Dando sequência em nossa análise sobre a
questão da infertilidade hoje falaremos sobre dois métodos reprodutivos: a transferência intrafalopiana de gametas
(GIFT) e fertilização in vitro (FIV).
Na transferência
intrafalopiana de gametas (GIFT) realiza-se um tratamento hormonal de
superovulação com medicamentos que estimulam a liberação de vários óvulos. Os
óvulos são coletados por meio de um procedimento cirúrgico simples orientado
por ultrassom transvaginal. O sêmen também é coletado e passa por um tratamento
para reduzir a viscosidade, que facilita o processo de concepção. Os gametas
são colocados juntos em um único cateter, separados apenas por uma minúscula
bolha de ar e inseridos nas trompas de Falópio da mulher. O procedimento
aumenta a probabilidade da concepção e início da gestação.
O princípio de avaliação deste método a
ser considerado é o do respeito a vida por todos os seres humanos como
portadores da imagem de Deus. Em Gênesis 1:27 vemos que os seres humanos foram
criados à imagem de Deus, portanto, é errado usar ou tratar alguém como um meio
para um fim ou intencionalmente colocar uma pessoa inocente em situação de
risco por uma simples questão de conveniência própria. Em alguns métodos de
reprodução medicamente assistida (RMA) é prática comum fertilizar vários óvulos
e congelar essas crianças por tempo indeterminado para serem usadas ou
descartadas caso os pais resolvem não ter mais filhos. São práticas
inerentemente desrespeitosas e que usam as crianças apenas como um meio para os
pais alcançarem seus objetivos, não sendo apropriadas para os cristãos.
A fertilização
in vitro (FIV) é bastante parecida com a GIFT em termos de procedimento
técnico, mas apresenta uma distinção importante. Enquanto na GIFT a
fertilização e concepção ocorre no corpo da mulher, na FIV a fertilização
ocorre em um ambiente artificial (“in vitro”, lit., “no vidro”, uma referência
ao tubo de ensaio ou placa de Petri onde a concepção ocorre). Como na GFIT a
mulher recebe tratamento hormonal para estimular a liberação de vários óvulos
que são coletados par o uso no procedimento. O sêmen também é coletado e os
gametas (óvulos e espermatozoides) são colocados na mesma placa de Petri na
expectativa de que ocorra o maior número possível de concepções. Depois é feita
uma triagem dos embriões recém-formados por uma especialista, por meio de uma
transferência embrionária (TE), que procura implantar até quatro embriões no
útero da mulher para que ela fique grávida de pelo menos um. Os embriões
restantes são destruídos ou congelados para futuras tentativas. Estudos incidam
que 25 por cento dos embriões congelados não sobrevivem ao processo de
congelamento e descongelamento pelo qual passarão antes da próxima tentativa.
O princípio de avaliação deste método é o
respeito à fidelidade do vínculo conjugal. Gênesis 2:24 declara: “Portanto, o
homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só
carne”. Foi nesse contexto (relacionamento de uma só carne) entre marido e
mulher que Deus ordenou que frutificassem e se multiplicassem (Gn 1:28). A
Bíblia não só condena os relacionamentos adúlteros (Êx 20:14; Dt 5:18; Rm
13:9), mas também afirma a natureza exclusiva do vínculo conjugal (Mt 19:5; 1
Co 6 e 7; Ef 5:28-31). Essas passagens bíblicas têm implicações diretas no
tocante ao uso de tecnologias de reprodução, particularmente no caso de métodos
que empregam material genético (óvulos de doadora, sêmen de doador, DNA de
doadores) de alguma outra pessoa além do marido ou da esposa. O uso de óvulos
ou sêmen de doadores corresponde ao adultério por se tratar de uma intromissão
inapropriada na natureza exclusiva da fidelidade a sexualidade conjugal. Veja o
exemplo de Abraão e Agar (Gn 16:1-4).
REFERENCIAL
TEÓRICO
KOSTENBERGER,
Andreas J; JONES, David W. Deus,
casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida
Nova, 2011, p. 138-140.
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