Em
Gênesis 19:8 Ló faz uma terrível oferta aos homens de Sodoma e Gomorra que
queriam abusar dos anjos que Deus havia enviado para avisá-los sobre a
destruição da cidade: “peguem minhas filhas e façam o que quiserem”. Felizmente
isso não aconteceu!
Más
escolhas têm consequências. Por vezes Deus nos deixa trilhar pelo caminho que
escolhemos. A mulher de Ló se transformou em uma estátua de sal, sua casa pegou
fogo, suas posses ficaram para trás e os noivos de suas filhas também foram
mortos (Gn 19:23-29).
Ló
e suas duas filhas seguiram para uma caverna. Ele conhecia o pacto com Deus, e
foi salvo somente por sua graça. Ló havia estabelecido sua família na região de
Sodoma pelo desejo de segurança, prosperidade e conforto. Estas coisas eram
seus ídolos.
Seus
ídolos o influenciaram na escolha da terra (Gn 13:10-13) e em sua decisão de
entregar suas filhas (Gn 19:8). Ele se preocupava consigo mesmo, e não se importava
em fazer coisas perversas para chegar aonde queria.
Crianças
e jovens aprendem informalmente com o ensino dos pais, pela observação de
padrões e ações, pela imitação, pela visão da inconsistência entre o que se diz
e o que se faz. E mais tarde podem levar essas ideias a um passo além do que
seus pais levaram.
Por
exemplo, um jovem que se recusa ir à igreja por ter visto em seu lar um pai que
se recusa a ir ao culto, uma mãe que só ia por medo, não por amor, tem seu modo
de pensar rebelde aprendido em casa.
As
filhas de Ló aprenderam a cosmovisão da cidade onde viviam. Somos influenciados
pelo ambiente em que vivemos. Nossa família é influenciada, e isso envolve o
que nossas crianças aprendem na educação formal que recebem na escola e na
educação informal que recebem por meio da cultura e amizades.
Os
pais não precisam proibir seus filhos de assistirem TV, acessarem internet ou
de ter contato com colegas de escola descrentes. A questão é quando deixam de
acompanhar e corrigir o que seus filhos estão aprendendo.
Ló
não promoveu relações incestuosas com suas filhas, ele não ensinou esse tipo de
coisa, mas suas filhas aprenderam na sua casa padrões que deram fruto podre em seus
corações. O salário do pecado é a morte (Rm 6:623). Idolatria traz destruição.
As filhas tiveram uma vida inteira aprendendo a mentalidade de Sodoma sobre
como a vida funciona.
Se
Ló tivesse pego um machado e saído cortando os sodomitas que queriam abusar dos
seus, teria sido uma resposta legítima, teria derramado sangue justo para
proteger sua família. Mas, sua atitude ensinou algo para suas filhas: é lícito
abusar de um familiar para conseguir o que se deseja.
Como
consequência ele é abusado pelas próprias filhas. Elas não tiveram relação com
pai por vingança, mas motivadas por um desejo de segurança financeira e estabilidade
(Gn 19:31-32), devido a cosmovisão que aprenderam.
Elas
queriam ter filhos, e a vida impossibilitou tal coisa naquele momento. Quando queremos
algo acima da vontade de Deus, estamos dispostos a fazer loucuras para isso. Elas
queriam filhos e fariam o que fosse necessário. Quando a motivação é
pecaminosa, a solução também é pecaminosa.
Esta
é a escuridão a que o mundo chega. Pais deveriam proteger a vida e a honra dos
filhos e os filhos deveriam honrar pai e mãe. Dessa relação incestuosa vem os
descendentes dos moabitas e amonitas. Dois povos que foram inimigos de Israel.
Mas
há uma luz no meio dessa história escura. Existiu uma mulher na história da redenção
chamada Rute. Ela era moabita, descendente do incesto de Ló com sua filha mais
velha. Deus trouxe Rute para si, e da linhagem de Rute trouxe o rei Davi, e
mais tarde, o próprio Senhor Jesus (Mt 1:5).
O
mesmo Deus justo que derrama fogo sobre o pecado é gracioso criador que envia
seu Filho a sofrer a pena no lugar do seu povo. Ele é quem das trevas traz a
luz. Não deixe de ter fé, amor e esperança. Olhe com esperança para as
circunstâncias, dificuldades causadas pela nossa cidade, família e por nós mesmos.
Cabe
a família zelar pelo direito à dignidade e ao respeito dos seus filhos, o que
inclui certamente a dignidade sexual e o respeito aos valores da moral sexual de
cada família. O estado, a sociedade e os pais que são coniventes com a
ideologia de gênero na educação cometem abuso e violência contra a consciência
e a dignidade sexual de crianças e adolescentes.
REFERENCIAL
TEÓRICO
NETO,
Emílio Garofalo. Vale da sombra da morte:
Cristo nas piores histórias bíblicas. Brasília: Monergismo, 2024.