terça-feira, 11 de junho de 2024

Homens covardes e sem valor: Protegendo nossas esposas e filhos - (Juízes 19)

Em Juízes 19 vemos um texto bíblico que se parece com um filme de terror. É um período difícil, não há liderança, não há nas pessoas o temor do Senhor e cada um faz o que é reto aos seus próprios olhos.

A história começa falando de um levita peregrinando pela terra de Efraim que passa por Belém e toma uma concubina para si. Há uma crise, ela se aborrece dele e volta para sua casa em Belém de Judá. A crise durou uns 4 meses.

Não sabemos se ela foi infiel ou se aborreceu por algum outro motivo. O fato é que ela se foi por um tempo e o levita foi atrás dela para retomar o relacionamento. Não parece que ele quer reatar um relacionamento amoroso, mas ter de volta um corpo para se alegrar, uma posse.

Ele vai até a casa do pai da moça para lhe falar ao coração, e fica ali quatro dias com uma hospitalidade exagerada, e no quinto dia ele vai embora com a concubina, seu servo e dois jumentos.

Quando passam por Jebus (nome antigo de Jerusalém), seu servo sugere que eles passem a noite ali, mas o levita não achou seguro passarem à noite em lugar pagão, pois esta região ainda estava nas mãos dos cananeus devido Israel não ter terminado a conquista desta terra como deveria.

Sabe-se lá o que os pagãos são capazes de fazer, ele deve ter pensado! Por isso preferiu ir para uma cidade israelita em Gibeá, na tribo de Benjamim, terra do povo do Senhor. Mas algo estranho está para acontecer. Como num filme de terror.

Eles não conseguem hospedagem ali. Parece uma cidade fantasma. Que estranho, foram para uma cidade de Israel justamente para se sentirem mais seguros, mas tiveram que ficar na praça. Então aparece um homem velho que os convida para pousarem em sua casa.

Quando estavam na casa do senhorzinho, homens da cidade vieram bater na porta. Homens depravados, gente má que não vale nada. Eles queriam abusar do levita. Então o senhorzinho da casa vai negociar com eles, e sua oferta é bizarra.

Ele sugere entregar a mulher do levita e a filha virgem dele para eles se divertirem, em vez de entregar o homem. Estranho isso não? Para esses dois talvez as mulheres valessem menos do que eles, vai saber.

O homem velho e o levita tinham a opção de lutar e de se sacrificar pela vida de sua filha e de sua concubina. No entanto, vemos homens covardes desejando sacrificarem suas mulheres pelo seu próprio bem-estar.

Isso é o oposto de cuidar da mulher como parte mais frágil (1Pe 3:7). É o contrário de amar a mulher como a si mesmo e estar pronto a se entregar por ela, como Cristo fez pela igreja (Ef 5:25). O levita está prontinho para entregar sua mulher para os estupradores.

Uma cena muito parecida com a de Gênesis 19:8 quando Ló ofereceu suas filhas aos homens de Sodoma que queriam abusar dos anjos que Deus havia enviado para avisá-los sobre a destruição da cidade. Felizmente isso não aconteceu!

Agora estamos em Gibeá. Essa cidade israelita se tornou em uma “Nova Sodoma”. Nessa cidade os benjamitas agem como pagãos. Nem o velho efraemita e nem o levita agem como homens de Deus.

Infelizmente eles entregam a concubina aos estupradores que abusam dela a noite inteira, enquanto o levita, seu marido fica na casa, quentinho e protegido. Homem covarde e sem valor, não fez o que deveria fazer para proteger sua esposa: lutar até o último sopro de vida.

De manhã a mulher cai desfalecida a porta da casa de onde estava seu marido. Ele simplesmente diz para ela se levantar e ir. Que coração morto, que desumanidade! Para piorar, ele sequer faz um funeral apropriado para ela. Com um cutelo ele corta a mulher em pedaços e envia um pedaço dela para cada parte de Israel.

Este filme de terror se deu em Benjamim, não foi em Sodoma. Isso aconteceu em Israel, não na Babilônia. Não foi em um bairro da pesada ou em um baile de carnaval, mas no acampamento da igreja.

Muitas vezes os abusos acontecem no próprio lar. O pior é que muitas vezes isso acontece dentro das igrejas. O risco é real para a igreja que abandona o caminho do Senhor. Muitas igrejas protagonizaram inúmeros escândalos desse tipo.

Mas Deus é o justo juiz que pune o mal. Muitos acham que podem se safar dos abusos cometidos. Mesmo que as autoridades da terra não percebam, e ainda acobertem esse tipo de gente, aos olhos puros e justos do Senhor, o mal não vai prevalecer.

A condescendência com o pecado dos nossos é um problema sério. Há uma tendência de fechar os olhos para o mal quando estes são dos nossos. Essa conivência com o erro dos que são de casa, com os que estão ao nosso lado é perversa aos olhos do Senhor. Quando fazemos isso estamos sendo leias ao mal, não ao bem.

É preciso vigiar e orar. Ensinar os filhos. Treinar líderes que apreciam e exaltam o evangelho. Existem muitos crentes nominais dentro da igreja. Têm conversa de crente, batismo de crente, mas não tem coração de crente. Não nasceram de novo. São lobos em pele de cordeiro.

Jesus prometeu atrair sua amada igreja para si, para falar ao seu coração (Os 2:14) e limpá-la da sua sujeira e idolatria (Ef 5:25-27). Ele não entrega sua amada para ser destruída e se esconde, ao contrário, ele se entrega em lugar de sua amada, para morte de cruz.

Nossa esperança está nele. Oremos para que as mulheres e crianças sejam protegidas e os homens não venham a se acovardar.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Vale da sombra da morte: Cristo nas piores histórias bíblicas. Brasília: Monergismo, 2024.

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