O que é ser
criança? Muitas pessoas diriam que esta é a melhor fase da vida, porque neste
período elas não precisavam se preocupar com os “problemas da vida”. Outras
pessoas diriam que esse é o período em que elas não gostariam de reviver, devido
aos traumas e problemas vivenciados na infância. A palavra criança está sempre
relacionada com alegria.
Mas, o que
significa ser criança e ao mesmo tempo não ser infantil? As palavras “criança”
e “infantil” usadas juntas, parecem soar bem. Mas, há uma grande diferença
entre ser semelhante a uma criança e ser infantil.
Quero
apresentar três tipos de comportamentos infantilizados:
1. Crianças
que estão crescendo como eternos bebês,
2. Crianças
que estão crescendo e se comportando como adultos, e
3. Adultos
que estão se comportando como crianças.
1) Muitas
crianças são educadas e criadas como se fossem eternos bebês. Assim que os anos
vão se passando as mudanças físicas vão aparecendo, já a maturidade vem se desenvolvendo
a passos de tartaruga. Crianças mimadas querem ser vistas e ouvidas a todo
custo e se metem em situações com as quais não conseguem lidar. Neste caso
haverá uma dependência emocional quando se tornarem adultas.
2) Muitos
pais criam seus filhos como pequenos adultos. Muitas vezes elas crescem em um
ambiente com poucas crianças e com muitos adultos e acabam se envolvendo com
assuntos e problemas que não deveriam se envolver desde cedo. Muitas vezes os
pais acabam dividindo seus problemas e suas dores com seus filhos tentando
buscar uma ajuda por não saberem lidar com eles. Alguns exemplos desses
problemas seriam a perda de um ente da família e um divórcio. Neste caso a
infância destas crianças estará sendo roubada.
3) Os adultos
que se comportam como crianças infantis são piores que as crianças que se
comportam como adultos. São pessoas que se tornam soberbas, orgulhosas,
egocêntricas, invejosas e egoístas. Esses comportamentos irão contribuir para
que elas venham agir com infantilidade.
Vimos acima
três tipos de comportamentos infantilizados. Mas agora, quero apresentar
através da revelação especial de Deus, sua Palavra, o comportamento que Cristo queria
e quer ver na vida de seus discípulos quando disse:
“Quem não receber o reino de Deus como uma
criança de maneira alguma entrará nele” (Lc 18:17). “Quem receber esta criança em meu nome a mim me recebe; e quem a receber
a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que entre vós for o menor de
todos, esse é que é grande” (Lc 9:48).
Os discípulos
de Jesus pensavam que Cristo não tinha tempo ou não estava interessado nas
crianças. Que grande engano! Outrora estavam discutindo entre eles quem seria o
maior, quem teria o cargo mais importante. Porém, eles aprenderam com o Mestre
que:
“A verdadeira grandeza do discípulo não está
no cargo que ele exerce; a verdadeira grandeza do discípulo não está na
visibilidade que ele tem; a verdadeira grandeza do discípulo está na sua
humildade” (Leandro Lima).
Esta é a
verdadeira virtude que Cristo ensinou aos seus discípulos sobre ser uma
criança.
Hoje, conheceremos
a história de dois grandes reis que foram poderosos em seus reinos, mas um
deles por ter exaltado seu coração e agido
com uma atitude infantil terminou seus dias em vergonha e desgraça. O outro
por ter se humilhado perante Deus como uma criança (desmamada) terminou seus
dias na presença de Deus.
UM REI PODEROSO, MAS DERROTADO PELO PRÓPRIO ORGULHO – 2 Cr 26:1-22; 2Rs 15:1-7
No Antigo
Testamento vemos histórias de grandes reis que reinaram com justiça e de reis
que fizeram o que era mal perante os olhos do Senhor. Quero destacar a história
do rei Uzias. Ele fez o que era reto perante o Senhor, ele edificou torres de
vigias nos muros e nos campos, ergueu um exército poderoso com grandes máquinas
de guerra ao lado das torres, construiu cidades, também foi um excelente
agricultor e pecuarista, mas foi derrotado pelo próprio orgulho e morreu em vergonha
e desgraça por ter agido com uma atitude infantil.
Agostinho
disse que: “o orgulho é o começo de todo
o pecado”. Esta é a essência do pecado original. A desobediência de Adão e
Eva foi o resultado de sua declaração de autonomia e independência de Deus.
O que foi que
o rei Uzias fez de tão grave assim para ter morrido em vergonha de desgraça?
Ele entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso. Os
sacerdotes tentaram convencê-lo de não fazer isso, pois esse era o ofício de um
sacerdote e não de um rei. O altar do incenso ficava diante do véu na entrada
dos Santo dos Santos, e os sacerdotes queimavam incenso todos os dias de manhã
e a tarde. O incenso é a imagem da oração (Sl 141:2; Ap 5:8).
No sistema do
Antigo Testamento, o Senhor fazia separação entre reis e sacerdotes. Um
sacerdote poderia se tornar profeta como foi o caso do profeta Jeremias, filho
de Hilquias o sacerdote, mas nenhum profeta ou rei poderia de tornar-se um
sacerdote. Somente em Cristo Jesus nós encontramos estes três ofícios em uma
única pessoa. Exemplo: Alguém
acharia estranho se nossa presidente resolvesse ministrar hoje a palavra ou
administrar os sacramentos da ceia e do batismo?
A Lei exigia
que invasores do templo fossem executados (Nm 16:40; 18:7), mas em sua graça,
Deus preservou a vida do rei Uzias e o feriu com lepra, uma “morte em vida”.
Uzias conhecia a lei de Israel, ele sabia que esse trabalho só poderia ser
exercido por um sacerdote. O que o Senhor fez por ele deveria tê-lo tornado
mais humilde não orgulhoso. Foi uma
atitude infantil. Azarias e mais oitenta sacerdotes advertiram o rei
para que não fizesse tal coisa, mas ele irou-se muito com os sacerdotes. O
termo hebraico traduzido por “indignar-se”, no verso 19, é associado a idéia da
fúria de uma tempestade.
O nome Uzias
significa “Jeová é força”. Antes de se tornar rei seu nome era Azarias que
significa “Jeová tem ajudado”. Uzias começou a reinar com 16 anos. Ele reinou
cerca de 52 anos em Judá. Mas, possivelmente nos últimos dez anos do seu
reinado seu filho é quem cuidou dos negócios da casa do rei, pois uma pessoa
com lepra tinha que morar em uma casa separada das outras, excluída da
sociedade. E foi assim até sua morte. Foi sepultado no cemitério real, mas não
no túmulo dos reis.
Ele morreu no
início do ministério do Profeta Isaías. Quem não se lembra da passagem em que
Isaías viu o Senhor assentado em seu trono dentro do templo? Esta visão foi no
mesmo ano em que o rei Uzias morreu (Is 6). Este deve ser um dos motivos que
levou Isaías dizer: “- Ai de mim! Estou
perdido! Porque sou homem de lábios impuros e meus olhos viram o Senhor dos
Exércitos!” (Is 6:5).
Um excelente
começo, mas um fim trágico. Um excelente soldado, um excelente construtor, um
excelente lavrador que foi vencido pelo próprio orgulho. Jamais devemos
interferir naquilo que Deus não nos incumbiu de fazer. “Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio; melhor é o paciente
do que o arrogante” (Ec 7:8).
UM REI PODEROSO, MAS HUMILDE COMO UMA CRIANÇA (DESMAMADA) – SL 131
Se havia
alguém em Israel com motivos de sobra para se orgulhar esse homem era Davi.
Davi iniciou sua vida como simples pastor de ovelhas e se tornou o maior rei de
Israel. Foi um general de guerra talentoso, expandiu as fronteiras de sua
terra, ajuntou a riqueza que Salomão seu filho usou para construir o templo e
escreveu quase metade dos salmos. Davi, assim como nós também tinha pecados,
mas sempre se arrependia e buscava o perdão de Deus. Davi andou com o Senhor
mantendo sempre um espírito humilde.
1) No
primeiro versículo deste salmo ele expressa uma tríplice negação de orgulho: no
coração, na sua percepção da realidade através dos seus olhos e nas suas ações
referente ao seu contentamento em não procurar coisa grandes e maravilhosas de
mais para ele.
2) Pelo
contrário, ele diz que sua alma está tranquila e sossegada como de uma criança
desmamada. O retrato de uma criança
desmamada significa um sinal de humildade e maturidade. O termo hebraico
para desmamar significa “completar, amadurecer, tratar com bondade”. Nós vimos
na introdução o primeiro tipo de criança infantilizada. Ela se desenvolve
fisicamente, mas sua maturidade não acompanha seu desenvolvimento físico por
não desmamar nunca, se tornando um eterno bebê.
Toda criança
depois da “crise” do nascimento, mais cedo ou mais tarde deve ser desmamada e
aprender a primeira lição da escola da vida: “o processo de crescimento
envolve perdas dolorosas que podem levar a ganhos maravilhosos”
(Wiersbe).
O processo de
desenvolvimento do amadurecimento de uma criança implica desmamar. Ela será capaz de ir a escola, escolher um profissão, se casar e
constituir um novo lar.
3) Quando nos
debatemos para manter um passado confortável, abrimos mão de um futuro
desafiador. O objetivo de Deus é que alcancemos maturidade emocional e
espiritual.
As crianças
não entendem que a decisão dos pais é para o bem deles, o desmame as liberta
para ir de encontro ao futuro e aproveitá-lo ao máximo.
Conclusão: Assim é em nossas
vidas, queremos que as coisas continuem como estão, e assim seguimos um caminho
de imaturidade e infelicidade. Mas, precisamos compreender que o processo de
crescer envolve perdas dolorosas e essas perdas que muitas vezes lutamos em
aceitar podem ser o caminho que quer ensinar a viver o futuro.
Existe uma
passagem na Bíblia que diz: “há últimos
que virão a ser primeiros, e primeiros que serão últimos” (Lc 13:30).
No livro do
Profeta Ezequiel no capítulo 33, Deus fala sobre o perverso que passa a vida
pecando e se arrepende e do justo que passa a vida praticando o bem e no final
pratica a iniquidade. Imagine neste caso dois tipos de crianças:
1) Uma
criança pode ter nascido num berço de fé, num lar evangélico, ter andando com
integridade e justiça sua vida toda, mas depois de ter crescido ela passa a
confiar em sua própria justiça e começa a praticar iniquidades, o Senhor não se
lembrará de todas as suas justiças e sim da sua iniquidade, e se ela não se
arrepender ela morrerá.
2) Do mesmo
modo aquela criança que foi criada e educada num lar totalmente em rebelião a
Deus, crescendo praticando todo tipo de pecado, vier a se arrepender dos seus
pecados e começar a andar na Palavra de Deus, devolvendo tudo aquilo que roubou ao
furtado, Deus não se lembrará dos seus pecados, pois se arrependeu, ela viverá.
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