quarta-feira, 24 de julho de 2024

Apreciando e analisando o esporte através da cosmovisão cristã

Criação

Deus deu ao homem a capacidade de ser criativo. O ser humano é capaz de criar a partir da criação de Deus. A “estrutura” é algo que foi criado bom (Gn 1), porém, ela pode seguir em outra “direção” quando não é direcionada para servir a Deus, mas aos ídolos (Gn 3).

Torneios esportivos têm muitas regras: formais e informais. Somos imagens de Deus. Criamos esportes, jogos e brincadeiras com regras, pois quando Deus criou o mundo, ele o fez com estruturas e regras físicas e morais.

Deus fez o homem com senso estético. Por isso nos importamos com aquilo que é belo. A beleza move o homem, seja numa roupa, num rosto, num filme ou numa partida de futebol e estamos dispostos a pagar para ver e admirar.

Uma seleção de futebol ou um atleta olímpico são nossos representes esportivos. Quando eles vencem, eles vencem por nós embora não partilhamos dos prêmios em dinheiro, dos contratos publicitários, das festas e nem das vantagens que eles recebem, mas podemos dizer que somos penta campeões do mundo etc.

Nos alegramos corretamente com a vitória deles. E assim é no evangelho. Alegramo-nos no triunfo de nosso representante na cruz manchada de sangue e na tumba vazia. Recebemos os benefícios da vitória de Cristo, e nossa única contribuição foi ter pecado.

Vemos em uma copa do mundo ou em um torneio olímpico uma enorme diversidade étnica. Deus criou a humanidade com grande variedade de cor de pele, altura, porte físico e várias outras diferenças como os gêneros masculino e feminino. Essa diversidade é planejada por Deus.

Os jogos e a diversão funcionam como pequenas pausas na vida habitual onde a tensão é quebrada e o clima se alivia. Os jogos funcionam como pequenos “sábados” (sabbath). Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Nesse dia os afazeres cotidianos são interrompidos para descanso, adoração e comunhão. (O entendimento cristão é que este dia passou a ser o primeiro dia da semana desde a ressurreição de Cristo).

Queda

Por causa do pecado, os esportes, assim como qualquer outra atividade humana, sempre ficam aquém dos padrões divinos de beleza e verdade. Por mais belos e interessantes sejam os torneios esportivos, eles são marcados pelo pecado.

O homem natural sabe que Deus existe (Rm 1:18-32), mas, ao mesmo tempo, ele busca abafar essas evidências distorcendo o que vê, ouve e sabe. O homem natural se recusa a agradecer a Deus e adorá-lo, embora tenha sido criado para adorar.

Como não encontra satisfação em si mesmo e não quer adorar a Deus ele o substitui por ídolos. Um ídolo é qualquer coisa além de Deus da qual dependemos para sermos felizes, realizados e seguros.

Somos capazes de idolatrar qualquer coisa, inclusive algo bom como o esporte. Muitas pessoas tratam o futebol como se a vida consistisse nele. Fazem do resultado esportivo o fator determinante de seu contentamento na vida.

Na era secular em que vivemos o homem tem buscado uma forma de vida que exclui o transcendente tendo somente uma perspectiva imanente e autossuficiente (Acesse o artigo: “Entendendo nossa era secular” para saber mais). Passamos de uma sociedade em que a fé em Deus era inquestionável para uma sociedade que contesta a crença em Deus.

A era secular em que vivemos esses vislumbres do transcendente têm sido experimentados na área do lazer, já que a adoração a Deus é vista com estranheza, a adoração idólatra a falsos deuses como o esporte é vista como lícita. O coração do homem encontra uma satisfação em algo criado sem lidar com o Deus criador.

O problema é que o ídolo não satisfaz o coração, pois se a vitória é o ídolo, a derrota é a morte. O amor idólatra sempre será insatisfatório, pois buscamos nele o que só Deus pode dar.

A superstição é outra marca do pecado nos esportes. As pessoas arrumam amuletos, roupas da sorte, outras dizem que só vão assistir o jogo na casa de Fulano, pois a última vez que viram lá o seu time ganhou e por aí vai.

São várias as tentativas de se tentar manipular os eventos por meios dessas coisas. Até mesmo atletas cristãos podem vir a tratar coisas excelentes como a oração e a Bíblia como amuletos da sorte.

Ainda há três ídolos favoritos da sociedade que temos que falar aqui: dinheiro, violência e sexo. Muitas pessoas que têm um bom linguajar e um comportamento exemplar se transformam dentro dos estádios, pois ali se sentem livres para xingar e se comportar mal.

Infelizmente a violência física faz parte do mundo esportivo. Nem toda violência é pecaminosa, mas toda violência existe por causa da queda. Deus ordenou violência em guerras, em sacrifícios, no uso do poder da espada pelo governo civil, e na cruz do calvário.

O esporte exige contato humano. A agressividade é requerida em resposta ao pecado, como na admoestação e na indignação justa. Ela é necessária contra o nosso orgulho. A agressividade deixa de ser algo bom quando ela se torna o oposto de amor, quando ela se torna uma agressividade odiosa.

A agressividade santificada é essencial para uma boa discussão, para uma competição sadia no esporte, para tomar iniciativa no trabalho e num papel de liderança, e até mesmo para ter relações sexuais no casamento (saiba mais acessando aqui).

Vemos muitos exemplos de violência verbal e sexual, intimidação e humilhação nos esportes. Na Copa de 2010, o turismo sexual na África levou a um considerável aumento no tráfico sexual.

O homem tenta quebrar as regras para se dar bem e nos esportes não é diferente. Vemos simulações de faltas, gols de mão, mordidas, mentiras, fingimento, doping etc. São muitas as formas de se burlar as regras.

Redenção

O ser humano sabe que o mundo está quebrado, e por este motivo ele o quer consertar. Há um anseio por melhorar este mundo quebrado em que vivemos (ONGs, ações comunitárias etc.). Existe um impulso redentivo em nossos corações.

O homem não quer nada com o Deus verdadeiro, mas quer a beleza, paz, união e completude através de imitações das coisas boas do reino de Deus.

É muito comum vermos a busca por eternização ou imortalidade do nome no mundo dos esportes. Atletas, equipes e até países querem ser lembrados por décadas ou séculos. Salomão fala em Eclesiastes 3:11 que Deus “pôs a eternidade no coração do homem”.

O ser humano anseia por uma realidade que vá além deste mundo quebrado em que vive. Um dos sinais de transcendência é precisamente o jogar ou brincar. O coração do homem busca a brincadeira porque a eternidade está em seu coração e o mundo em que habita não é mais perfeito.

O esporte demonstra o melhor da humanidade: atletas que fazem ações difíceis e são capazes de atingir marcas ou recordes com muita dedicação e talento. Nesse sentido, o esporte pode demonstrar um aspecto do enorme potencial da imagem de Deus.

A redenção resulta em premiação. Em Cristo nos é oferecido um novo prêmio, recebido pela fé naquele que obedeceu e triunfou. Tanto Cristo, o vencedor, como para aqueles que nele são mais que vencedores. Aqueles que lutam conforme as regras devem ser coroados (1Co 9:25). Quem se destaca merece a glória.

A ideia de que triunfo traz prêmios é bem conectada a esse entendimento de redenção. Mas, não podemos nos esquecer que a questão do mérito aparece tremendamente na obra de Cristo. Ele obedeceu a lei de Deus, sem nunca falhar, qualificando-se a ser de fato um sacrifício perfeito na cruz do Calvário. Somos salvos pela graça, mediante a fé, nos méritos de Cristo.

Um dia veremos as nações reunidas como vemos em um evento esportivo, em sua unidade e diversidade, mas com um só propósito: adoração ao Deus vivo (Ap 7). A esperança de dias melhores está entranhada nos homens por causa do seu desejo de eternidade. O jogar e o brincar causam e acalmam no homem o anseio por um dia melhor que ainda virá.

Aproveite os jogos de futebol, a Copa do Mundo, as Olimpíadas. Enfim, aproveite o esporte. Receba com ações de graças, pois é fruto da boa mão de Deus exercendo sua graça comum. 


REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Futebol é bom para o cristão: Vestindo a camisa em honra a Deus. 2.ed. Brasília: Monergismo, 2022.

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