Eu tenho muita dificuldade em ouvir mensagens do
tipo: “Seis passos para um casamento bem-sucedido”, ou “Quatro dicas para
organizar sua vida”. Muitos conselhos podem até ser úteis, mas são fracos e não
tem poder diante da Palavra de Deus. Eles expressam uma analogia superficial à
sabedoria bíblica. Não passam de imitações da verdade bíblica.
O alvo da pregação do evangelho deve ser muito
maior do que oferecer “dicas de vida”. Qual era o alvo do apóstolo Paulo em
suas tantas cartas enviadas para tantas igrejas de tantos lugares? Que Deus
abrisse o coração das pessoas para que tivessem conhecimento de Cristo no poder
do Espírito Santo.
Vemos em Efésios capítulo 4:25-32 que Paulo ensina
vários princípios importantes como:
- Dizer a verdade e não mentir
- Permanecer calmo e ter domínio da ira
- Falar palavras construtivas e não destrutivas
- Perdoar o próximo em vez de discutir, argumentar ao invés de mexericar
Estes são excelentes princípios, e em seu cerne
está o conhecimento de Jesus Cristo, a razão pela qual obedecemos a verdade.
Por que devemos falar a verdade e não mentir?
Porque somos um só corpo em Cristo e membros um dos outros.
Por que devemos resolver nossos conflitos de forma
imediata? Para que o diabo não tenha onde pisar, fazendo conflitos
interpessoais apodrecerem em dissensão.
Por que devemos falar de modo construtivo? Para não
entristecer o Espírito Santo no qual fomos selados para o dia da redenção.
Por que devemos perdoar uns aos outros? Porque Deus
nos perdoou em Cristo, e devemos fazer o mesmo.
Se o objetivo dessas mensagens são uma mera reforma
de obter sucesso nos relacionamentos interpessoais eles não passam de bons
princípios esvaziados do Senhor, pois são conselhos “descristificados”.
Fico imaginando como a igreja de hoje trataria um
conflito semelhante ao de Paulo com Pedro em Gálatas 2. Ali vemos o Apóstolo
Pedro se afastando dos gentios, deixando de comer com eles por causa da marca
externa da circuncisão. A igreja estava prestes a se dividir em dois grupos: circuncisos (Judeus) e incircuncisos (Gentios).
O cerne da questão não foi: discriminação, racismo
ou preconceito, embora tudo isso seja condenável aos olhos do Senhor, mas foi a
repreensão de Paulo com Pedro diante de todos sobre justificação pela fé em
Cristo Jesus e não através das obras da Lei. Se Paulo tratasse do problema
concentrando-se nas palavras racismo, discriminação ou preconceito, a mensagem
do evangelho teria sido suprimida e não conheceríamos umas das mais belas
passagens bíblicas sobre a justificação pela fé em Cristo, mas veríamos o
relato de homens glorificando o comportamento pecaminoso das pessoas ao invés
de visar a glória de Deus.
Bons princípios esvaziados do Senhor, ou seja,
“descristificados”, só podem servir ao ego.
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