“Como
dente quebrado e pé sem firmeza, assim é a confiança no desleal, no tempo da
angústia” (Pv 25:19)
Este
provérbio ensina que em um tempo de crise, a pessoa que confia em seu amigo traiçoeiro
é incapaz de se defender ou de sair de uma situação difícil, pois o amigo voltará
atrás em seu compromisso com a pessoa necessitada. Numa emergência, esse amigo traiçoeiro
é impotente, como um dente cariado que está se desfarelando e não consegue
comer. O amigo traiçoeiro também é ineficaz e dolorosamente frustrante como um
pé virado na qual a pessoa não pode se firmar para andar. Os pés deveriam
sustentar todo o peso do corpo, mas estão vacilando.
Por
incrível que pareça um dia antes de ler este versículo, eu fui ao dentista
restaurar um dente quebrado e no mesmo dia, um quarteirão de distância da minha
casa, ao andar com meu filho mais novo no colo eu torci o pé na calçada e não pude
sustentar o peso do meu corpo com a dor que sentia. Tive que voltar mancando e
me apoiando nos muros e em qualquer coisa que eu encontrava no caminho.
Em
muitas situações difíceis podemos sofrer com a dor de sermos desamparados por
pessoas que até então eram nossas amigas, e no momento em que mais precisamos
delas, temos de caminhar com muita dificuldade para cumprirmos o nosso chamado.
Mas
há uma outra traição que aprendi com tudo isso, e ela não provém do amigo
desleal, e sim da minha própria vida. Isso acontece quando eu professo crer em
Deus, mas meu modo de viver trai essa lealdade. Quando meus desejos conflitam
com as Escrituras eu deixo de viver de acordo com aquilo que eu creio. Todo pecado
que eu cometo me ensina a acreditar em mentiras. Posso ter uma boa teologia
bíblica, ter estudado credos e confissões de fé e concordar com todos eles, e
posso até ensinar teologia em minha igreja, e ao mesmo tempo ser capaz de não
crer nela, ou seja, isso acontece quando minha teologia prática é oposta ao que
eu creio e ensino para as pessoas.
Como
podemos detectar falsas crenças? Devemos observar o modo como vivemos em
público e em particular. Minha forma de viver sozinho ou em público é muito
diferente? Eu tenho permitido que minhas imaginações se entreguem a fantasias
pecaminosas? Se a reposta for afirmativa, eu posso estar trabalhando com uma
teologia alternativa que diz que em alguns lugares Deus não é capaz de me ver. Posso
ter uma boa consciência de meus atos, e ainda ter declarações teológicas ortodoxas
e mesmo assim não ser orientado pelas verdades bíblicas em minha vida cotidiana.
Posso ser um devoto do meu próprio nome, e justificar minhas transgressões,
minha ira e meu juízo para com Deus, por não conseguir me livrar dos meus hábitos
escravizadores.
Concluindo,
posso sofrer pela deslealdade das pessoas em tempos de crise, mas sei que não
estou sozinho, pois o Senhor tem me assistido e me revestido de forças para
pregar o evangelho (2 Tm 4:16-18). Também posso sofrer pela deslealdade do meu
modo de viver com aquilo que professo crer, e a raiz desse problema provém de
uma desordem de adoração. São desejos que dominam meu coração com intuito de
agradar a mim mesmo, e isto se chama idolatria (1 Co 6:19-20). Compreender a
causa do problema não significa que ele será solucionado. Agora é preciso se
arrepender, e começar a despir do velho homem que se corrompe pelas concupiscências
do engano, e me revestir do novo homem que segundo Deus é criado em verdadeira justiça
e santidade (Ef 4:22-24).
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