sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Equilibrando nossas emoções

Aquilo que amamos molda fundamentalmente o que sentimos. Mas e se as coisas que amamos e valorizamos não forem boas? Ao invés de controlar, precisamos aprender a lidar com as emoções.

As emoções vêm e vão ao seu bel-prazer. O autor do salmo 42 descreve que enquanto sua alma “tem sede de Deus” (v.1-2), ele está ao mesmo tempo lutando com suas emoções e perguntado: “Por que está abatida, ó milha alma?” (vs.5,11).

Deus nos deu emoções que na verdade são projetadas para não mudar, a menos que aquilo que amamos mude ou que o que está acontecendo com o que amamos mude. É normal e apropriado que as emoções venham imediatamente, sem escolha consciente.

Seria estranho se precisássemos consultar uma planilha com possíveis emoções e selecionar “muito feliz” ou “muito triste”. Se um amigo nos contasse boas notícias e respondêssemos: “estou tentando decidir como me sentir agora” ele ficaria magoado.

Uma “fé perfeita” não significa controle sobre emoções. Devemos falar com Deus sobre coisas que nos perturbam e nos frustram. Precisamos de um novo coração e não de mais sentimentos confortáveis, ou seja, somos chamados a lidar efetivamente com nossas emoções no dia a dia.

Existem dois extremos de tentar lidar com as emoções. O hiperemocionalismo coloca as emoções como algo mais importante na pessoa, à frente do caráter e até da fidelidade a obediência a Deus.

Já o estoicismo é associado a ser um cara durão que menospreza as emoções. Em alguns ambientes cristãos é comum ouvir frases do tipo: “a única razão para se sentir mal é se você não tiver fé suficiente”. Isso acaba pressionando as pessoas sorrirem para verem o quanto Deus é bom, quando na verdade esquecem que sentimentos negativos, como a tristeza, é algo normal de se sentir em tempos de angústia.

Igreja é um lugar de conforto na angústia, mas em ambientes em que somente as emoções positivas são permitidas as emoções negativas são reprimidas para mostrar que a fé “conquista” as emoções negativas. Quando não criamos espaço em nossa teologia para a tristeza, o medo, a ira, a culpa, a vergonha, o desânimo e etc., nossa fé se torna desequilibrada.

O processo de lidar com as emoções envolve identificar (tomar consciência daquilo que está acontecendo dentro de nós), examinar (o que elas estão dizendo e que efeito elas têm sobre aquilo que amamos?), avaliar (as emoções podem nos ajudar a revelar se algo está errado em nosso coração) e saber agir (o objetivo não é mudar as emoções, mas estar pronto para agir em prol daquilo que é eterno ao invés daquilo que é passageiro).

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GROVES, J. Alasdair; WINSTON T. Smith. Organize suas emoções. São José dos Campos: Fiel, 2022.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

As emoções negativas podem ser positivas

Não é errado ficarmos horrorizados e irados com a violência, abuso e injustiças. Ai daquele que perde a capacidade de se indignar com a perversidade do mundo quebrado. Quando passamos a achar massacres, estupros e violações da lei de Deus algo corriqueiro e normal nosso coração já está muito danificado pelo mal.

Uma série de sentimentos desconfortáveis pode ser profundamente piedosa, correta e santa. Fomos feitas à imagem de Deus, para ver como ele vê, responder como ele responde, odiar o que ele odeia e desagradar-se com o que desagrada ele.

Não sentir dor quando alguém que amamos morre ou não ficar chateado quando nossos filhos mentem ou se machucam seria errado. Que tipo de pai não ficaria irado quando alguém tem prazer cruel em abusar de seus filhos?

Nossas emoções negativas são um presente de Deus e desempenham um papel necessário em nossas vidas que é dizer que algo está errado. Da mesma maneira que as emoções positivas como alegria, paz, felicidade e contentamento nos mostram que as coisas estão indo bem, a repugnância, o incômodo, o desânimo e a ira são emoções que nos ajudam a identificar os lugares que estão em desordem.

As emoções provavelmente têm origem na mente e no corpo. Para a Bíblia, mais importante do que saber de onde vêm nossas emoções é saber o que elas fazem.

Primeiro, nossas emoções comunicam valor. Nossas emoções expressam aquilo que valorizamos e amamos. Nossas lágrimas como nossa ira fluem do que valorizamos ou amamos.

Segundo, nossas emoções nos ajudam a nos conectar. Compartilhar experiências é fundamental para a própria natureza do amor. Paulo escreveu: “O amor seja sem hipocrisia” (Rm 12:9). E uma das maneiras desse amor genuíno se expressar nos relacionamentos é se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm 12:15).

Terceiro, as emoções nos motivam. Elas nos dão a energia física e a motivação para fazermos as coisas. É uma chamada à ação. Nossas emoções nos estimulam a promover os propósitos de Deus e a colocar nossos valores em ação. Não adiante ficar indignado com uma injustiça e não fazer nada, é preciso agir.

Por último, nossas emoções nos direcionam a Deus. Além de nos ajudar a interagir e as nos conectar com as pessoas e com nossos valores centrais, nossas emoções revelam nossa conexão com Deus. Nossas emoções são uma expressão de adoração. Por isso elas precisam estar alinhadas com a vontade de Deus.

A alegria piedosa e a aflição piedosa, refletem a adoração piedosa. Todas as emoções dolorosas e piedosas servem para nos manter mais firmes e obedientes a Deus. Mas, se a nossa adoração estiver em um ídolo estaremos amando a coisa errada.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GROVES, J. Alasdair; WINSTON T. Smith. Organize suas emoções. São José dos Campos: Fiel, 2022.

Ira boa vs. ira má: o que a ira comunica?

Nossas emoções são moldadas pelo que nós amamos e valorizamos. Por isso é importante aprender a lidar com as emoções (identificar, examin...