Na
animação de “Os Smurfs e a Vila Perdida” a principal personagem é a Smurfete.
Ela foi criada pelo perverso Gargamel, usando magia negra, feita com argila. O nome
Smurfete não dizia nada sobre ela. Não diz quem ela é, nem o que ela faz. A
principal pergunta feita na animação é: “O que é exatamente uma Smurfete?”
Fica
claro que o objetivo da animação e tratar sobre a questão da personalidade (ideologia
de gênero).
Cada
Smurf é conhecido pelo seu traço de personalidade, que é o seu nome, por
exemplo: o xereta, o ranzinza, o desastrado, o gênio, o robusto e etc.
Há
um momento em que o Gênio diz: “Vai na fé!” e a Smurfete reponde: “Toda vez que
você diz vai na fé eu perco até a vontade de”...(sempre acontece alguma coisa
errada). Neste momento a animação menospreza o dom de Deus, a fé, que
possibilita o conhecimento de Deus e de sua obra. A fé implica crença,
confiança e esperança. Pela fé a pessoa tem visão da justiça e da bondade de
Deus. A fé o único “veículo” para salvação em Cristo! E foi menosprezada de
forma sutil nesta animação.
Outra
frase que me chamou atenção foi quando Smurfete disse: “É ao papai!” Alguém
respondeu assim: “Papai? Mais uma palavra boba!” Neste momento a animação menospreza
Deus Pai, a primeira pessoa da Trindade e desqualifica o papel do homem no lar
como marido e pai. Como sempre a figura masculina sendo massacrada nas animações
infantis.
Quase
no fim, o Smurf Gênio diz: “Não vamos achar a resposta num livro”. Uma maneira
sutil de menosprezar o conhecimento de Deus através da Bíblia, e a própria
pessoa de Jesus, pois ele é a palavra encarnada, o Verbo que habitou entre nós!
(Jo 1:10,14).
No
final a grande e principal pergunta é respondida pelos seus colegas que “definem”
o que ela é. Ela mesma não diz nada sobre sua personalidade. Eles dizem: A
Smurfete, bom, eu não preciso de um “livro” para dizer o que ela é...ela não
pode ser definida por uma palavra só, ela é muitas coisas. Ela é minha melhor
amiga. Ela é encantadora de coelhinhos. Ela é valente. A Smurfete pode ser tudo
o que ela quiser ser!
O que é personalidade?
A
personalidade humana não é descoberta pelo homem nem produto do engenho humano.
Antes, ela principia em Deus e somente tem finalidade nele (Wadislau M. Gomes.
Personalidade Centrada em Deus, 2017, p.36).
Ele é “o
Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Ap 21:6). Tudo principia e se conclui no
próprio Ser de Deus e não na razão do homem em ralação ao conhecimento de Deus.
A personalidade humana é teorreferente (ela só existe em referência ao único Deus soberano e pessoal que a criou à sua imagem e semelhança).
“No
conhecimento de Cristo e sua obra de salvação é possível obtermos o verdadeiro
conhecimento de nós mesmos” (GOME;, 2017, p.47). O Verbo, o Cordeiro de Deus,
revelam nossa própria identidade (Jo 1:1-14).
Conhecer a si mesmo significa conhecer Jesus Cristo, o autor da vida e da salvação. Significa compreender sua encarnação, sua vida de obediência, sua morte na cruz do Calvário, sua ressureição e sua ascensão.
O
homem foi criado por Deus para refletir seu caráter, isto é, sua imagem e
semelhança por meio de uma formação analógica, pactual e dialogal (GOMES; 2017,
p. 108).
Uma
definição da personalidade humana deveria conter, pelo menos, três perspectivas
teorreferentes: a vida humana é análoga,
pactual e dialogal.
Personalidade
Analogal
Jamais
haverá conhecimento de Deus nem conhecimento do homem que procede dele, se não
for por meio da Revelação em Jesus. O coração humano enfrenta densas trevas de
ignorância. Não consegue ver a Deus nem vê seu próximo nem pode conhecer a si
mesmo (GOMES; 2017, p. 53).
“Cada
atividade de cada aspecto da personalidade humana, em qualquer estágio de
desenvolvimento, atua como derivativa da personalidade ante o pano de fundo da
personalidade absoluta de Deus. O homem é uma personalidade analogal”
(Cornelius Van Til, Psychology of Religion, 1971, p.73).
O
homem é um ser religioso, chamado para cultuar a Deus e guardar sua palavra. A natureza
religiosa do homem envolve os conceitos de conhecimento,
propósito e finalidade (GOMES, 2017, p. 54).
- · Conhecimento: o homem foi criado por Deus para ser reflexo de sua glória (Is 43:7). Homem e mulher foram criados de maneira análoga ao Senhor para refletir a glória da imagem e semelhança do Criador (Gn 1:26; Jr 9:24). O homem é incapaz de conhecer a Deus por sua própria capacidade de conhecimento, somente em virtude da natureza redentora de Deus (Ez 20:9). Deus redime o conhecimento humano. O mundo não pode conhecer o Verbo da luz da vida por que sua natureza se encontra decaída por causa do pecado (Jo 1:10; 17:25-26; Rm 1:18; Jó 5:14). Ainda assim Deus se dá a conhecer a todos os homens (Rm 1:19-25).
- · Propósito e finalidade: os homens predestinados para a adoção em Cristo podem conhecer a Deus como ele quer ser conhecido, e podem também conhecer a finalidade de suas vidas e o propósito de sua vida em nós (Rm 8:27-31).
Personalidade
Pactual
O
homem é um ser atuante, chamado para dominar e expandir as obras de Deus no
mundo de Deus, sob o governo de Deus (GOMES; 2017, p. 108).
Sem
o conhecimento da profundidade do pecado, o homem não terá como saber como
poderia ser (Mt 15:14; Rm 3:20). Mesmo tendo a revelação da Escritura, o homem
sem Deus a si mesmo se engana, suprimindo o conhecimento do Altíssimo e o
conhecimento de si mesmo (Tg 1:23-24). O homem natural não pode conhecer a Deus
nem a si mesmo (1 Co 1:11-14). A personalidade humana encontra habitação no
Verbo criador da luz e da vida. Todos os que receberam a habitação de Deus em
Cristo, foi dado o poder de serem filhos de Deus (Rm 8:29-30). O pacto de obras
no Jardim do Édem foi rompido pelo pecado. Este pacto implicava a promessa de
vida e de habitação (com Deus no Jardim). O pacto da redenção (graça) envolveu
a promessa da vinda do “descendente da mulher” que esmagaria a cabeça da
serpente, que cumpriria toda a exigência da lei, e faria a expiação dos nossos
pecados através do seu corpo (morte e ressureição) (Gn 3:15).
Personalidade
dialogal
O
homem é um ser relacional, motivado por pessoas e palavras, primeiro por Deus e
sua palavra, e segundo, por outras pessoas e suas palavras (de onde vem o
desejo de identidade e associação) (GOMES; 2017, p. 108-109).
A
graça do evangelho é o movimento de Deus na direção do homem a fim de lhe
atribuir a vida eterna e glória (conhecida pela ação do Espírito). Essa é a
única maneira pela qual um homem poderá reconhecer o Verbo de Deus, ou seja,
por meio da motivação pessoal do Espírito de Deus (GOMES; 2017, p. 61).
A
personalidade humana se caracteriza pela motivação básica do homem interior,
isto é, pelo próprio Deus, seja contra ou a favor dele. A personalidade humana
não se configura nas características aparentes das suas crenças básicas, nem
nas imaginações criativas do seu coração, nem nas suas operações emocionais e
comportamentais. Mas para uma pessoa regenerada há renovação do entendimento das imaginações do coração, o que provoca operações emocionais e comportamentais baseadas na experiência interna com o Espírito Santo.
- · Imaginação: (eventos ambientais que influenciam o coração). A pessoa percebe a realidade criada segundo a perspectiva de Deus e, de maneira receptivamente criativa, imagina (concebe) o sentido da vida, os elementos da graça divina e da gratidão humana.
- · Operação: (de atos mentais que dirigem o coração): a pessoa opera no mundo segundo a vontade de Deus, de maneira receptivamente redentiva, adquirindo a dimensão de vida e crescimento no exercício do amor a Deus e aos homens.
A
personalidade humana é dialogal. Ela é aquilo que se transforma “no encontro”,
no diálogo com Deus, e após ele, com o mundo. De fato, é o diálogo singular
entre as duas naturezas de Cristo. Jesus Cristo é a expressão exata do ser de
Deus (Hb 1:310), ele é a encarnação perfeita da figura humana (Fp 2:7), sendo
ele mesmo a mediação do diálogo entre Deus e os homens por meio da sua obra
redentora (1 Tm 2:5). Jesus Cristo é o mediador do diálogo entre Deus e os
homens. Todo ato criador de Deus ocorreu mediante sua Palavra, o Filho, o Verbo
de Deus.
CONCLUSÃO
Nós
não podemos ser o que pensamos que podemos ser, nem o que a mídia ou a sociedade
pensam o que eles “definem” quem nós somos, não, o homem é um ser religiosos,
atuante e relacional. O homem encontra-se decaído por causa do pecado,
rebelando-se contra a vontade de Deus, revertendo os pensamentos de Deus e
invertendo o referencial de sua imagem pessoal e pública. Sua personalidade é
teorreferente e não autorreferente. Sua personalidade é analogal, pactual e
dialogal. A reposta sobre a grande e principal pergunta da animação citada acima (quem nós somos?) encontra-se nas Escrituras, no próprio
Verbo, o Cordeiro de Deus. O homem foi criado por Deus para refletir seu caráter,
sua imagem e semelhança.
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