quarta-feira, 29 de maio de 2024

Dignidade sexual de crianças e adolescentes: A importância de uma cosmovisão cristã - (Gênesis 19:30-38)

Em Gênesis 19:8 Ló faz uma terrível oferta aos homens de Sodoma e Gomorra que queriam abusar dos anjos que Deus havia enviado para avisá-los sobre a destruição da cidade: “peguem minhas filhas e façam o que quiserem”. Felizmente isso não aconteceu!

Más escolhas têm consequências. Por vezes Deus nos deixa trilhar pelo caminho que escolhemos. A mulher de Ló se transformou em uma estátua de sal, sua casa pegou fogo, suas posses ficaram para trás e os noivos de suas filhas também foram mortos (Gn 19:23-29).

Ló e suas duas filhas seguiram para uma caverna. Ele conhecia o pacto com Deus, e foi salvo somente por sua graça. Ló havia estabelecido sua família na região de Sodoma pelo desejo de segurança, prosperidade e conforto. Estas coisas eram seus ídolos.

Seus ídolos o influenciaram na escolha da terra (Gn 13:10-13) e em sua decisão de entregar suas filhas (Gn 19:8). Ele se preocupava consigo mesmo, e não se importava em fazer coisas perversas para chegar aonde queria.

Crianças e jovens aprendem informalmente com o ensino dos pais, pela observação de padrões e ações, pela imitação, pela visão da inconsistência entre o que se diz e o que se faz. E mais tarde podem levar essas ideias a um passo além do que seus pais levaram.

Por exemplo, um jovem que se recusa ir à igreja por ter visto em seu lar um pai que se recusa a ir ao culto, uma mãe que só ia por medo, não por amor, tem seu modo de pensar rebelde aprendido em casa.

As filhas de Ló aprenderam a cosmovisão da cidade onde viviam. Somos influenciados pelo ambiente em que vivemos. Nossa família é influenciada, e isso envolve o que nossas crianças aprendem na educação formal que recebem na escola e na educação informal que recebem por meio da cultura e amizades.

Os pais não precisam proibir seus filhos de assistirem TV, acessarem internet ou de ter contato com colegas de escola descrentes. A questão é quando deixam de acompanhar e corrigir o que seus filhos estão aprendendo.

Ló não promoveu relações incestuosas com suas filhas, ele não ensinou esse tipo de coisa, mas suas filhas aprenderam na sua casa padrões que deram fruto podre em seus corações. O salário do pecado é a morte (Rm 6:623). Idolatria traz destruição. As filhas tiveram uma vida inteira aprendendo a mentalidade de Sodoma sobre como a vida funciona.

Se Ló tivesse pego um machado e saído cortando os sodomitas que queriam abusar dos seus, teria sido uma resposta legítima, teria derramado sangue justo para proteger sua família. Mas, sua atitude ensinou algo para suas filhas: é lícito abusar de um familiar para conseguir o que se deseja.

Como consequência ele é abusado pelas próprias filhas. Elas não tiveram relação com pai por vingança, mas motivadas por um desejo de segurança financeira e estabilidade (Gn 19:31-32), devido a cosmovisão que aprenderam.

Elas queriam ter filhos, e a vida impossibilitou tal coisa naquele momento. Quando queremos algo acima da vontade de Deus, estamos dispostos a fazer loucuras para isso. Elas queriam filhos e fariam o que fosse necessário. Quando a motivação é pecaminosa, a solução também é pecaminosa.

Esta é a escuridão a que o mundo chega. Pais deveriam proteger a vida e a honra dos filhos e os filhos deveriam honrar pai e mãe. Dessa relação incestuosa vem os descendentes dos moabitas e amonitas. Dois povos que foram inimigos de Israel.

Mas há uma luz no meio dessa história escura. Existiu uma mulher na história da redenção chamada Rute. Ela era moabita, descendente do incesto de Ló com sua filha mais velha. Deus trouxe Rute para si, e da linhagem de Rute trouxe o rei Davi, e mais tarde, o próprio Senhor Jesus (Mt 1:5).

O mesmo Deus justo que derrama fogo sobre o pecado é gracioso criador que envia seu Filho a sofrer a pena no lugar do seu povo. Ele é quem das trevas traz a luz. Não deixe de ter fé, amor e esperança. Olhe com esperança para as circunstâncias, dificuldades causadas pela nossa cidade, família e por nós mesmos.

Cabe a família zelar pelo direito à dignidade e ao respeito dos seus filhos, o que inclui certamente a dignidade sexual e o respeito aos valores da moral sexual de cada família. O estado, a sociedade e os pais que são coniventes com a ideologia de gênero na educação cometem abuso e violência contra a consciência e a dignidade sexual de crianças e adolescentes.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Vale da sombra da morte: Cristo nas piores histórias bíblicas. Brasília: Monergismo, 2024.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Quando chega a hora de se arriscar por quem de fato somos - Ester 4

No capítulo 4 de Ester uma notícia acaba alastrando uma onda de choro, luto e tristeza nos judeus espalhados nas províncias da Persa. Sob a influência de Hamã o Rei Assuero autoriza uma sentença de genocídio para o povo judeu.

Ester está tão assimilada e isolada da comunidade do pacto que provavelmente ela é a única judia em todo o império que não sabe o que se passa com seu povo. Mordecai relata o plano de Hamã pedindo que intervenha em favor dos judeus clamando ao rei por misericórdia.

Mesmo na posição de rainha, Ester explica que não é tão simples assim comparecer a presença do rei sem ser convidada, pois a pena é de morte caso ele não estenda seu cetro de ouro indicando que permite aproximação. E já havia trinta dias que ela não era chamada pelo rei.

Um eunuco chamado Hataque traz uma mensagem de Mordecai para Ester contendo palavras duras de serem ouvidas:

 

“Não imagines que, por estares na casa do rei, só tu escaparás entre todos os judeus. Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?” (Ester 4:13-14)

Embora Mordecai não cite o nome de Deus, ele está implicitamente dizendo que Deus levantará auxílio de outro lugar caso Ester se recuse ajudar. É hora de Ester decidir o que ela é. Não há como ser um cristão secreto e um pagão público.

Muitas vezes Deus faz isso conosco também, colocando caminhos duros ou palavras duras que nos constrangem a parar de continuar camuflando nossa fé. Nosso posicionamento pode ser muito útil em algumas situações.

O problema é que nós cristãos deixamos de fazer o óbvio no lugar onde Deus nos colocou e ficamos pensando em fazer missões no outro lado do mundo. Muitos cristãos sofrem com o processo de decidir qual curso de ação seguir.

Queremos que Deus decida por nós questões que são nossa responsabilidade. Por exemplo, uma das razões de ficarmos travados e não tomarmos decisões é porque somos covardes. Queremos que Deus nos assegure que tudo ficará bem e queremos alguém para culpar, caso as coisas não saiam tão bem como esperamos.

Não assumimos riscos em nome de Deus porque estamos obcecados com a segurança e o futuro. Somos extremamente passivos e covardes. Oramos por saúde, viagens, empregos, e devemos orar por estas coisas, o problema é que muitas vezes nossas orações se reduzem a: “Deus, não permita que qualquer coisa desagradável aconteça. Faça com que tudo fique bem para todos”.

Ester não fica tentando descobrir se Deus quer que ela tente intervir ou não. É um risco, pois é perigoso entrar na presença do rei Assuero sem ser convidada. Mas ela considera a questão, pondera acerca da posição de rainha em que está e decidi agir.

Ela pede que jejuem por ela, mas ela já decidiu. Ela não pede que orem por ela para saber se deve ou não intervir. Ela não fica esperando um sinal do céu a fim de ver se é coisa certa a fazer. Ela simplesmente fez o que era certo e avançou sem uma revelação especial de Deus.

Ester foi mais corajosa do que a maioria dos homens atuais. Ela está decidida e pede que orem por ela. Ela e as servas vão jejuar também. Ela diz: “irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci (Et 4:16).

Ester foi ao palácio sem saber se iria viver ou morrer. Jesus foi ao palácio de Pôncio Pilatos plenamente certo que iria morrer. Nosso Rei corajosamente seguiu em frente. Tenhamos coragem para enfrentar as incertezas e se arriscar por quem de fato somos.

Aquele que insiste em certezas ou em condições mais favoráveis antes de agir na vida nunca fará coisa alguma. A decisão de agir é nossa responsabilidade, mas os resultados pertencem a Deus.

Não podemos ficar de braços cruzados esperando circunstâncias ideias. O vento nunca é perfeito para o semeador e as nuvens nunca são perfeitas para o ceifador (Ec 11:1-6). Quem procura sempre encontra uma desculpa para não fazer nada.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GAROFALO NETO, Emílio. Ester na casa da Pérsia: e a vida cristã no exílio secular. São José dos Campos, Fiel: 2021.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Assumindo nossa identidade em Cristo e vivendo como parte do povo de Deus - Ester 3

Vimos no capítulo 2 de Ester que Mordecai e Ester estavam bem assimilados na casa da Pérsia. Ester escondeu sua identidade judia. O individualismo é uma das marcas do modo de vida secular. Mas chega uma hora que é preciso assumir nossa identidade individual e coletiva.

No capítulo 3 de Ester vemos Mordecai assumindo sua identidade como parte de um povo diante de uma ordem real. Todos os servos do rei e que estão na porta do rei, devem se inclinar e se prostrar perante o agagita Hamã, mas Mordecai não se inclina (Et 3:1,2). Qual foi a motivação de Mordecai não de dobrar perante Hamã?

Hamã é descendente de um velho inimigo de Israel, Agague, o rei dos amalequitas. Os amalequitas atacaram covardemente os israelitas quando estavam saindo do Egito (Êx 17; Dt 25:17,18). Anos mais tarde Deus ordenou a Saul que destruísse todos os amalequitas, mas Saul não cumpriu sua missão (1Sm 15).

Neste momento ele se declara judeu com seu ato de não se dobrar. A razão não foi política, econômica ou por poder, mas por ser judeu. Sua atitude é louvável, mas é um risco que pode trazer consequências. Ações não conformistas podem levar a resultados perigosos, mas no final haverá vitória.

Hamã não gosta disso, para um coração orgulhoso, não importa ver milhares se dobrando, pois o que tira o sono é aquele um que não se dobra. Ele também conhece a história e sabe da inimizade entre os dois povos.

Hamã decidi então destruir os judeus em todo o reino de Assuero. Um genocídio, ele quer apagar um povo da face da terra. Ele é inimigo do povo de Deus. Ele então apela para o orgulho e para o bolso do rei.

Hamã diz que tem um povo aí espalhado pelas províncias que tem suas próprias leis e que não cumprem as leis do rei, e isso é intolerável. Então ele pede para o rei fazer um decreto para que sejam todos mortos e com isso ele pesará dez mil talentos de prata para o rei (Et 3:8,9).

Hamã investe seu próprio dinheiro na destruição. O rei Assuero mal analisa se de fato as acusações de Hamã são verdadeiras e com uma “canetada” autoriza uma sentença de genocídio. E agora Mordecai, custava ter se curvado? Agora todo o povo se lascou.

Mordecai não está errado, ele simplesmente entendeu que faz parte de algo maior e que precisava agir. Ele se viu como parte do povo de Deus e de um conflito que durava gerações.

Este conflito se iniciou com queda do homem. No dia em que Adão e Eva foram enganados pela serpente, Deus estabeleceu uma inimizade entre a descendência da serpente com a descendência da mulher (Gn 3:15). A serpente seria derrotada e sua cabeça esmagada por aquele que viria da descendência da mulher.

Deste então o diabo vinha tentando de todas as formas matar e impedir o nascimento do descendente da mulher, que é Jesus. Ainda que ele não saiba, Hamã estava trabalhando para os propósitos diabólicos de destruir a descendência pela qual Deus prometeu trazer o Messias.

Devemos sempre agir em lealdade para com nossos governantes como cidadãos exemplares, mas há espaço para desobediência civil quando uma ordem envolve violar ou trair a lei de Deus.

Não somos tão parecidos com Daniel quando este esteve na Babilônia cheio de coragem, sem se comprometer com as coisas ruins daquele governo. Somos mais parecidos com Mordecai e Ester.

Mesmo que você venha agindo como Mordecai, você pode chegar ao ponto de parar e agir. Você pode dar o passo diante de Deus e honrá-lo fazendo o que é certo.

O senso de identidade e pertencimento ao povo de Deus é algo poderoso, pois nos ajuda a andar na direção ao não conformismo com este mundo. Quando andamos por nossa própria conta, sozinhos e isolados, a assimilação é bem mais fácil.

Pequenos atos de ousadia podem resultar em grandes coisas. Estejamos atentos a voz de Deus nos identificando com seu povo. Assim estaremos menos propensos a dobrar os joelhos perante os poderes deste mundo.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GAROFALO NETO, Emílio. Ester na casa da Pérsia: e a vida cristã no exílio secular. São José dos Campos, Fiel: 2021.

A influência do Naturalismo, Marxismo e Niilismo

Para o naturalista, os valores morais são construídos pelos seres humanos, mas para o teísta cristão, Deus é o fundamento dos valores. Par...