
A ideologia do liberalismo em geral é depender
essencialmente de sua fé fundamental na soberania do indivíduo (KOYZIS; 2014,
p.51). O liberalismo parti de uma crença liberal na autonomia humana, que vai
muito além de um simples apreço pela liberdade pessoal. Ser autônomo é dirigir
a si mesmo, governar a si mesmo segundo a lei que se escolheu para si (KOYZIS;
2014, p.56).
No liberalismo, a individualidade dada por Deus, um
dos bens da criação, se transforma em um individualismo em que todas as
instituições sociais são consideradas derivadas da volição dos indivíduos e
sujeitas à soberania de suas vontades (KOYZIS; 2014, p.160).
O liberalismo e a democracia ideológica acreditam
que a autonomia individual é a situação “natural” do homem e que somente o
consentimento voluntário pode legitimar qualquer autoridade.

Interessante observar que até mesmo parte de
moradores de periferia de São Paulo tem preferências de cunho liberal, como o
reconhecimento do esforço pessoal (pesquisa da Fundação Perseu Abramo, ligada
ao PT). Outra pesquisa do instituto Ideia Inteligência, encomendada pela
Revista Exame, entrevistou 5.000 pessoas de 38 cidades, e revelou que 56% dos
brasileiros acreditam que o que faz o Brasil crescer é o esforço individual, e
não políticas do governo. Outros 64% acham os serviços oferecidos por empresas
privadas melhores do que os mesmos serviços oferecidos pelo governo. “As
pessoas admitem que o serviço privado é melhor do que o público” (Maurício
Moura – Presidente da Ideia Inteligência).
Sem dúvida nenhuma a Liberdade Individual é um modelo político muito melhor do que o Estatismo que é associado a posição
esquerdista em que o Estado ou o partido adquire uma dimensão transcendente,
agindo para estender seu domínio ideológico sobre todas as esferas da
sociedade.
O que é preocupante, é a forma como os jovens e o
povo brasileiro depositam rapidamente suas esperanças em pessoas chamando-os de
“mito”. O povo precisa entender que toda ideologia é idolátrica, pois ela se
coloca em uma espécie de Deus capaz de nos salvar.
O liberalismo contribui de forma construtiva para a
proteção dos genuínos direitos humanos, mas segundo Koysis (2014), fracassa em
dois planos:
Primeiro, ele oferece falsa visão baseada numa
crença fundamentalmente religiosa na autonomia do indivíduo humano diante da
autoridade externa. Segundo, o liberalismo é incapaz de ver o Estado como uma
comunidade dotada de autoridade e irredutível ao consenso voluntário dos
indivíduos que a constituem.
Vimos no início que no liberalismo, todas as instituições sociais são consideradas derivadas da volição dos indivíduos e sujeitas à soberania de suas vontades. Como é então que podemos rotular um comportamento como sendo “normal” ou “anormal”, ou seja, como serão oferecidas as soluções liberais nas políticas públicas, no que diz respeito aos problemas das pessoas?
Do ponto de vista cultural podemos ter um bom
desenvolvimento econômico e tecnológico, porém, este desenvolvimento pode
acontecer longe da presença do Deus vivo e verdadeiro (Gn 4:16-22, exemplo da descendência
de Caim). Do pondo de vista social, podemos ver a família se beneficiar de uma
boa economia de seu país e ao mesmo tempo se deteriorar devido a inversão de
valores da sociedade. Do ponto de vista espiritual nosso país pode até se
declarar cristão, mas prosseguir na adoração de ídolos e imagens de escultura e
ao mesmo tempo dizer adorar ao Senhor. Essa religiosidade retêm a preeminência
de Cristo e divide sua glória com falsos deuses feitos por mãos humanas.
Qual é o padrão ou modelo que o homem deve se
conformar, de modo que possa descobrir e ver como deve ser a vida humana? O
homem é soberano? O líder liberal deve se sujeitar a vontade do indivíduo, e legalizar
leis que satisfaçam suas vontades e que resolvam seus problemas?
Antes da queda do homem, Adão foi criado com uma
disposição e natureza designados a pensar e agir de modo a realizar certas
tarefas e a manter certos relacionamentos. Ele falhou em sua responsabilidade
dada por Deus de governar a terra, mas, o segundo Adão, Jesus Cristo, é o nosso
modelo exemplar no que diz respeito a obediência as normas de Deus. No governo
de Deus há dois tipos de lei: as leis da natureza e as normas. As leis da
natureza incluem as leis da gravidade, do movimento da termodinâmica, da
fotossíntese (física, química, biologia e etc). As normas são as leis de Deus
para a cultura e a sociedade. O ser humano tem responsabilidade. Ele é
responsável como executa os mandamentos de Deus e está sujeito ao castigo se
não o executar. A homem tem responsabilidade pessoal, e a vida humana em toda a
sua vasta série de relacionamentos culturais, sociais e pessoais, é normativa
nesse sentido (WOLTERS; 2006, p.29).
Porém, com base em teorias sociológicas, as normas
são estabelecidas de acordo com as estatísticas obtidas de várias maneiras. Por
exemplo, se um número considerável de pessoas, num dado período, em determinado
lugar, declararem suas preferências homossexuais, a homossexualidade será
declarada normal. Em Sodoma é bem provável que os sociólogos tivessem declarado
a heterossexualidade anormal, caso tivessem recebido alguma pressão a esse
respeito (ADAMS; 2006, p.147). O mesmo pode ser dito sobre a legalização da
maconha ou do aborto. Se a vontade do indivíduo é soberana, logo veremos uma
legalização geral de normas que serão contrárias à vontade preceptiva de Deus.
O Estado, a igreja e a família são ordenados por
Deus (Rm 13: 1-7; Gn 1:28; Cl 1:18). Aqueles que são familiarizados com a
expressão “soberania das esferas” de Abraham Kuyper saberão que cada esfera é
soberana, ou seja, o Estado não pode interferir na esfera da família, a família
deve cumprir com seus deveres para que o Estado não tenha que interferir em sua
esfera, e a Igreja não deve interferir em nenhuma destas esferas, mas tem o
dever de advertir o Estado caso esteja legalizando leis que não promovam a vida,
e tem o dever de instruir a família a viver de modo que glorifique a Deus, se
cada esfera mantiver sua identidade distinta e cumprir seu papel “divino”,
teremos um progresso espiritual e o mais importante: fidelidade e submissão a
Deus.
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