sexta-feira, 10 de maio de 2024

Assumindo nossa identidade em Cristo e vivendo como parte do povo de Deus - Ester 3

Vimos no capítulo 2 de Ester que Mordecai e Ester estavam bem assimilados na casa da Pérsia. Ester escondeu sua identidade judia. O individualismo é uma das marcas do modo de vida secular. Mas chega uma hora que é preciso assumir nossa identidade individual e coletiva.

No capítulo 3 de Ester vemos Mordecai assumindo sua identidade como parte de um povo diante de uma ordem real. Todos os servos do rei e que estão na porta do rei, devem se inclinar e se prostrar perante o agagita Hamã, mas Mordecai não se inclina (Et 3:1,2). Qual foi a motivação de Mordecai não de dobrar perante Hamã?

Hamã é descendente de um velho inimigo de Israel, Agague, o rei dos amalequitas. Os amalequitas atacaram covardemente os israelitas quando estavam saindo do Egito (Êx 17; Dt 25:17,18). Anos mais tarde Deus ordenou a Saul que destruísse todos os amalequitas, mas Saul não cumpriu sua missão (1Sm 15).

Neste momento ele se declara judeu com seu ato de não se dobrar. A razão não foi política, econômica ou por poder, mas por ser judeu. Sua atitude é louvável, mas é um risco que pode trazer consequências. Ações não conformistas podem levar a resultados perigosos, mas no final haverá vitória.

Hamã não gosta disso, para um coração orgulhoso, não importa ver milhares se dobrando, pois o que tira o sono é aquele um que não se dobra. Ele também conhece a história e sabe da inimizade entre os dois povos.

Hamã decidi então destruir os judeus em todo o reino de Assuero. Um genocídio, ele quer apagar um povo da face da terra. Ele é inimigo do povo de Deus. Ele então apela para o orgulho e para o bolso do rei.

Hamã diz que tem um povo aí espalhado pelas províncias que tem suas próprias leis e que não cumprem as leis do rei, e isso é intolerável. Então ele pede para o rei fazer um decreto para que sejam todos mortos e com isso ele pesará dez mil talentos de prata para o rei (Et 3:8,9).

Hamã investe seu próprio dinheiro na destruição. O rei Assuero mal analisa se de fato as acusações de Hamã são verdadeiras e com uma “canetada” autoriza uma sentença de genocídio. E agora Mordecai, custava ter se curvado? Agora todo o povo se lascou.

Mordecai não está errado, ele simplesmente entendeu que faz parte de algo maior e que precisava agir. Ele se viu como parte do povo de Deus e de um conflito que durava gerações.

Este conflito se iniciou com queda do homem. No dia em que Adão e Eva foram enganados pela serpente, Deus estabeleceu uma inimizade entre a descendência da serpente com a descendência da mulher (Gn 3:15). A serpente seria derrotada e sua cabeça esmagada por aquele que viria da descendência da mulher.

Deste então o diabo vinha tentando de todas as formas matar e impedir o nascimento do descendente da mulher, que é Jesus. Ainda que ele não saiba, Hamã estava trabalhando para os propósitos diabólicos de destruir a descendência pela qual Deus prometeu trazer o Messias.

Devemos sempre agir em lealdade para com nossos governantes como cidadãos exemplares, mas há espaço para desobediência civil quando uma ordem envolve violar ou trair a lei de Deus.

Não somos tão parecidos com Daniel quando este esteve na Babilônia cheio de coragem, sem se comprometer com as coisas ruins daquele governo. Somos mais parecidos com Mordecai e Ester.

Mesmo que você venha agindo como Mordecai, você pode chegar ao ponto de parar e agir. Você pode dar o passo diante de Deus e honrá-lo fazendo o que é certo.

O senso de identidade e pertencimento ao povo de Deus é algo poderoso, pois nos ajuda a andar na direção ao não conformismo com este mundo. Quando andamos por nossa própria conta, sozinhos e isolados, a assimilação é bem mais fácil.

Pequenos atos de ousadia podem resultar em grandes coisas. Estejamos atentos a voz de Deus nos identificando com seu povo. Assim estaremos menos propensos a dobrar os joelhos perante os poderes deste mundo.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GAROFALO NETO, Emílio. Ester na casa da Pérsia: e a vida cristã no exílio secular. São José dos Campos, Fiel: 2021.

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