“Não
cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o
seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma
que pertença ao teu próximo” (Êx 20:17)
Olá querido leitor, estamos
concluindo nossa sequência de estudos sobre os Dez Mandamentos e tenho certeza
que você e eu fomos muito abençoados com estas ordenanças do Senhor para nossas
vidas.
A finalidade deste mandamento é
mostrar que Deus quer que o nosso coração esteja cheio do amor cristão e pela
disposição caridosa com o nosso próximo (Fl 2:4), afastando do nosso coração
todo desejo que seja contrário ao amor (Rm 12:14,15). Não devemos acolher
nenhum pensamento que possa induzir ou incitar nosso coração a concupiscência
ou cobiça (Cl 3:5; Tg 1:14,15; 1 Jo 2:16), pois com estes maus pensamentos
podemos levar o nosso próximo a sofrer algum tipo de dano ou prejuízo (Catecismo
Maior de Westminster 147, 148).
Cobiçar é desejar o que é do
outro já a inveja é pior, é se incomodar com o que os outros têm. Ambos
sentimentos são extremamente negativos, pois no fundo quando uma pessoa se
apega a algo que não é seu, ou é porque quer para ela mesma (cobiça) ou porque
deseja que o outro não tenha algo (inveja). Calvino faz uma observação
interessante sobre a diferença entre a intenção e a cobiça (CALVINO,
As Institutas, I, p. 210, 2006). Pois se o Senhor proibiu o adultério, o
furto, o ódio e mentira com isso proibiu também todo desejo de causar dano,
enganar e roubar. Então por que proibir agora, separadamente, o cobiçoso desejo
dos bens alheios? Existe uma diferença entre propósito e concupiscência. Ele
chama de propósito a intenção deliberada da vontade, quando o coração do homem
é vencido e subjugado pela tentação. E a concupiscência ou cobiça pode ocorrer
sem essa deliberação ou consentimento, quando o coração é apenas afagado e
incitado a praticar alguma maldade. Nosso maior problema é quando não damos
importância a nossa retidão interior, “jamais
podemos ter no pensamento algum desejo sem que o coração seja tocado e
inflamado por esse desejo” (Calvino). De nada adianta não praticarmos uma
imoralidade física se nossa mente estiver repleta de fantasias condenadas por
Deus em sua palavra (Mt 5:27,28). Não podemos deixar que o nosso coração seja
provocado ou incitado por estes males. A cobiça começa pelo permitir o contato
visual. O desejo entra em seu coração através do estímulo visual suscitado. O
pecado começa pelo desejo e pela imaginação, o mal depois de concebido dá a luz
a iniquidade (Pv 6:25; Is 59:4). Martinho Lutero disse: “Você não pode evitar que os passarinhos voem sobre a sua cabeça, mas
pode evitar que eles façam um ninho nos seus cabelos.”
A melhor forma de deixarmos
essa vida de fantasias e desejos cobiçosos é viver uma vida de pleno
contentamento com a nossa condição. A Bíblia nos ensina que grande fonte de
lucro na vida de um homem que encontrou Jesus é viver com piedade e
contentamento (1 Tm 6:6). “Tendo sustento
e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6:8). Para o mundo
globalizado, sucesso é obter um diploma universitário, ter um carro zero
importado, adquirir um apartamento próprio e conquistar a presidência de uma
grande empresa. É chegar preferencialmente ao topo. O pior é que este
pensamento tem sido ensinado por falsos mestres na igreja. “Contentamento significa uma suficiência interior que nos mantem em paz
apesar das circunstâncias exteriores” (Wiersbe; Fp 4:11; Hb 13:5; Jó 1:21).
“A maior vitória é estar bem no lugar em
que está, satisfeito com o que se tem.” (Willan Douglas & Rubens
Teixeira). O verdadeiro contentamento vem da piedade no coração, não do
dinheiro. O povo de Israel depois que foi liberto da escravidão no Egito
iniciou sua jornada para terra prometida e no meio do caminho quando
encontraram obstáculos e desafios ao invés de olharem para o alvo voltaram seus
olhos para trás e desejaram voltar para escravidão, passaram a murmurar (1 Co
10:10; Êx 16:2). Anos mais tarde o povo de Judá começou a se lembrar dos seus
dias de mocidade em que se prostituia na terra do Egito (Ez 23:19). Eles
estavam incitando seus corações a cobiçarem e desejarem coisas das quais eles
haviam sido libertos pelo Senhor. Não é à toa que muitos homens casados deixam
seus lares, esposas e filhos para viverem todas as fantasias e desejos
cobiçosos de lembranças do passado, se esquecendo que exatamente estas mesmas coisas
que antes os escravizavam, um dia foram pregadas na cruz e pelo sangue da Cruz
de Cristo libertos da escravidão do pecado e pela sua ressureição justificados
(Rm 4:25). A cobiça demonstra um coração infeliz sem contentamento. O cobiçoso
não consegue focar sua visão no alvo das promessas, seus olhos fixam somente
nas circunstâncias visíveis, não vive pela Fé, porém, o justo vive pela sua Fé
(Hc 2:4; Jo 3:36; Rm 1:17; Hb 10:38).
“Aquele que vê a beleza da santidade ou do verdadeiro bem moral vê a
maior e mais importante coisa do mundo” (Jonathan Edwards). Renda-se a
Cristo, somente pela Fé podemos encontrar a verdadeira paz com Deus e
contentamento na esperança da sua glória (Rm 5:1,2)!
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