sexta-feira, 14 de junho de 2024

Abuso contra mulheres - 2Samuel 13

Este é um tema difícil e doloroso. Esse tipo situação aparece em todas as classes da sociedade. São muitas as cicatrizes secretas. A vítima que vamos falar hoje é Tamar, filha de Davi, rei de Israel, e o malfeitor é alguém da própria família.

Em 2Samuel 13 vemos o mal e a perversidade de um homem chamado Amnom, que está abrasado por sua meia-irmã Tamar. Ele está angustiado a ponto de adoecer de vontade de tê-la para si, mas há obstáculos. Ela é virgem e é sua irmã. Mas isso não é amor, é meramente paixão lasciva.

Havia um primo de Amnom, sobrinho de Davi chamado Jonadabe. Esse homem era encrenca. Em vez de dizer para seu primo parar logo com isso, ele o ajuda elaborando um plano. “Finja-se de doente e peça que Tamar venha preparar um bolo para você”.

Amnom fez exatamente isso, quando seu pai, Davi, vem o visitar ele sugere a visita de Tamar. Ela então vem visitá-lo, e ele pede para que todos saiam da casa. Em seguida diz que quer comer da mão dela. Ela é a vítima que caiu em uma cilada.

Amnom então a chama para se deitar com ele. Ela argumenta com ele que isso seria perverso. Eles são o povo do Senhor, esse tipo de coisa não se faz em Israel. Aliás, isso é um incesto, algo próprio dos outros povos, não em Israel (Lv 18:9-11; 20:17; Dt 27:22).

No verso 13 ela faz um apelo mais pessoal, falando sobre a desonra dela. Ela pede que ele fale com o rei para que se casem formalmente, mas provavelmente ela sabe que a lei do Senhor proibiria um casamento incestuoso. Talvez seja uma estratégia desesperada para poder escapar.

Infelizmente nada impede a ação perversa de uma pessoa quando seu coração está obstinado a pecar, ela não houve a razão, não liga para os resultados, não se importa com o futuro. Então Amnom a força e faz o que quer. Ele abusa sexualmente de sua irmã.

Depois ele sente aversão por ela. Não havia amor, havia somente lascívia. Ela implora a seu irmão que não seja expulsa dessa forma, pois é vergonha. Ela então se vai em prantos, rasga a sua túnica de princesa e põe cinzas em sua cabeça.

Ao invés de assumir a situação e as consequências ele sente um ódio maior por ela do que seu desejo de possuí-la. Ele a despreza. Ele se aproveitou dela e agora lança fora como uma embalagem de doces que não serve para mais nada.

Uma pesquisa no EUA mostra que 1 em cada 4 mulheres, e 1 em cada 6 homens passam por algum tipo de abuso em algum momento da vida (Rid of My Disgrace – Holcomb). Será muito diferente no nosso país?

A experiência de um abuso inclui manipulação, força, violência, negação de sua vontade, trauma emocional, uma debilitante perda do senso de identidade, demonstração de pesar e luto, vergonha esmagadora, degradação, silêncio forçado e prolongado isolamento social (Holcomb, Rido f My Disgrace).

Tamar tem sua confiança traída por alguém que deveria ser seu protetor. Ela tem seu corpo violado por alguém que deveria lutar pela sua dignidade. Ao invés de ser acolhida e cuidada dessa injustiça, ela nem recebe crédito pelo que relata ao seu irmão Absalão que diz para ela ficar calada (2Sm 13:20).

Infelizmente os que deveriam ter sido apoiadores e tomado seu partido não o fazem. Minimizam o que aconteceu, mostrando que não entendem a profundidade da dor de Tamar. Essa falta de reação de amigos e familiares só acumula maior dor e vergonha para a vítima.

A vítima pode começar a querer achar algo nela mesma, ou nas suas ações, para levar parte da culpa e assim tornar, de alguma forma, a dor mais tolerável. Davi se ira grandemente contra o abuso, mas não age para promover justiça como poderia. Quando quem tem o poder da espada não o utiliza, o mal avança.

Amnom ficou impune. O mal não foi desestimulado. A vítima foi roubada do consolo por uma oportunidade que teria com a justiça. Dois anos se passam, então Absalão resolve vingar sua irmã. A atitude permissiva de Davi torna viável as ações ímpias de Absalão.

Mesmo assim Absalão está errado de querer se tornar justiceiro. Ele mata seu irmão Amnom e foge. A solução para o mal é a justiça divina. Se aqueles que receberam da mão de Deus a espada para punir o mal não o fizerem, o juiz de toda a terra o fará. Um dia todo o mal será punido.

Nosso Senhor Jesus sabe o que é dor e vergonha. Jesus experimentou tudo isso antes e durante sua crucificação. E como nosso substituto ele pode remover a mancha dos pecados cometidos, ele ressurgiu dos mortos para trazer cura e segurança.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Vale da sombra da morte: Cristo nas piores histórias bíblicas. Brasília: Monergismo, 2024.

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