Quando
examinamos o histórico do relacionamento com nossos pais, adquirimos
informações importantes no que diz respeito a nossa personalidade e o modo como
nos comportamos hoje. Mas é preciso ressaltar, que, descobertas com relação aos
relacionamentos passados não libertam as pessoas. A libertação vem do
crescimento no temor do Senhor e não em descobertas da causa dos problemas.
Descobrir a causa de um problema pode até ser importante, pode até trazer um
alívio momentâneo, mas não é sinônimo de mudança ou libertação da vida de uma
pessoa.
Uma
menina que teve um pai barulhento, geralmente feliz, bem-humorado, sempre
pronto a rir e fazer piadas, percebe que seu relacionamento com ele nunca teve
uma interação em nível mais sério. A filha desejava ter uma conversa mais rica
com ele, na qual ele a fitasse nos olhos e procurasse envolver-se com ela, mas
isso nunca aconteceu. Ela desejava a atenção significativa do pai, mas ele
sempre evitava qualquer interação que envolvesse expressão de sentimentos sérios,
pois seu alvo sempre foi trocar o choro pelo riso de modo superficial. Essa
falta de relacionamento com o pai, fez com que ela se apegasse a uma ficção
(fingimento), para criar meios de evitar a dor, e tê-lo sobre seu controle. Uma
maneira de evitar a dor era esconder de vista a pessoa que ela era (seus
sentimentos, opiniões, ideias, e etc.) Ela queria mostrar apenas seu exterior,
pois seu interior não era digno de atenção. Ela passou a enxergar-se como uma
mulher sem substância, ou seja, uma pessoa que não merece ter uma interação
séria, como um manequim bem vestido, mas sem vida, enfeitando uma vitrine.
Um
menino que teve um pai imprevisível com a sua própria ira, geralmente ausente
na educação e disciplina, sempre crítico, percebe que seu relacionamento com
ele nunca teve uma interação equilibrada sobre instruções entre o certo e o errado,
explosões de ira por coisas insignificantes e mentiras sempre fizeram parte
deste relacionamento. Como consequência este rapaz veio a ser um homem quieto,
agressivo e indeciso com relação a muitas áreas importantes de sua vida. Os
conflitos que teve com o pai não foram oportunidades de prepará-lo em suas
amizades, em seu ministério, em sua carreira e casamento. O exemplo que ele
aprendeu com seu pai não foi de um homem pacificador que procurava respeitar os
outros, conviver em harmonia com os outros, e o mais importante, amar os outros,
mas, de exigir respeito por meio de uma agressividade odiosa.
Estas
observações são importantes no processo de aconselhamento, mas é preciso saber
que os sofrimentos de infância ou do passado podem ser perturbadores, mas a
tendência de cair em tentações não surge de causas externas, mas de dentro de
nós. Os sofrimentos, o diabo ou Deus não produzem nossos pecados. Somos
atraídos pela nossa própria cobiça (Tg 1:2,14). Nosso coração não é passivo, o
modo como eu ajo não foi determinada por uma causa externa. O passado oferece
um contexto onde o coração ativo e obstinado se revela e se expressa. Quando
nos identificamos e nos responsabilizamos por nossa incredulidade, amargura,
maledicência, autopiedade e mentira, passamos a reconhecer que o nosso maior
problema nunca foi nosso opressor, mas nosso próprio coração orgulhoso.
Nossa
perspectiva não é de preparar nossos filhos para um mundo cruel sendo duros e cruéis
com eles, não, a perspectiva de um cristão não é a agenda do mundo e seu
mercado, e sim fazer a vontade do Pai por meio da revelação das Escrituras, ou
seja, sendo pais amorosos que ouvem seus filhos, os tratam com respeito e amor
e até pedem perdão quando erram com eles. Como resposta os filhos vão desejar
reconciliar com seus pais pedindo perdão quando errarem e oferecendo perdão
quando forem ofendidos.
Nós,
pessoas convertidas a Cristo pela fé, somos descendentes de Abraão e herdeiros
da mesma promessa (Gl 3:29). Quando Abraão foi chamado por Deus para deixar sua
terra idólatra ele recebeu promessas maravilhosas, promessas essas que se
estendem até hoje para nós cristãos. Deus declarou que todas as nações deveriam
se abençoadas por meio dele. O verbo “abençoar” implica tanto uma ação
reflexiva quanto passiva do verbo (Gn 12:1-3; 22:18; 28:14). Israel deveria ser
um canal de bênção para as outras nações e elas deveriam considerar Israel como
modelo para que fossem abençoados. Assim como uma candeia deve ser colocada em
lugar alto para que sua luz brilhe, o povo de Deus estava no monte Sião para
brilhar sobre as nações e abençoá-las. Aqueles que abençoassem Abraão seriam
abençoados e aqueles que não o reconhecesse como um servo modelo, escolhido por
Deus e viessem amaldiçoa-lo esses também seriam amaldiçoadas. O castigo que
muitas nações sofreram foi por causa de sua rejeição a Deus. O Senhor havia
garantido a Abraão que a maldição sobreviria àqueles que ridicularizassem,
rejeitassem e se opusessem à sua descendência. Israel não deveria seguir os
costumes das nações ao seu redor, pois ela era uma nação santa, separada. O
problema é que Israel se misturou com outras nações, realizando casamentos e
vivendo em paz com elas. Deixaram de ser modelo, e seguiram seus deuses pagãos.
Deus usou as nações vizinhas para disciplinar Israel.
Assim
tem acontecido em nossos dias, a igreja no Brasil pode se unir contra o “assunto do
momento” que tem sido a homossexualidade e ideologia de gênero nas escolas, mas,
esta mesma igreja, tem fechado os olhos para outros pecados. Quando Abraão
mentiu dizendo que Sara era sua irmã e não sua esposa, muitas pessoas sofreram por
causa do seu pecado (Gn 12:13,17; 20:1-18). Quando os pais cristãos mentem para
seus filhos, ou quando o marido mente e comete adultério contra sua esposa e
vice-versa, quando os cristãos usam palavras para destruir o próximo por inveja
tentando transferir sua culpa, furtam o direito do próximo, cometem assassinatos
em série por causa do seu ódio contra o próximo, amam o dinheiro e servem
falsos deuses, eles estão se esquecendo das promessas feitas a Abraão de serem
o modelo exemplar e de bênção para todas as famílias da terra, e, além de se tornarem
responsáveis por muito dos sofrimentos existentes nos lugares para onde foram
levados, também serão disciplinados pelos próprios inimigos.
Jesus
diz: “Vinde...vinde...vinde” (Is 55:1). Ele convida você a se aproximar. Ele convida
você a conhece-lo como o Maravilhoso que Ele é. Se esse convite não mexer com
você, lembre-se que ele não diz “Vinde” apenas uma vez; ele o repete para você.
Ele não poderia ter demonstrado o seu convite de maneira mais amável. Quando o
temor do Senhor amadurece em você, Cristo torna-se irresistível (Ed Welch).
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