Hoje temos vivido a era do
pragmatismo, as pessoas estão procurando e focando seus olhos naquilo que traz
resultado imediato. Crescemos em uma sociedade que busca a todo custo
resultados, e muitas vezes não se importa com os meios pelos quais se chegará
ao resultado pretendido. Muitos líderes de igrejas estão seguindo os mesmos
princípios e modelos empresariais para aplicarem em suas igrejas e assim atingirem
seus resultados esperados, este é o modelo de “igreja-empresa”. Alguns até
chegam a dizer: “só participo daquela
igreja e dou o dízimo porque meus olhos veem “resultados””.
Por muito tempo vivi admirando
homens que pelo seu trabalho obtiveram grandes resultados em seus projetos.
Participei de cursos de liderança onde o foco principal estava nos resultados
das ações, e me considerava uma pessoa pragmática, motivada pela busca de
respostas práticas e concretas da realidade. Mas, depois que me deparei com o
texto do apóstolo Paulo em sua carta aos Colossenses capítulo 1 versículo 29,
onde diz que: “Para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível,
segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim”, percebi que
este homem estava em uma prisão sofrendo injustamente, porém sempre dava graças
a Deus pela vida dos irmãos, orando por eles e sentindo alegria quando via que
todo seu esforço não era vão, foi aí que então pude ver que todo o resultado
provém do Senhor, e que Ele não está interessado nos resultados de nossos
esforços, pois todos eles pertencem a Ele. Deus quer que sejamos eficientes, de
modo que seu Espírito possa atuar poderosamente em nós. Isso só é possível se aceitarmos todas as suas condições, até mesmo
sofrermos injustamente para que seu nome seja exaltado.
O esforço de Paulo não se
baseava no sucesso de sua pregação (eficácia), mas na maneira como lutava e
trabalhava, e como cumpria seu dever com fidelidade (eficiência). Paulo fazia a
coisa certa da maneira certa. Tanto a eficácia (frutos procedentes do
evangelho) quanto a eficiência (a maneira de se pregar o evangelho) procedem da
graça soberana de Deus. “Segundo a sua
eficácia que opera eficientemente em mim”(Cl 1:29).
Nós fomos criados para tomar
decisões, interagir com outras pessoas, fazer escolhas, praticar nossa
“liberdade”, porque temos uma existência moral e ética. Existem duas maneiras de
abordar a ética. A primeira é a partir de seus princípios e a segunda é a que
visa os resultados:
·
Teleológica:
visa os resultados (pragmático).
Exemplo:
um pregador pragmático é aquele que se preocupa somente na quantidade e
resultado, ou seja, quer a todo custo encher o templo, coloca o amor acima de
tudo, em nome do amor a pessoa pode mentir, roubar, viver em adultério, viver
como homossexual, pois o amor está acima de qualquer lei, sequer prega contra a
imoralidade. O mesmo vale para as autoridades, como prefeitos, magistrados e
políticos que tomam decisões visando somente os resultados, não se importam com
os meios que usarão para se chegar lá, pois o mais importante é a imagem de
seus partidos.
·
Deontológica:
pressupõe princípios para ação ética.
Exemplo:
este tipo de pregador não está focado no resultado e sim em praticar os
preceitos de Deus e pregar sobre eles mesmo que com isso ele venha ser
rejeitado pelas pessoas, pois ele sabe que o resultado de seus esforços
pertence a Deus. No caso de uma pessoa que exerça um cargo político ela, mesmo
que aos olhos do povo sua decisão tenha trazido aparentemente prejuízos, suas
decisões serão tomadas com base naquilo que agrada a Deus, sempre em
conformidade com os princípios éticos que glorificam ao Senhor e não a imagem
do seu partido.
A ética cristã teleológica é essencialmente
pragmática, e a deontológica tem
como principal objetivo observar e cumprir os deveres que são normativamente
definidos como sendo corretos. E é nessa abordagem da ética deontológica que eu irei pregar hoje sobre a vida de um homem
chamado João Batista.
UM SERVO EM MOMENTOS
DE DÚVIDAS EM MEIO AS PRESSÕES FÍSICAS E EMOCIONAIS – 11:2-6
Neste momento João Batista
encontrava-se numa prisão já alguns meses. João havia denunciado corajosamente
o casamento adúltero de Herodes Antipas com Herodias (Lc 3:19,20). Os líderes
religiosos não se opuseram a Herodes para libertar João, ficaram de braços
cruzados, pois João havia apresentado Cristo Jesus como Senhor e Rei, e os
religiosos até então não reconheciam Jesus como Messias.
O ministério de João Batista
era preparar a nação para a chegada de Jesus e apresenta-lo para a nação (Lc
1:15-17). João havia anunciado o julgamento (Mt 3:10), mas Cristo realizava
atos de amor e misericórdia. João havia anunciado arrependimento, pois era chegado
o reino de Cristo (Mt 3:2), mas parecia que não havia evidência alguma sobre
isso. João havia apresentado Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo (Jo 1:29), mas de que maneira esse sacrifício era relacionado ao reino
prometido e quando isso aconteceria?
2) João estava em uma prisão,
sofrendo pressão física e emocional, perplexo com o plano de Deus, e confuso
com o seu lugar dentro desse plano, pois estava sofrendo por pregar
corajosamente contra a imoralidade de seus líderes e sobre o julgamento de
Deus. João recebia apenas relatórios parciais do ministério de Jesus e não
podia ver com seus olhos o que estava acontecendo.
3-5) Diante dessa situação
confusa, João envia mensageiros a Jesus e pergunta: “És tu aquele que estava por vir ou
havemos de esperar outro”? João
demonstra estar com dúvidas se Jesus era mesmo aquele homem que ele havia
anunciado para as pessoas. Existe uma diferença entre dúvida e incredulidade. A
dúvida diz respeito aquilo que não
conseguimos entender o que Deus está fazendo nem seus motivos para fazê-lo. A incredulidade é quando recusamos a crer
na Palavra de Deus e obedecê-la, falta de fé.
Em sua resposta Jesus demonstra
cautela e ternura. Ele não deu nenhuma
explicação para os mensageiros sobre quem era, muito menos disse para os
mensageiros levarem a João uma mensagem motivacional para aguentar firme que
ele seria liberto da prisão - não, Ele simplesmente os convidou a observar
suas obras miraculosas sobre todas aquelas pessoas aflitas e doentes e depois
dizerem tudo o que viram e ouviram a João.
6) Por fim, Jesus ainda diz
para os mensageiros que “feliz é aquele que não achar em mim motivo
de tropeço”. O termo grego traduzido por “motivo de tropeço” é
referente ao nosso verbo “escandalizar”. Por causa de sua preocupação com
aquilo que Jesus aparentemente “não”
estava fazendo, João corria o risco de cair em uma armadilha. Estava correndo o
risco de tropeçar em seu Senhor e o ministério dele. Jesus lhe disse
gentilmente para ter fé, pois ele sabia o que estava fazendo.
UM SERVO
APROVADO POR CRISTO – 11:7-14
7-10) Interessante observar que
só depois que os mensageiros partiram é que Jesus falou a respeito de João
Batista. Jesus elogiou publicamente o ministério de João. “Aquilo que pensamos a respeito de nós mesmos ou o que os outros pensam
de nós não é tão importante quanto aquilo que Deus pensa” (Wiersbe).
“Que saístes a ver no deserto?”
João não era um homem condescendente, como um caniço agitado pelo vento. “Para que não mais sejamos como meninos,
agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”(Ef 4:14).
Também não era uma celebridade ou um artista que desfrutava da amizade de gente
importante e os prazeres da riqueza. “Usava
João vestes de pelos de camelo e um cinto de couro; sua alimentação eram
gafanhotos e mel silvestre”(Mt 3:4). Este era um profeta, e mais que um
profeta! Este é aquele que os profetas Isaías e Malaquias profetizaram a
respeito dizendo que ele viria como uma voz no deserto para abrir e preparar o
caminho para vinda de Cristo (Ml 3:1; 4:5; Is 40:3).
11) João Batista foi o último
profeta do Antigo Testamento, depois de um período de 400 anos, conhecido como
o período do silêncio, João como mensageiro de Deus, teve o privilégio que
todos os outros profetas não tiveram, o de apresentar o Messias de Israel e do
mundo. De que maneira o menor no reino de Deus é maior do que João? Em termos
de posição não em caráter e ministério, até porque com a vinda de Cristo já não
existiria mais a hierarquia sacerdotal. “Já
não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o se senhor, mas
tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a
conhecer” (Jo 15:15). Os Cristãos hoje são filhos e amigos do Rei.
12) O reino dos céus é tomado
por esforço. O verbo grego de “tomado por esforço” também pode significar
“sofrendo violência”. É por este motivo que um profeta considerado tão
importante pelo próprio Cristo se encontrava numa prisão.
13) O ministério de João
constitui um divisor de águas. “A Lei
(Moisés) e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo
anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça para entrar
nele” (Lc 16:16).
14-15) Este é Elias que estava
para vir. Em que sentido João foi Elias que estava para vir? Ele veio no
espírito e poder de Elias (Lc 1:17). Até mesmo seu modo de vestir era
semelhante ao de Elias (2 Rs 1:7,8). Assim como Elias, João tinha uma mensagem
de julgamento para a nação apóstata de Israel. O Profeta Elias corajosamente pronunciou o julgamento de
Deus contra a vida e o reinado do rei Acabe, quando este consentiu com a morte
de um homem inocente chamado Nabote por se recusar a vender suas vinhas a ele
(1 Rs 21). Assim como o Profeta Elias, a
igreja deve advertir as autoridades quando cometerem injustiças contra os
cidadãos mais fracos. Segundo a profecia de Malaquias, Elias apareceria
antes que viesse o grande Dia do Senhor. “Eis
que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do
Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e coração dos filhos a
seus pais” (Ml 4:5,6). A mensagem de
Elias e João Batista em nossos dias é para trazer restauração dos
relacionamentos familiares e arrependimento antes da volta de Cristo, o dia do
Juízo.
A SABEDORIA DE UM SERVO COMPROVADA POR
SUAS OBRAS E NÃO PELOS RESULTADOS – 11:16-19
16-19) Jesus compara aquela geração com pessoas imaturas,
pois agiam como crianças infantis, como
garotinhos emburrados por não poderem fazer as coisas do seu jeito. João
veio e pregou uma mensagem severa de julgamento, e eles disseram: “Tem
demônio!”. Aí veio Jesus que se misturava com o povo, que bebia e comia com as
pessoas e pregava uma mensagem de salvação repleta de graça, e eles diziam: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo
de publicano e pecadores!” Não queriam o funeral nem o casamento, pois nada
lhes agradava. Exemplo: É
como uma banda que chega para tocar músicas alegres para um público hostil que
sequer levanta para dançar, mas quando resolvem mudar o estilo das músicas
alegres para músicas tristes e suaves para agradar ao público eles também
reclamam. Este é um tipo de gente que não se contenta com nada.
Mas a sabedoria é
justificada por suas obras, não pelos resultados.
Charles Spurgeon no segundo tópico do seu sermão “Os Dois
Efeitos do Evangelho” em 2 Coríntios 2:15-16, afirma que o Ministro não é
responsável pelos seus êxitos. É responsável do que prega e de sua vida e
ações, mas não é responsável das demais coisas. O ministro é como um semeador
que saiu a semear (Mt 13). Sua responsabilidade é semear e semear uma semente
adequada, pois o agricultor não faz dele responsável pela colheita. Se ele a
planta em boa terra é bem-aventurado, mas se cai no meio do caminho e as aves
do céu a comem, quem culpará o semeador? Poderia prevenir-se? Não, ele cumpriu
com seu dever. Quando este semeador chegar ao céu somente e o Senhor lhe
perguntar? Onde recolheste teu fruto? Ele dirá: “Senhor, eu semeei sobre a rocha, e não cresceu, somente um grão numa
noite de domingo foi levado pelo vento de um lado para o outro, até que caiu em
um coração preparado. Este é meu único fruto”. “Aleluia!”, ressoaram os seres angelicais, “um fruto entre as rochas é para Deus mais valiosa do que milhares em
boa terra, e este semeador sentará tão perto do trono quanto aquele que vem
inclinado com seus muitos frutos, provenientes de uma terra fértil”. Creio
que, se há graus na glória, não será proporcional ao nosso sucesso, mas a qualidade
de nossos esforços.
CONCLUSÃO: João Batista morreu decapitado por
causa de sua denúncia contra o relacionamento ilícito de Herodes Antipas com a
mulher de seu irmão (Mc 6:14-29). Um homem que sofreu em uma prisão
injustamente, sem presenciar o resultado daquilo que pregou, mas aprovado em
suas obras pela boca do próprio Cristo, que é o Rei dos Reis e Senhor dos
Senhores.
Esforça-te, filho de Deus, esforça-te, porque desejas
servir a Deus, o pão que se lança sobre as águas não se perderá para sempre. Se
jogares a semente entre as patas do boi ou asno, obterá uma colheita gloriosa
no dia em que Ele venha reunir seus escolhidos. O ministro, o servo, não é
responsável pelo seu resultado.
Se procedemos corretamente, e se com todo o nosso coração
nos esforçamos para cumprir com nossos deveres de ministros e servos do Senhor,
ainda que não vejamos jamais nenhum resultado, receberemos a coroa. (Charles
Spurgeon – Sermão pregado na manhã de domingo de 17.05.1855).
Muito bom...
ResponderExcluirOlhei muitos artigos e estudos sobre o assunto e de longe este foi o melhor, para a honra e Glória de Deus continuem sendo usados com um palavra direta e verdadeira.
Amei amados e já me inscrevi...
Deus os abençoe...
Glória a Deus
ResponderExcluirQue Deus continue a usar sua vida!
ResponderExcluirBelíssimo texto explicativo!
Glória a Deus 🙏
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