A cultura
ocidental é uma cultura narcisista. Quando o narcisismo invade o espaço da família,
do trabalho ou da vida da igreja o impacto é dramático e traumático.
Uma igreja liderada por um pastor narcisista é marcada por uma história dolorosa de pessoas que escolhem poder acima do amor e controle acima da cruz. São líderes que não sabem desenvolver relacionamentos próximos saudáveis.
Pastores narcisistas são ansiosos e inseguros. Eles não guiam as ovelhas para águas tranquilas, mas para furacões. Por trás de uma liderança forte, pode haver medo de fracasso, vergonha intensa e vícios secretos.
O poder mantém a vergonha e o medo sob controle por um tempo. A máscara narcisista é uma armadura de autoproteção que defende o ego frágil dentro dela, mas ofende, oprime e afasta os outros.
Infelizmente o pastorado não é mais a nobre vocação de outrora. Quando um líder narcisista é atacado, sua reação é se colocar na defensiva e fazer o papel de vítima. Embora suas declarações de missão e de crenças teológicas sejam repletas de vocabulário de serviço, abnegação, justiça e cuidado, eles fingem ter empatia.
O narcisista é movido por vergonha. Embora ele pareça charmoso e agradável por fora, ele protege seu verdadeiro eu de sentimentos de vergonha e evita que ele seja desmascarado. A vergonha diz respeito à desvinculação interior que surge da infância.
O narcisismo em sua forma mais extrema pode se manifestar em violência, bullying, coerção e transgressão da lei. Tudo isso impelido por um gigantesco iceberg de vergonha. O fato de o narcisista ter uma história de feridas interiores, nunca, jamais, é desculpa para o abuso que ele comete.
Há narcisistas que são viciados em trabalho. Estes alimentam-se de aplauso e afeto. Vivem em função de conquista e têm pavor de fracasso. Caso sintam-se ameaçados, pode ocorrer o efeito Jekyll e Hyde que transforma sua aparência agradável em fúria.
Sua raiva
é acompanhada de inveja reprimida por aqueles que tentam roubar deles atenção,
poder ou admiração. Essas características e tendências não são compatíveis com
um seguidor de Jesus.
Há outros líderes narcisistas apegados a regras. São atraídos para a igreja em razão de uma necessidade de ter limites definidos, regras morais e segurança. Ficam desconfiados em situações de imprevisibilidade ou espontaneidade.
Este tipo de narcisista teme a rejeição, e por isso, procura controlar sua realidade a fim de evitar ser rejeitado. Tem um posicionamento duro com as pessoas e culpa outros por seus problemas. Geralmente produzem ansiedade nas pessoas ao seu redor.
Eles costumam dividir as pessoas em amigas e inimigas e estão sempre alertas para ameaças a sua segurança. São guardiões de sistema e ideais. São reconhecidos por sua falta de alegria. A obsessão e fixação naquilo que podem controlar os cega para seus entes queridos.
Para terminar, vemos em Filipenses 2:5-11 o retrato do verdadeiro evangelho pelo belo exemplo de Cristo, que mesmo sendo Deus, humilhou-se assumindo natureza humana. Veio como servo, importando-se em primeiro lugar não com seus próprios direitos, mas com o bem do próximo.
Os cristãos devem ter a mente de Cristo. Eles devem pensar como ele pensou e andar como ele andou. O tema principal de Filipenses poder ser expresso neste verso: “por humildade, considerando cada um dos outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).
Filipenses é conhecida como a carta da alegria, mas é também uma carta sobre o serviço humilde em favor dos outros. Sem auto humilhação e serviço altruísta pelo próximo, a vida não tem alegria e contentamento.
REFERENCIAL TEÓRICO
DEGROAT, Chuck. Quando
o narcisismo invade a igreja: cura para comunidades que sofreram abuso espiritual
e emocional. São Paulo: Mundo Cristão, 2024.
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