No
começo da década de 2010 houve um declínio da saúde mental em muitos países, indicado
por um aumento acentuado nos índices de ansiedade,
depressão e automutilação em pré-adolescentes e adolescentes, com maior impacto
nas meninas. O que mudou na vida dos adolescentes no início de 2010?
A geração Z (nascidos a partir de 1995), conhecida como a geração ansiosa, foi a mais afetada com a chegada do iPhone em 2007 e a nova era das redes sociais. Diferentemente das outras gerações, os adolescentes da geração Z passaram muito menos tempo brincando, conversando, tendo contato visual com amigos e parentes.
Passamos por uma transição de uma “infância baseada no brincar” (anos 1980) para uma “infância baseada no celular” (anos 2010). Com isso houve uma ascensão do medo e da superproteção dos pais.
Nas últimas décadas os pais deixaram seus filhos vagarem livres no mundo virtual e decidiram ser superprotetores do mundo real. A superproteção interfere em seu desenvolvimento tornando-os mais propensos à fragilidade e ao medo na vida adulta.
Pais que tentam criar seus filhos numa bolha de limpeza na verdade prejudicam o sistema imunológico dos filhos. Da mesma forma, pais que tentam criar seus filhos numa bolha de satisfação, protegendo-os de frustrações, consequências e emoções negativas, na verdade estão impedindo o desenvolvimento de resolução de conflitos, autocontrole, tolerância à frustração etc.
Crianças precisam brincar com brincadeiras físicas arriscadas. Descer uma pista de skate, subir em árvores, brincar no balanço e andar de bicicleta envolvem riscos de ferimento físico. Jogos on-line não oferecem nenhum desses riscos. Os parquinhos atuais estão cada vez mais ultrasseguros.
Eliminar brincadeiras arriscadas ao ar livre pode acarretar em muitos prejuízos na vida adulta. Crianças expostas de maneira rotineira a pequenos riscos se tornarão adultos capazes de lidar com riscos muito maiores sem entrar em pânico.
Lembre-se, brincar livre é essencial para o desenvolvimento de habilidades sociais e físicas. A superproteção é perigosa porque dificulta que as crianças aprendam a cuidar de si mesmas e lidem com riscos, conflitos e frustrações.
REFERENCIAL TEÓRICO
HAIDT,
Jonathan. A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada está
causando uma epidemia de transtornos mentais. São Paulo: Companhia das Letras,
2024.