É muito comum ouvirmos pessoas
cristãs dizerem que Deus lida com seus filhos com o “amor incondicional”. Estas
pessoas tentam, na maioria das vezes, expressar o quão generoso e completo é o
amor de Deus. O amor incondicional pressupõe que Deus nos aceita como somos, sem
esperar nada. Vivemos em uma sociedade “psicologizada”, até mesmo dentro das
igrejas já é possível identificar músicas “psicologizadas” como: “Quero que
valorize o que você tem, você é um ser você é alguém, tão importante para Deus”;
“Existe um Deus que te ama do jeito que você é”; “Obrigado Senhor por aceitar
como eu sou” e daí por diante.
Muito disso deve-se ao modelo
de psicoterapia de Carl Rogers, chamado de Abordagem Centrada na Pessoa. O amor
incondicional positivo promovido de Rogers pressupõe uma atitude de tolerância e
afirmação que aceita tudo. O amor incondicional, como a maioria entende, começa
e termina com simpatia e empatia, e aceita tudo. O amor incondicional é distante,
geral e impessoal. O amor de Deus é complexo, específico e pessoal (David Powlison).
O amor incondicional traz
consigo uma bagagem cultural. Esse amor é relacionado as palavras: tolerância, aceitação,
afirmação, amabilidade, e ligado a uma filosofia que diz que o amor não deveria
impor valores, expectativas ou crenças sobre outras pessoas. Esta filosofia já
está infiltrada dentro da igreja e já tem contaminado corporações inteiras. Não
é difícil de identificar. Vejo muitos colegas e entes familiares caminhando por
um caminho de morte que sequer aceitam conselhos bíblicos, mas adoram estar com
aqueles que os bajulam.
Andar no amor de Cristo é bem
diferente desse “amor incondicional” (Ef 4:32-5:2). É muito diferente daquela
paz superficial, onde todos dizem: “Para mim está tudo bem. Eu aceito você como
você é, do mesmo modo que aceito todo mundo. Não julgo nem imponho meus valores
sobre você”. O amor incondicional parece seguro, mas o problema é que ele não
tem poder. Quanto atribuímos a Deus um amor incondicional, substituímos um
ursinho de pelúcia pelo Rei do Universo (David Powlison).
Deus se importa demais conosco para
ter amor incondicional. O Senhor se importa conosco, Ele vigia por nós. Seu
amor é ativo, é misericordioso, não apenas tolerante. Ele odeia o pecado,
contudo, busca os pecadores. Seu amor está cheio de sangue, lágrimas e
lamentos. Ele sofreu por nós. Ele luta por nós e defende os aflitos. Ele luta
conosco. Ele tem ciúme, não é insensível. Sua empatia e simpatia falam em
palavras de verdade, para nos libertar do pecado e da miséria. Seu amor envolve
disciplina, e isso é uma prova do amor verdadeiro. Em seu amor também existe
ódio. Ódio contra a maldade que cometemos e que outros cometem contra nós.
O amor de Deus tem um alvo:
"Pois o amor de Cristo nos
constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos
morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co
5:14,15).
Esse amor nos transforma. Esse amor
nos restaura. O amor de Deus é um dom. Deus nos recebe assim como somos:
pecadores, sujos, miseráveis e confusos. Não nos limpamos para sermos aceitos a
Ele. A graça imerecida não é estritamente incondicional. A graça de Deus não
depende daquilo que fazemos, a graça depende muito mais daquilo que Jesus fez por
nós.
O amor de Deus na Bíblia requer
o cumprimento de duas condições:
- Perfeita obediência e
- Um substituto que carregue o pecado
Jesus em sua obediência ativa à
vontade do Pai, foi chamado “justo”. Em sua obediência passiva, Ele sofreu a
penalidade da morte (Hb 5:8,9). De acordo com a psicologia humanista de Rogers,
o conceito de “apreço positivo incondicional”, nos dá a entender que o amor
incondicional é dizer que: “Lá no fundo você é bom; Deus o aceita exatamente
como é. Deus sorri para você mesmo que você não salte obstáculos. Temos valor
intrínseco (próprio). Deus nos aceita com verrugas e tudo mais. Podemos relaxar,
gozar o seu sorriso e deixar que surja o verdadeiro “eu”, intrinsicamente bom”
(David Powlison). Essa filosofia de vida é contrária ao verdadeiro amor de
Deus.
Somente um filho foi chamado de
justo. Somente uma pessoa agradou a Deus (Mt 3:17; Is 42:1-7). Somente em
Cristo podemos ser chamados de justos. Somente em Cristo podemos ouvir que Deus
se agrada de nós.
O amor condicional obviamente é
ódio. Mas o amor incondicional segundo esses conceitos filosóficos é um engano.
É o mesmo que dizer: “Paz, paz”, quando do ponto de vista de Deus não há paz
(Jr 23:14-16). Esse amor não exige nada. Sequer ousa mencionar as palavras
arrependimento e humilhação. Esse amor não conhece a agonia da cruz. Esse amor
nos relaxa, nos deixa despreocupados. Esse amor não nos deixa conhecer o
maravilhoso amor de Deus.
Deus não me aceita como eu sou.
Ele me ama apesar de ser como eu sou. Somente em Cristo Jesus eu posso ser
aceito por Deus. Deus quer que eu dedique a minha vida à renovação à imagem de
Jesus.
Precisamos de algo melhor do
que a amor incondicional. Precisamos do perdão, da coroa de espinhos, de um
Pastor, Pai e Salvador. Precisamos nos tornar como Ele. Precisamos do amor de
Cristo. Isso é possível, através da sua graça.
“ O teu amor, Senhor, chega até
os céus; a tua fidelidade até as nuvens. A tua justiça é firme como as altas
montanhas; as tuas decisões insondáveis como o grande mar. Tu, Senhor,
preservas tanto os homens quanto os animais. Como é precioso o teu amor, ó
Deus! Os homens encontram refúgio à sombra das tuas asas. Eles se banqueteiam
na fartura da tua casa; tu lhes dás de beber do teu rio de delícias. Pois em ti
está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz.
Estende o teu amor aos que te conhecem, a tua justiça aos que são retos de coração” (Sl 36:5-10)
Estende o teu amor aos que te conhecem, a tua justiça aos que são retos de coração” (Sl 36:5-10)
Nenhum comentário:
Postar um comentário