Agora, não somos
cidadãos responsáveis, mas pessoas portadoras de direitos. O trabalho não é
mais uma vocação, mas um emprego, e não é o meu dever servir o próximo, mas
dever dos outros (geralmente do Estado) - (Daniel Bell)
Política é, na
essência da palavra, abrir mão dos seus interesses pessoais para cuidar dos
interesses da polis,
da cidade, dos outros. Mas o que ocorre em nosso país não é isso; no Brasil
parece que todo mundo acredita que tem direito a tudo – não se fala em deveres
humanos; só em direitos humanos. Eu nunca vi uma tese sobre deveres humanos.
Qual é o seu dever como ser humano? Quais são os seus deveres e não só os seus
direitos?
A impressão que
passa é que a maioria dos homens e das mulheres que ocupam cargos
político-partidários está à procura não do bem comum, mas de interesses,
direitos, prerrogativas e benefícios pessoais e oligárquicos. Não se pode falar
em redução de gastos públicos. Que tal se nós começássemos a pensar também no
outro e renunciássemos um pouco aos nossos direitos? Buscar seus direitos é ser
justo; renunciar alguns deles em nome do amor, da comunhão e da restauração é
ser cristão (Sérgio Queiroz).
Em nossos dias, os relacionamentos
entre empregadores e empregados, marido e esposa, pais e filhos, trabalho e
lazer estão todos se desintegrando. Cada um corre e trabalha para si mesmo, e
não para a sociedade. Nessa visão de mundo hedonista, o trabalho perde o seu
significado porque o homem perdeu o seu significado ante a face de Deus e, com
essa perda, ele perdeu também a sua característica relacional, divinamente
ordenada, para com o próximo (Michael S. Horton).
O pai que
aconselha um filho a escolher uma profissão que seja mais rendosa é um mau
conselheiro. Não basta ter uma profissão que não venha ser proveitosa aos
outros e nem servir ao próximo, toda profissão deve ser útil ao público e redundar
em bênçãos para todos (João Calvino, comentário de Efésios 4:28).
Até pouco tempo
atrás (2013) os moradores das favelas de nosso país estavam consumindo com uma
euforia ímpar. Não estavam se contentando com o básico, mas estavam buscando
produtos que conferiam status. Estavam gastando toda a renda em
eletrodoméstico, roupas, perfumarias e até com uísques. 69% das famílias pobres
das favelas estavam endividadas, somente 37% estavam poupando. Seis em dez
estavam endividados (Consultoria Boa Vista Serviços - Revista Exame).
Nossa sociedade
atual está marcada pela corrupção, pelo crime e a desordem.
Quando
deixamos de cumprir com nossos deveres violamos diretamente o oitavo
mandamento. As transgressões deste mandamento não são somente a de prejudicar
nosso próximo tomando seu dinheiro ou propriedade, mas também quando deixamos
de cumprir com os nossos deveres em atender nosso próximo (Êx 20:15; Tg 4:17;
Pv 3:27).
O
princípio da renúncia é abrir mão dos direitos para restaurar ou abençoar alguém, assim como fez
Neemias, embora sendo governador, abriu mãos de seus privilégios como
comida e tributos específicos do seu cargo para restaurar Jerusalém que estava em
ruínas (Ne 5:14-16).
“Seja
a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou
que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si
mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo
encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte,
e morte de cruz!” (Filipenses
2:5-8)
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