quarta-feira, 5 de junho de 2024

A ausência, a passividade e o silêncio de quem deveria ser orientador e protetor - Gênesis 34

Enquanto estivermos andando neste mundo caído não devemos baixar a guarda. Não devemos achar que acabou. Nunca chegará um ponto em que poderemos dizer: “pronto, a época de dificuldades acabou”. Quem cria filhos sabe disso.

Primeiro vem a fase da mamadeira, cólicas, dores do nascer os dentes, vacinas. A criança começa a engatinhar e os pais começam a colocar proteções nas janelas, quinas, tomadas. Em seguida a criança vira adolescente e os problemas mudam. Mais tarde enfrentam o mundo, trabalho, estudos, casamento etc.

Quando chegamos a aparente estabilidade financeira o corpo começa a falhar. Você vai ser tentado achar que a jornada está quase no fim e que poderá relaxar. Mas não faça isso, não baixe sua guarda mesmo quando chegar a “terra prometida”.

Nossa ausência e passividade afetam nossos filhos e podem trazer amargas consequências e sofrimentos. Em Gênesis 34 vemos a história do patriarca Jacó. Neste momento ele já é um homem transformado por Deus em Israel (Gn 32:22-32). Tudo indica um final feliz da Disney.

Mas esta história toma rumos sombrios como também pode acontecer em nossas vidas. No final de Gênesis 33:18-20 ele se estabelece em Siquém e levanta um altar ali. Cerca de vinte anos antes, ele havia feito um voto em Betel de voltar para a terra de seus parentes (Gn 28:18-22). Em Gênesis 31:13, Deus o lembrou de seu voto e o chamou para voltar à terra prometida.

Onde você vai morar? Ao analisar uma proposta de emprego você considera a proximidade de igrejas sadias para seus filhos? A possibilidade de amizade e casamento de seus filhos? Nesta cidade, sua filha Diná é abusada por um príncipe chamado Siquém (Gn 34:2).

Sua família não cuidou dela adequadamente. Como pais, temos a responsabilidade de proteger nossos filhos. E nossas escolhas muitas vezes os colocam em risco. A cidade que escolhemos, o lazer que escolhemos, a igreja que escolhemos, o que fazemos como o nosso tempo e dinheiro.

Tudo isso colocará nossos filhos em certos caminhos. Jacó não se saiu muito bem como pai orientador e protetor. Ele foi ausente e passivo nessa situação. Seu silêncio também foi um problema, pois quando fica sabendo do abuso, ele espera seus filhos voltarem (Gn 34:5).

Às vezes é mais fácil ficar paralisado e ver o circo pegar fogo, esperando que outros apaguem o incêndio. Diná era provavelmente uma adolescente entre 13-15 anos que resolveu ir à cidade para ver como as meninas viviam ali apenas por curiosidade.

Ela está sozinha, numa situação de risco. Lá ela é atacada por um príncipe da cidade. Não se engane, nascimento nobre não significa retidão moral. Aliás, foram precisamente os sofisticados e eruditos de Israel que crucificaram Jesus.

Ele ataca e violenta sexualmente esta jovem. Siquém e seu pai Hamor buscam algum tipo de acordo para aliviar a situação. Hamor não parece ter repreendido seu filho, pois busca usar desse acontecimento para conquistar a amizade de Jacó.

O rapaz se apaixonou pela mocinha que ele estuprou e ainda quer se casar com ela. É mais uma situação de homens poderosos fazendo o que querem e tratando pessoas como mercadorias e peças de barganha. É um acordo de paz onde houve ruptura pelo pecado.

Jacó fica quieto. Ele não deveria aceitar tal coisa. Os irmãos dela quando souberam do caso ficaram indignados e irados corretamente, pois esta é a resposta apropriada contra o mal.

Ai daquele que perde a capacidade de se indignar com a perversidade do mundo quebrado. Quando passamos a achar massacres, estupros e violações da lei de Deus algo corriqueiro e normal nosso coração já está muito danificado pelo mal.

Jacó poderia ter agido com verdade e amor. A verdade contra a injustiça, exigindo punição ao estuprador e reparação a Diná. Mesmo que autoridades se calem, devemos ficar do lado da verdade, jamais do erro. Com amor, falando sobre o Deus que perdoa pecados e muda corações.

Os irmãos de Diná respondem com indignação ao problema, contudo, eles disfarçam sua ira pecaminosa em busca de justiça. Armam uma cilada com uma suposta solução como instrumento de vingança sangrenta.

Infelizmente Jacó parece estar mais preocupado com o que isso possa trazer para ele do que com o problema em si, pois sua preocupação é como as pessoas ficarão bravas com ele (Gn 34:30).

Muitas experiências e desilusões com pessoas nas quais esperávamos que viessem nos amar e proteger podem nos ansiar por conhecer o verdadeiro amor e cuidado de Deus.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Vale da sombra da morte: Cristo nas piores histórias bíblicas. Brasília: Monergismo, 2024.

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