Deus
deu ao homem a capacidade de ser criativo. O ser humano é capaz de criar a
partir da criação de Deus. A “estrutura” é algo que foi criado bom (Gn 1),
porém, ela pode seguir em outra “direção” quando não é direcionada para servir
a Deus, mas aos ídolos (Gn 3).
Torneios
esportivos têm muitas regras: formais e informais. Somos imagens de Deus. Criamos
esportes, jogos e brincadeiras com regras, pois quando Deus criou o mundo, ele
o fez com estruturas e regras físicas e morais.
Deus
fez o homem com senso estético. Por isso nos importamos com aquilo que é belo. A
beleza move o homem, seja numa roupa, num rosto, num filme ou numa partida de
futebol e estamos dispostos a pagar para ver e admirar.
Uma seleção
de futebol ou um atleta olímpico são nossos representes esportivos. Quando eles
vencem, eles vencem por nós embora não partilhamos dos prêmios em dinheiro, dos
contratos publicitários, das festas e nem das vantagens que eles recebem, mas
podemos dizer que somos penta campeões do mundo etc.
Nos alegramos
corretamente com a vitória deles. E assim é no evangelho. Alegramo-nos no triunfo
de nosso representante na cruz manchada de sangue e na tumba vazia. Recebemos os
benefícios da vitória de Cristo, e nossa única contribuição foi ter pecado.
Vemos
em uma copa do mundo ou em um torneio olímpico uma enorme diversidade étnica.
Deus criou a humanidade com grande variedade de cor de pele, altura, porte
físico e várias outras diferenças como os gêneros masculino e feminino. Essa diversidade
é planejada por Deus.
Os jogos
e a diversão funcionam como pequenas pausas na vida habitual onde a tensão é
quebrada e o clima se alivia. Os jogos funcionam como pequenos “sábados”
(sabbath). Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Nesse dia os
afazeres cotidianos são interrompidos para descanso, adoração e comunhão. (O
entendimento cristão é que este dia passou a ser o primeiro dia da semana desde
a ressurreição de Cristo).
Queda
Por causa
do pecado, os esportes, assim como qualquer outra atividade humana, sempre
ficam aquém dos padrões divinos de beleza e verdade. Por mais belos e
interessantes sejam os torneios esportivos, eles são marcados pelo pecado.
O homem
natural sabe que Deus existe (Rm 1:18-32), mas, ao mesmo tempo, ele busca
abafar essas evidências distorcendo o que vê, ouve e sabe. O homem natural se
recusa a agradecer a Deus e adorá-lo, embora tenha sido criado para adorar.
Como
não encontra satisfação em si mesmo e não quer adorar a Deus ele o substitui
por ídolos. Um ídolo é qualquer coisa além de Deus da qual dependemos para
sermos felizes, realizados e seguros.
Somos
capazes de idolatrar qualquer coisa, inclusive algo bom como o esporte. Muitas pessoas
tratam o futebol como se a vida consistisse nele. Fazem do resultado esportivo
o fator determinante de seu contentamento na vida.
Na
era secular em que vivemos o homem tem buscado uma forma de vida que exclui o transcendente
tendo somente uma perspectiva imanente e autossuficiente (Acesse
o artigo: “Entendendo nossa era secular” para saber mais). Passamos de uma
sociedade em que a fé em Deus era inquestionável para uma sociedade que
contesta a crença em Deus.
A era
secular em que vivemos esses vislumbres do transcendente têm sido experimentados
na área do lazer, já que a adoração a Deus é vista com estranheza, a adoração idólatra
a falsos deuses como o esporte é vista como lícita. O coração do homem encontra
uma satisfação em algo criado sem lidar com o Deus criador.
O problema
é que o ídolo não satisfaz o coração, pois se a vitória é o ídolo, a derrota é
a morte. O amor idólatra sempre será insatisfatório, pois buscamos nele o que
só Deus pode dar.
A superstição
é outra marca do pecado nos esportes. As pessoas arrumam amuletos, roupas da sorte,
outras dizem que só vão assistir o jogo na casa de Fulano, pois a última vez
que viram lá o seu time ganhou e por aí vai.
São várias
as tentativas de se tentar manipular os eventos por meios dessas coisas. Até mesmo
atletas cristãos podem vir a tratar coisas excelentes como a oração e a Bíblia
como amuletos da sorte.
Ainda
há três ídolos favoritos da sociedade que temos que falar aqui: dinheiro,
violência e sexo. Muitas pessoas que têm um bom linguajar e um
comportamento exemplar se transformam dentro dos estádios, pois ali se sentem
livres para xingar e se comportar mal.
Infelizmente
a violência física faz parte do mundo esportivo. Nem toda violência é
pecaminosa, mas toda violência existe por causa da queda. Deus ordenou violência
em guerras, em sacrifícios, no uso do poder da espada pelo governo civil, e na
cruz do calvário.
O esporte
exige contato humano. A agressividade é requerida em resposta ao pecado, como
na admoestação e na indignação justa. Ela é necessária contra o nosso orgulho.
A agressividade deixa de ser algo bom quando ela se torna o oposto de amor,
quando ela se torna uma agressividade odiosa.
A agressividade
santificada é essencial para uma boa discussão, para uma competição sadia
no esporte, para tomar iniciativa no trabalho e num papel de liderança, e até
mesmo para ter relações sexuais no casamento (saiba
mais acessando aqui).
Vemos
muitos exemplos de violência verbal e sexual, intimidação e humilhação nos esportes.
Na Copa de 2010, o turismo sexual na África levou a um considerável aumento no
tráfico sexual.
O homem
tenta quebrar as regras para se dar bem e nos esportes não é diferente. Vemos simulações
de faltas, gols de mão, mordidas, mentiras, fingimento, doping etc. São muitas
as formas de se burlar as regras.
Redenção
O ser
humano sabe que o mundo está quebrado, e por este motivo ele o quer consertar. Há
um anseio por melhorar este mundo quebrado em que vivemos (ONGs, ações comunitárias
etc.). Existe um impulso redentivo em nossos corações.
O homem
não quer nada com o Deus verdadeiro, mas quer a beleza, paz, união e completude
através de imitações das coisas boas do reino de Deus.
É muito
comum vermos a busca por eternização ou imortalidade do nome no mundo dos
esportes. Atletas, equipes e até países querem ser lembrados por décadas ou séculos.
Salomão fala em Eclesiastes 3:11 que Deus “pôs a eternidade no coração do homem”.
O ser
humano anseia por uma realidade que vá além deste mundo quebrado em que vive. Um
dos sinais de transcendência é precisamente o jogar ou brincar. O coração do
homem busca a brincadeira porque a eternidade está em seu coração e o mundo em
que habita não é mais perfeito.
O esporte
demonstra o melhor da humanidade: atletas que fazem ações difíceis e são capazes
de atingir marcas ou recordes com muita dedicação e talento. Nesse sentido, o
esporte pode demonstrar um aspecto do enorme potencial da imagem de Deus.
A
redenção resulta em premiação. Em Cristo nos é oferecido um novo prêmio,
recebido pela fé naquele que obedeceu e triunfou. Tanto Cristo, o vencedor,
como para aqueles que nele são mais que vencedores. Aqueles que lutam conforme
as regras devem ser coroados (1Co 9:25). Quem se destaca merece a glória.
A ideia
de que triunfo traz prêmios é bem conectada a esse entendimento de redenção. Mas,
não podemos nos esquecer que a questão do mérito aparece tremendamente na obra
de Cristo. Ele obedeceu a lei de Deus, sem nunca falhar, qualificando-se a ser
de fato um sacrifício perfeito na cruz do Calvário. Somos salvos pela graça,
mediante a fé, nos méritos de Cristo.
Um dia
veremos as nações reunidas como vemos em um evento esportivo, em sua unidade e diversidade,
mas com um só propósito: adoração ao Deus vivo (Ap 7). A esperança de dias
melhores está entranhada nos homens por causa do seu desejo de eternidade. O jogar
e o brincar causam e acalmam no homem o anseio por um dia melhor que ainda
virá.
Aproveite os jogos de futebol, a Copa do Mundo, as Olimpíadas. Enfim, aproveite o esporte. Receba com ações de graças, pois é fruto da boa mão de Deus exercendo sua graça comum.
REFERENCIAL
TEÓRICO
NETO, Emílio Garofalo. Futebol é bom para o cristão: Vestindo a camisa em honra a Deus. 2.ed. Brasília: Monergismo, 2022.
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