infância baseada no celular provavelmente interfere no desenvolvimento da função executiva. 

4. VÍCIO 

Certos circuitos cerebrais envolvidos com a aprendizagem liberam uma dose de dopamina, o neurotransmissor ligado de maneira mais central às sensações de prazer e dor. A liberação de dopamina provoca uma sensação boa que a nossa consciência registra. 

Os circuitos de dopamina estão envolvidos no desejo, como: “isso foi ótimo, quero mais!”. Quando você come uma barra de chocolate, uma pequena dose de dopamina é liberada, que faz você querer uma segunda barra. 

O prazer nos motiva a buscar mais. Isso também acontece nos jogos on-line, redes sociais, sites de compras etc. A base neural do vício comportamental em redes não é idêntica àquela do vício químico, mas todos envolvem dopamina. 

As curtidas em fotos publicadas nas redes sociais liberam dopamina. Redes sociais são criadas propositalmente para manter pessoas engajadas por mais tempo possível com recompensas variáveis. 

Pessoas viciadas em atividades digitais sentem que nada mais pode trazer uma sensação boa fora dali. O motivo é que o cérebro se adapta a longos períodos de dopamina elevada. Quando essa “droga” é tirada sintomas como ansiedade, irritabilidade, insônia e disforia podem ocorrer. 

 

REFERENCIAL TEÓRICO  

HAIDT, Jonathan. A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais. São Paulo: Companhia das Letras, 2024.

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