Em geral as pessoas consideram o comportamento
agressivo (que inclui raiva, competição e auto-afirmação) mau ou bom.
Recentemente li um livro do autor Albert M. Wolters
chamado “A Criação Restaurada” e na última seção onde ele aborda sobre o
discernimento entre estrutura e direção que o cristão deve ter através das
lentes corretivas da Escritura, ele fala sobre a Renovação Pessoal que envolve
a agressividade, dons espirituais, sexualidade e outros. Antes de falarmos
sobre agressividade precisamos entender estrutura e direção:
A estrutura
é a “essência” de algo criado por Deus, percebidas através de nossas
experiências em todos os lugares.
A direção
refere-se ao desvio pecaminoso das coisas criadas por Deus, que anseiam pela
redenção e renovação somente em Cristo.
A família, a nossa sexualidade, o nosso pensamento,
as nossas emoções, o nosso trabalho, são coisas estruturais (criadas por Deus)
e que estão envolvidas num jogo de poder entre a atração do pecado e da graça. Existe
uma batalha direcional dessas áreas da criação. Deve haver santidade econômica
na vida dos negócios, santidade no casamento, nos pensamentos e etc. Tudo que
foi criado por Deus é bom e deve ser santificado por meio da sua Palavra e pela
oração (1 Tm 4:5).
Muitos defendem a agressividade sendo algo bom
porque ela é necessária para insistir no alcance de metas, lutar duro para
vencer nos esportes ou ser bem sucedido nos negócios. Outros, porém desaprovam
este comportamento porque carregam sentimentos de culpa sempre que expressam
raiva, lutam para que ela seja suprimida ou controlada em vez de ser expressa
de modo livre e aberto por considerarem este comportamento essencialmente pecaminoso,
um resultado da queda, e não uma parte da boa ordem criada (estrutura).
O Etologista Konrad Lorenz escreveu um livro
chamado “On Agression” (Sobre Agressividade) onde ele mostra que o
comportamento agressivo representa um papel muito importante e positivo no
mundo animal, pois serve para assegurar a sobrevivência das espécies. Ele e
outros etologistas argumentam que os seres humanos também têm um instinto
natural para a agressividade que não dever obstruído. Se for bloqueado, eles
dizem, todos os tipos de neurose e desajustes emocionais podem surgir como
resultado. Psicoterapeutas dessa linha, incentivam seus pacientes a expressar a
ira, a se defender ao lidar com outras pessoas.
Mas então, a agressividade é boa ou ruim?
Esta pergunta oferece apenas duas respostas, sim ou
não, e elas estão meio certas, portanto são falsas.
A pergunta a ser feita é: “Na agressividade, o que
é estrutural (como Deus criou) e o que é direcional (o que foi afetado pelo
pecado)?
Wolters fala da agressividade santificada
como sendo aquela que todo cristão deve praticar ao contrário da agressividade
odiosa.
O Dr. Harry Van Belle diz que um elemento da
agressividade é essencial para uma boa discussão, para uma competição sadia e
jogos, para tomar iniciativa no trabalho e num papel de liderança, para tentar
conquistar uma namorada, e até mesmo para fazer sexo. A agressividade é
requerida em resposta ao pecado, como na admoestação e na indignação justa. Ela
é necessária contra o nosso orgulho. A agressividade deixa de ser algo bom
quando ela se torna o oposto de amor, quando ela se torna uma agressividade
odiosa.
A agressividade odiosa é a perversão de um bom dom
criacional. Os cristãos são chamados então para santificar a agressividade, não
para reprimi-la. Mansidão e agressividade não precisam ser contraditórias.
“Ora, é
necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando
para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que
Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade,
mas também o retorno a sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo
sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” ( 2 Tm 2:24-26).
O verbo traduzido como “disciplinando” (paideuin), normalmente interpretado por “castigar”
ou “punir”, tem uma conotação fortemente agressiva.
Os cristãos de hoje têm confundido mansidão agindo
de forma covarde, e agressividade agindo de forma odiosa e pecaminosa. Exemplo:
igreja que não luta para pregar o evangelho, não sofre oposição por amor ao nome
de Cristo, não se opõe as heresias e ao autoritarismo de falsos mestres, sendo assim
ela se torna condescendente com o pecado. E sabemos que o processo de purificação
muitas vezes exigi agressividade, assim como Jesus fez no templo (Jo 2:13-22).
A agressividade é um exemplo adicional de algo
criado por Deus que não deveria ser rejeitado, mas santificado pela Palavra de
Deus e pela oração (1 Tm 4:5).
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