A busca pela aprovação e reconhecimento tem sido o
objeto de vida do homem pós-moderno. Infelizmente essa busca está arraigada
dentro da igreja. Não é incomum vermos o desespero, a frustração e
descontentamento com a vida de muitas pessoas, especificamente dos jovens
cristãos. A igreja hoje está dividida em compartimentos. Há igrejas que os
jovens não assistem cultos com seus pais ou familiares, pois eles têm um
“pastor de jovens” em um lugar separado dos outros. Estes já saem de seus lares
divididos, cada um no seu “mundo”, e não podem ser vistos com seus pais. O
culto que deveria ser da família, está divido em compartimentos, ou seja, ou é
do jovem, ou do idoso, ou é das crianças. A escola bíblica sim, deve ser
dividida em classes de acordo com a faixa etária, mas e o culto?
O culto transformou-se em um lugar de
entretenimento, e como não é suficiente, é necessário a realização de muitos
eventos extras, como acampamentos, jantares, noite somente de louvores e etc.,
para manterem os jovens entretidos. Que tipo de jovens estamos “formando” ou
“criando” nas igrejas? Valentes
guerreiros dispostos a sofrerem pelo nome de Cristo ou jovens acovardados,
hedonistas, indiferentes e confortáveis?
Veja o autor de Hebreus diz no capítulo 13:12-15:
“Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o
povo por meio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do
acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma
cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto,
ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios
que confessam o seu nome”
Sair do acampamento (tabernáculo) significa um serviço realizado a Deus
através de exílios, fugas, opróbrios e todo gênero de provações (Calvino). Significa
também que não há lugar definido, podemos trabalhar e servir a Deus em um lugar
e ali sermos expulsos, pois lá fora não há lugar seguro, somente o céu é nossa
herança. Estamos formando jovens indolentes, para desfrutarem de uma vida
tranquila. Jesus sofreu do lado de fora do portão, nós também fomos chamados
para lá, portanto o “tabernáculo” ou “acampamento” deve ser abandonado por aqueles
que querem servir a Cristo. Não estou dizendo que acampamentos, louvores, e
jantares citados acima são errados, pelo contrário, eu me converti em um
acampamento. O problema está na falta de objetividade, propósito e missão
destes eventos. Os jovens se sentem bem ali, e não vão sair para fora do
acampamento para sofrerem pelo nome de Cristo, pois não estão sendo treinados
para isso.
Jean Fleming em seu livro Between
Walden and the Whirlwind descreve o relacionamento que os dançarinos da New York City Ballet Company tinham com
o mestre de balé George Balanchine (1904-1983), chamado carinhosamente de “Mr.
B.”.
Para os dançarinos da New York
Ballet Company, o falecido George Balanchine era tanto o diretor quanto
público. Eles tanto o amavam, estimavam e temiam que, independentemente de quão
grande fosse a plateia, eles dançavam para um único espectador: Mr. B. Os
aplausos entusiasmados recebidos de todo o auditório pouco significavam se Mr.
B não estivesse satisfeito.
“Para focar nossa vida em Cristo, precisamos permitir que Ele seja o
nosso Diretor e nosso Público. Cada movimento de nossa vida deve ser
coreografado por Ele e apresentado para Ele” (Fleming). “Não é suficiente que
Jesus seja o nosso Diretor. Ele precisa ser também o nosso público. Não devemos
dançar para a plateia nem para os críticos dos jornais, mas para Jesus, nosso
Mr. B” (Robert Jones – Em Busca da Paz).
Nossa frustração, desespero e descontentamento com outras pessoas
(família, trabalho, igreja) que buscamos alcançar entendimento, vêm não porque
todos nossos esforços fracassaram, mas porque eles se tornaram nosso público, e
não estão contentes com a nossa apresentação.
A quem queremos agradar, a Deus ou homens?
Quem é o diretor e público de nossas vidas, Deus ou homens?
“A oração de quem quer agradar a Deus” deve ser: Meu alvo de vida, em
todos os momentos, deve ser agradar a Deus, não a mim mesmo nem aos outros.
Pai, pela Sua graça, ajude-me a agradá-lo com todos os meus pensamentos,
palavras, ações e desejos (Robert Jones – Em Busca da Paz).
“Por isso, temos o propósito de
lhe agradar, quer estejamos no corpo, quer o deixemos”
“E ele morreu por todos para que
aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou”
Ficar dentro do “acampamento” aparentemente é muito
melhor, mas é lá fora, sofrendo a desonra que Cristo sofreu que mostraremos a
quem estamos agradando, buscando reconhecimento ou aprovação.
Graças ao sacrifício de Cristo, a expiação que Ele
consumou de uma vez por todas com seu próprio sangue que Ele trouxe para dentro
do santuário celestial a fim de expiar os pecados do mundo (Lv 16:19,22,27; Hb 10:4,10-12),
não servimos a Deus por meio de sombras (Hb 8:5; Cl 2:17), mas através de exílios, fugas, opróbrios e todo gênero
de provações.