Para finalizar a questão da infertilidade,
hoje falaremos sobre a maternidade de
substituição ou maternidade de
aluguel. Neste método a gestação e o nascimento ocorrem em uma mulher que
não é a mãe biológica da criança ou que se dispõe a doar o óvulo e gestar a
criança, mas abre mão dos direitos de maternidade em favor de indivíduos que
firmam contrato com ela para esse fim. O procedimento utilizado é a inseminação artificial (IA) no qual o
marido de uma mulher infértil doa o sêmen a fim de que a mãe substituta
conceba, leve a gestação a termo e dê à luz a criança. Quando o bebê nascer,
ele pertencerá ao casal que firmou o contrato com a mãe substituta. Este
procedimento é chamado de “substituição genética”. O outro meio de maternidade
de aluguel é chamado de “substituição gestacional”. Ela difere da genética no
fato de que a concepção da criança ocorre via transferência intrafalopiana de gametas (GIFT) ou fertilização in vitro (FIV) e o embrião
é inserido na mãe substituta por meio de uma transferência embrionária (TE). O papel da mãe substituta nesse
caso, é levar a gestação a termo e dar à luz a criança, e não conceber nem doar
óvulos. Nestas duas formas de maternidade de aluguel, a mãe substituta se
compromete por meio de um contrato (normalmente em troca de determinado valor)
a transferir os direitos aos pais uma vez que a criança nasce.
O princípio de avaliação deste método
reprodutivo não diz respeito tanto à forma de tecnologia, mas o que se encontra
no cerne do desejo de usá-la. O desejo de ter filhos é legítimo, pois foi o
próprio Deus que ordenou que os seres humanos se “multiplicassem através de
relações sexuais” (Gn 1:28; 9:1). Porém, o importante é não depositar toda a
esperança na capacidade de gerar filhos, pois a esperança última do cristão não
reside na capacidade de manipular o sistema reprodutor humano e nem de gerar
filhos, mas em Cristo Jesus. Quer sejam gerados por meio de uma intervenção
direta miraculosa (como no caso de Ana em 1 Samuel 1) ou de avanços tecnológicos
resultantes da mente racional que recebemos de Deus, os filhos são uma dádiva
de Deus (Sl 127).
Um problema nunca vem sem propósito, e o
nome de Ana, em Hebraico, significa “graça”. Muitos mais do que um fardo da
infertilidade, ou o milagre de Deus lhe conceder um filho, o foco real da
história de Ana é como Deus operou no coração de uma mulher, cujo desejo era ter
filhos. Ela não podia ter filhos. Deus enviou esse problema para a vida de Ana
que lhe causou muita tristeza, e então permitiu que essa mesma tristeza a
levasse a Ele, à sua graça. Seu sofrimento lhe conduziu a Deus.
Concluímos em termos gerais que não se
deve pressupor que toda forma de reprodução medicamente assistida é bíblica e
moralmente aceitável. As preocupações com o respeito a vida humana e a
fidelidade ao vínculo conjugal precisam governar a avaliação de tecnologias de
reprodução específicas. É por esse motivo de incerteza ética relativamente
grande na utilização dessas tecnologias (sem falar nos custos financeiros) que seja
prudente falarmos sobre preferência à adoção. A adoção será nossa última
questão desta série de estudos sobre ter ou não ter filhos que iremos analisar.
Até lá!
REFERENCIAL
TEÓRICO
KOSTENBERGER,
Andreas J; JONES, David W. Deus,
casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: Vida
Nova, 2011, p. 138-142.
Nenhum comentário:
Postar um comentário