Período
Colonial X Revolução Industrial[1]
Antes da Revolução Industrial,
no período colonial as famílias viviam de maneira muito semelhante ao modo como
viveram por milênios nas sociedades tradicionais. O trabalho era feito em casa,
por famílias. Lojas, oficinas, escritórios ficavam na frente da casa, enquanto
a família morava em cima ou nos fundos. Cada negócio era um empreendimento
familiar. Casamento “significava” tornar colega de trabalho do marido. Mães
combinavam trabalho economicamente produtivo com a criação de filhos. Os pais
também estavam muito mais envolvidos na criação dos filhos que hoje.

Registros históricos mostram
que a literatura colonial sobre cuidados paternais e maternais como sermões e
manuais de criação de filhos não era direcionado à mãe, como a maioria hoje.
Era direcionada tipicamente para o pai. O homem era reputado como o pai
primário e particularmente importante na educação religiosa e intelectual dos
filhos.
Todos comiam e oravam juntos,
eles se levantavam e iam dormir no mesmo horário. Os homens se sentiam tão à
vontade na cozinha quanto as mulheres. Os livros de receitas e os de gestão
doméstica eram dirigidos principalmente para eles. Embora a vida colonial fosse
de trabalho opressivo e árduo, as famílias se beneficiavam da integração de
vida e trabalho, algo extremamente raro em nossa época.

Os homens não tiveram escolha
senão acompanhar o trabalho fora das casas e campos, e entrar em fábricas e
escritórios. A presença física dos homens em casa caiu drasticamente. Os pais
já não passavam bastante tempo com os filhos para educá-los e impor disciplina
regular. Depois da Revolução Industrial a casa passou a ser um local de consumo
ao invés de produção.
As mulheres ficaram socialmente
isoladas com crianças pequenas o dia todo. O papel das mães na criação dos
filhos ficou mais saliente do que fora no passado. Criar filhos se tornou
responsabilidade quase exclusiva da mãe. A liderança moral e espiritual não era
mais vista como atributo masculino. Agora se tornou trabalho das mulheres.
Os homens perderam contato
íntimo que desfrutavam com os filhos ao longo do dia e, por seguinte, não
atuaram mais como pai e professor primário dos filhos.
As mulheres perderam o contato
fácil com o mundo dos adultos, aos mesmo tempo que a responsabilidade dos
filhos aumentou.
Os prejuízos
causados na família pelo movimento feminista[2]

Simone deBeauvoir escreveu um
livro chamado Le Deuxième Sexe (O Segundo Sexo), em 1949, onde defende
que na cultura em que nós vivemos a mulher é definida pelo homem é o homem quem
define o papel da mulher. Ela diz que a mulher é quem tem que se definir, o
movimento de lesbianismo intelectual nasce com essa teoria, pois a mulher se
defini a partir de outra mulher e não do homem. O conceito de ideologia de
gênero da origem a sessenta possibilidades de sexualidade, e provém do
movimento feminista.
Vida
familiar X Carreira (Igualdade de Gênero)[3]
A Universidade de Chicago fez
estudos entre 1990 a 2006 sobre o mundo dos negócios. A pesquisa mostra que
logo após terminar o MBA e voltar ao mercado de trabalho, homens e mulheres
ganham a mesma coisa. Mas entre o 16º ano de carreira os homens já estão
ganhando quase o dobro. O fator mais importante para explicar a diferença
salarial não é o preconceito nem a experiência dos profissionais antes de
entrar na escola de negócios, embora eles existam. O que mais contou para
desvalorizar as mulheres foram as interrupções ao longo da carreira e a
quantidade de horas trabalhadas inferior ao dos homens. Em várias partes do
mundo, a maternidade é o ponto de reflexão na carreira das executivas. “Muitas mulheres não conseguem conciliar a
vida familiar e a carreira”, diz Fernando Mantovani, diretor da consultoria
de recrutamento americana Robert Half no mercado brasileiro.
Um grande número de mulheres
tem optado em passar mais tempo com os filhos do que continuar pisando fundo no
trabalho. No Brasil, cerca de 40% das mulheres em cargos de gestão pedem
demissão depois que têm filhos. Outras não chegam a abandonar o emprego, mas
ficam menos propensas a aceitar cargos que exijam longas jornadas. As que optam
por continuar acelerando a carreira, e ao mesmo tempo criar crianças pequenas
partem para a “terceirização”. Contratam vários funcionários para dar conta do
lar, como babá e empregadas domésticas (Fonte: Revista Exame, Edição 1091,
10.06.2015).
Reconstituindo
o Lar
As pessoas, principalmente os
cristãos precisam desafiar o padrão de “operário ideal” em nossa cultura
corporativa. Este empregado é aquele que está disponível para trabalhar em
tempo integral sem permitir que a vida pessoal e familiar interfira. São muitos
os pais que abrem mão de suas vidas pessoais e familiares para se dedicarem
exclusivamente ao seu plano de carreira, almejando status social. Muitos
justificam o trabalho excessivo dizendo querer dar o conforto que não tiveram em
sua infância para seus filhos.
Esse padrão de operário ideal é
prejudicial as famílias, e a igreja deveria estar atenta a isso. Os pais hoje devem procurar alternativas
práticas para reintegrar as responsabilidades familiares com trabalho rendoso
por meio de opções como trabalho em casa, empregos de meio período e
flexibilização de horas no trabalho.
Em relação as famílias pobres,
e mães solteiras que não tem outra escolha se não trabalhar é preciso que o
Estado, comece a pensar nessas famílias e passe a desenvolver planos e projetos
para que famílias possam se beneficiar com medidas que permitam conciliar
trabalho com a criação de filhos. Penso que a Igreja deve ser a principal
interessada em acionar o Estado neste assunto e levar estes problemas ao
conhecimento de nossos governantes. Nos EUA existe um Projeto de Auto-Emprego
das Mulher em Chicago direcionado as mulheres pobres, a maioria são mães solteiras,
para criação de microempresas em casa.
As mulheres não devem presumir
que emprego pago é a única coisa que dá a elas um senso de dignidade.
O ministério
com a nossa família deve estar em primeiro lugar e não a igreja[4]

A Refeição em família: Ensine seus filhos a orar no momento da
refeição. Espere todos se sentarem para comerem juntos, essa é uma boa
oportunidade para lidar com a ansiedade. O momento da refeição diz muito sobre
uma família. No passado, as famílias protestantes faziam das refeições da noite
o tempo para breve oração e memorização do catecismo.
O Culto doméstico: crie o hábito de fazer culto doméstico durante
os dias da semana. Comece com uma oração, cante algumas canções, leia e medite
um pouco sobre um texto bíblico e depois ore para encerrar.
Leitura com os filhos: Faça questão de ler para os seus filhos
desde a mais tenra idade. Os estudos mostram que crianças cujos pais leem para
elas, até mesmo antes que elas entendam as palavras, ao crescer terão o hábito
da leitura e aprenderão com mais facilidade. Através de anos de pesquisa, o
psicólogo de família John Rosemond juntou inúmeras razões pelas quais deve-se
desligar a televisão. Até mesmo os programas projetados para educar são
antieducativos, pois se trata de um divertimento passivo. Ele atribui muito do
Déficit de Deficiência de Atenção ao encurtamento da capacidade de atenção que
vem do excesso de divertimentos. Para a psicóloga Jane Healy, autora de
Endangered Minds: Why our Children Don’t Think ( Mentes em Perigo: por que
nosso filhos não pensam) as crianças não deveriam poder assistir televisão até
que estejam completamente alfabetizadas (por volta dos 8 anos de idade).
Os conflitos
são oportunidades de glorificar a Deus[5]
Existe um grande número de
pastores que estão abandonando o ministério pastoral hoje por motivos de
conflitos em suas famílias.
Não importa o que se escolha
fazer, em todo caso devemos colocar a nossa família em primeiro lugar. Se
depois dessas rotinas, se houver tempo para estudos bíblicos e serviço
voluntário na igreja, melhor. Porém, muitas famílias se envolvem demais com as
atividades da igreja, com os filhos em reuniões juvenis e de adolescentes, e os
pais em grupos separados, que sobra pouco tempo para a família estar junta. O
caso da criança que aos poucos foi tornando-se agnóstica porque o seu pai
estava sempre envolvido com o “ministério” e sua mãe com o trabalho feminino,
se multiplica por demais em nossos dias. É hora de recuperarmos a convicção de
que o nosso ministério mais importante é para com nossa própria família.
Depender de Deus é confiar
naquilo que Ele tem para mim, e não naquilo que eu quero ter. Deus pode não ter
suprido todos os meus desejos, mas tem suprido todas as minhas necessidades.
A
importância de se investir na primeira infância

O escritor e Psicólogo cristão, James
Dobson, autor do livro “Ouse Disciplinar” explica que existe um período crítico
durante os três primeiros anos de vida de uma criança que é quando o potencial
para crescimento intelectual precisa ser aproveitado. Há sistemas de enzimas no
cérebro que precisam ser ativados durante este período.[7]
A visão da
Reforma Protestante na Educação
“O lar é uma pequena igreja” como disse Lutero. Um “pequeno seminário”, onde os filhos sabem
pelo menos o suficiente sobre o que creem para distingui-los do mundo
descrente. Martinho Lutero persuadiu o governo a proclamar a educação universal
compulsória tanto para meninas como para meninos pela primeira vez na história
ocidental. Ele criou um sistema de educação pública na Alemanha.
“Desde que é necessário preparar as gerações futuras de não deixar a
igreja num deserto para os nossos filhos, é imperativo que se estabeleça uma
instituição de ensino para se instruir os filhos e prepara-los tanto para o
ministério como para o governo civil” (Calvino – Ordenanças 1541).
Em 1536 Calvino apresentou um
plano ao conselho municipal de Genebra que incluía uma escola para todas as
crianças, na qual as crianças pobres teriam ensino gratuito. Era a primeira
escola primária obrigatória da Europa. Em uma delas as meninas eram incluídas
junto com os meninos
João Comenius foi um reformador
polonês que procurou integrar a sua visão reformada do mundo com a visão da
educação pública universal. Ele é visto por muitos como sendo o pai da educação
moderna.
John Knox, reformador escocês,
em 1560, exigiu um sistema nacional de educação pública para a Escócia. Antigos
mosteiros foram transformados em bibliotecas e escolas. “Não foi por
acidente que a alfabetização universal foi atingida na Escócia e em diversos
estados protestantes na Alemanha” (Lewis Spitz).
[1]
PEARCEY, N. Verdade Absoluta: Libertando
o Cristianismo do seu Cativeiro Cultural. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,2006.
[2] Ibid.
[3] EXAME.
São Paulo: Editora Abril. ed 1091. jun. 2015.
[4] HORTON,
M. S. O cristão e a cultura. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
[5] JONES,
Robert D. Em busca da paz: Princípios
Bíblicos para lidar com conflitos e restaurar relacionamento quebrados. São
Paulo, Nutra, 2015
[6] FUNDAÇÃO
GETÚLIO VARGAS. Pesquisa Educação da Primeira Infância. Disponível em: http://cps.fgv.br/edu_infancia.
Acesso em: 14 de jul. 2014.
[7] DOBSON,
James. Ouse disciplinar. São Paulo:
Vida, p.157, 1999.