segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O que é personalidade?



Na animação de “Os Smurfs e a Vila Perdida” a principal personagem é a Smurfete. Ela foi criada pelo perverso Gargamel, usando magia negra, feita com argila. O nome Smurfete não dizia nada sobre ela. Não diz quem ela é, nem o que ela faz. A principal pergunta feita na animação é: “O que é exatamente uma Smurfete?”

Fica claro que o objetivo da animação e tratar sobre a questão da personalidade (ideologia de gênero).

Cada Smurf é conhecido pelo seu traço de personalidade, que é o seu nome, por exemplo: o xereta, o ranzinza, o desastrado, o gênio, o robusto e etc.

Há um momento em que o Gênio diz: “Vai na fé!” e a Smurfete reponde: “Toda vez que você diz vai na fé eu perco até a vontade de”...(sempre acontece alguma coisa errada). Neste momento a animação menospreza o dom de Deus, a fé, que possibilita o conhecimento de Deus e de sua obra. A fé implica crença, confiança e esperança. Pela fé a pessoa tem visão da justiça e da bondade de Deus. A fé o único “veículo” para salvação em Cristo! E foi menosprezada de forma sutil nesta animação.

Outra frase que me chamou atenção foi quando Smurfete disse: “É ao papai!” Alguém respondeu assim: “Papai? Mais uma palavra boba!” Neste momento a animação menospreza Deus Pai, a primeira pessoa da Trindade e desqualifica o papel do homem no lar como marido e pai. Como sempre a figura masculina sendo massacrada nas animações infantis.

Quase no fim, o Smurf Gênio diz: “Não vamos achar a resposta num livro”. Uma maneira sutil de menosprezar o conhecimento de Deus através da Bíblia, e a própria pessoa de Jesus, pois ele é a palavra encarnada, o Verbo que habitou entre nós! (Jo 1:10,14).

No final a grande e principal pergunta é respondida pelos seus colegas que “definem” o que ela é. Ela mesma não diz nada sobre sua personalidade. Eles dizem: A Smurfete, bom, eu não preciso de um “livro” para dizer o que ela é...ela não pode ser definida por uma palavra só, ela é muitas coisas. Ela é minha melhor amiga. Ela é encantadora de coelhinhos. Ela é valente. A Smurfete pode ser tudo o que ela quiser ser!

O que é personalidade?

A personalidade humana não é descoberta pelo homem nem produto do engenho humano. Antes, ela principia em Deus e somente tem finalidade nele (Wadislau M. Gomes. Personalidade Centrada em Deus, 2017, p.36).

Ele é “o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Ap 21:6). Tudo principia e se conclui no próprio Ser de Deus e não na razão do homem em ralação ao conhecimento de Deus.

A personalidade humana é teorreferente (ela só existe em referência ao único Deus soberano e pessoal que a criou à sua imagem e semelhança).

“No conhecimento de Cristo e sua obra de salvação é possível obtermos o verdadeiro conhecimento de nós mesmos” (GOME;, 2017, p.47). O Verbo, o Cordeiro de Deus, revelam nossa própria identidade (Jo 1:1-14).

Conhecer a si mesmo significa conhecer Jesus Cristo, o autor da vida e da salvação. Significa compreender sua encarnação, sua vida de obediência, sua morte na cruz do Calvário, sua ressureição e sua ascensão.

O homem foi criado por Deus para refletir seu caráter, isto é, sua imagem e semelhança por meio de uma formação analógica, pactual e dialogal (GOMES; 2017, p. 108).

Uma definição da personalidade humana deveria conter, pelo menos, três perspectivas teorreferentes: a vida humana é análoga, pactual e dialogal.

Personalidade Analogal

Jamais haverá conhecimento de Deus nem conhecimento do homem que procede dele, se não for por meio da Revelação em Jesus. O coração humano enfrenta densas trevas de ignorância. Não consegue ver a Deus nem vê seu próximo nem pode conhecer a si mesmo (GOMES; 2017, p. 53).

“Cada atividade de cada aspecto da personalidade humana, em qualquer estágio de desenvolvimento, atua como derivativa da personalidade ante o pano de fundo da personalidade absoluta de Deus. O homem é uma personalidade analogal” (Cornelius Van Til, Psychology of Religion, 1971, p.73).

O homem é um ser religioso, chamado para cultuar a Deus e guardar sua palavra. A natureza religiosa do homem envolve os conceitos de conhecimento, propósito e finalidade (GOMES, 2017, p. 54).
  • ·         Conhecimento: o homem foi criado por Deus para ser reflexo de sua glória (Is 43:7). Homem e mulher foram criados de maneira análoga ao Senhor para refletir a glória da imagem e semelhança do Criador (Gn 1:26; Jr 9:24). O homem é incapaz de conhecer a Deus por sua própria capacidade de conhecimento, somente em virtude da natureza redentora de Deus (Ez 20:9). Deus redime o conhecimento humano. O mundo não pode conhecer o Verbo da luz da vida por que sua natureza se encontra decaída por causa do pecado (Jo 1:10; 17:25-26; Rm 1:18; Jó 5:14). Ainda assim Deus se dá a conhecer a todos os homens (Rm 1:19-25).
  • ·         Propósito e finalidade: os homens predestinados para a adoção em Cristo podem conhecer a Deus como ele quer ser conhecido, e podem também conhecer a finalidade de suas vidas e o propósito de sua vida em nós (Rm 8:27-31).

Personalidade Pactual

O homem é um ser atuante, chamado para dominar e expandir as obras de Deus no mundo de Deus, sob o governo de Deus (GOMES; 2017, p. 108).

Sem o conhecimento da profundidade do pecado, o homem não terá como saber como poderia ser (Mt 15:14; Rm 3:20). Mesmo tendo a revelação da Escritura, o homem sem Deus a si mesmo se engana, suprimindo o conhecimento do Altíssimo e o conhecimento de si mesmo (Tg 1:23-24). O homem natural não pode conhecer a Deus nem a si mesmo (1 Co 1:11-14). A personalidade humana encontra habitação no Verbo criador da luz e da vida. Todos os que receberam a habitação de Deus em Cristo, foi dado o poder de serem filhos de Deus (Rm 8:29-30). O pacto de obras no Jardim do Édem foi rompido pelo pecado. Este pacto implicava a promessa de vida e de habitação (com Deus no Jardim). O pacto da redenção (graça) envolveu a promessa da vinda do “descendente da mulher” que esmagaria a cabeça da serpente, que cumpriria toda a exigência da lei, e faria a expiação dos nossos pecados através do seu corpo (morte e ressureição) (Gn 3:15).

Personalidade dialogal

O homem é um ser relacional, motivado por pessoas e palavras, primeiro por Deus e sua palavra, e segundo, por outras pessoas e suas palavras (de onde vem o desejo de identidade e associação) (GOMES; 2017, p. 108-109).

A graça do evangelho é o movimento de Deus na direção do homem a fim de lhe atribuir a vida eterna e glória (conhecida pela ação do Espírito). Essa é a única maneira pela qual um homem poderá reconhecer o Verbo de Deus, ou seja, por meio da motivação pessoal do Espírito de Deus (GOMES; 2017, p. 61).

A personalidade humana se caracteriza pela motivação básica do homem interior, isto é, pelo próprio Deus, seja contra ou a favor dele. A personalidade humana não se configura nas características aparentes das suas crenças básicas, nem nas imaginações criativas do seu coração, nem nas suas operações emocionais e comportamentais. Mas para uma pessoa regenerada há renovação do entendimento das imaginações do coração, o que provoca operações emocionais e comportamentais baseadas na experiência interna com o Espírito Santo.
  • ·         Imaginação: (eventos ambientais que influenciam o coração). A pessoa percebe a realidade criada segundo a perspectiva de Deus e, de maneira receptivamente criativa, imagina (concebe) o sentido da vida, os elementos da graça divina e da gratidão humana.
  • ·         Operação: (de atos mentais que dirigem o coração): a pessoa opera no mundo segundo a vontade de Deus, de maneira receptivamente redentiva, adquirindo a dimensão de vida e crescimento no exercício do amor a Deus e aos homens.
Segundo Jay Adams, “personalidade é a soma total daquilo que alguém é por natureza e formação”. (GOMES; 2017. p.106).

A personalidade humana é dialogal. Ela é aquilo que se transforma “no encontro”, no diálogo com Deus, e após ele, com o mundo. De fato, é o diálogo singular entre as duas naturezas de Cristo. Jesus Cristo é a expressão exata do ser de Deus (Hb 1:310), ele é a encarnação perfeita da figura humana (Fp 2:7), sendo ele mesmo a mediação do diálogo entre Deus e os homens por meio da sua obra redentora (1 Tm 2:5). Jesus Cristo é o mediador do diálogo entre Deus e os homens. Todo ato criador de Deus ocorreu mediante sua Palavra, o Filho, o Verbo de Deus.

CONCLUSÃO

Nós não podemos ser o que pensamos que podemos ser, nem o que a mídia ou a sociedade pensam o que eles “definem” quem nós somos, não, o homem é um ser religiosos, atuante e relacional. O homem encontra-se decaído por causa do pecado, rebelando-se contra a vontade de Deus, revertendo os pensamentos de Deus e invertendo o referencial de sua imagem pessoal e pública. Sua personalidade é teorreferente e não autorreferente. Sua personalidade é analogal, pactual e dialogal. A reposta sobre a grande e principal pergunta da animação citada acima (quem nós somos?) encontra-se nas Escrituras, no próprio Verbo, o Cordeiro de Deus. O homem foi criado por Deus para refletir seu caráter, sua imagem e semelhança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por que as redes sociais têm um impacto negativo maior nas meninas que nos meninos?

Vimos no artigo anterior que no começo da década de 2010 houve um declínio da saúde mental em muitos países, indicado por um aumento acentu...