No
início da história da igreja, Santo Agostinho fez uma observação interessante,
ele disse que o governo é um mal necessário. Na visão de Agostinho o sistema de
governo em si mesmo é mal, mas um mal necessário. Ele é necessário porque o mal
em nosso mundo precisa ser refreado, porém, este sistema não foi necessário
antes da queda do homem (R.C. Sproul - What Is the Relationship between Church
and State?).
Como
vimos no estudo anterior o Estado, a igreja e a Família são ordenados por Deus
(Rm 13: 1-7; Gn 1:28; Cl 1:18). A primeira função do Estado é proteger os
cidadãos do mal. Os magistrados são “servos de Deus”. Eles devem reconhecer a
Deus como o Supremo Governador, de quem eles derivam seu poder. Eles devem
servir a Deus governando o povo segundo as ordenanças divinas (Abraham Kuyper).
O Estado é responsável e prestará contas a Deus. Deus tem entronizado Cristo
como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19:16). Cristo é o primeiro
ministro do universo (Cl 1:15-19), todos os reis deste mundo têm um rei que
governa sobre eles, e todos os reis e senhores desta terra tem um Senhor
superior a quem eles prestarão contas. Este reino que é invisível agora aos
nossos olhos, não é reconhecido pela maioria das pessoas deste mundo, Cristo
está reinando neste exato momento, ele está assentado a direita de Deus e
voltará visivelmente para reinar eternamente.
Nós
Cristãos fomos chamados para respeitar, honrar e orar pelas autoridades e não
para colocá-las acima de Deus. Deus como autoridade suprema delega todas as
funções das autoridades para seu Filho, Jesus Cristo. Então, abaixo de Cristo
nós temos reis, juízes, pais, professores e etc. Quando desobedecemos uma
autoridade que está abaixo de Deus, nós desobedecemos a Ele, pois elas foram
colocadas por Deus.
Vemos
na história de Israel uma nação teocrática. Nela existia uma distinção entre as
funções do sacerdote e as funções do rei. No antigo testamento vemos histórias
de grandes reis que reinaram com justiça e de reis que fizeram o que era mal
perante os olhos do Senhor. Quero destacar a história de um grande rei de Judá,
o rei Uzias. Ele fez o que era reto perante o Senhor, ele edificou torres,
ergueu um exército poderoso, mas, morreu em vergonha e desgraça. Ele ficou com
lepra após ter entrado no templo para queimar incenso no altar, tarefa esta,
que só um sacerdote poderia exercer. Ele foi removido por Deus do seu trono e
perdeu sua vida de forma trágica e vergonhosa por ter exaltado em seu coração
uma autoridade que ele não tinha. Assim vemos a confusão que existe entre os
deveres do estado e da igreja. Jamais um rei ou presidente poderia olhar para
si mesmo com autoridade de controlar assuntos que são específicos da igreja.
O
governo é um ministro de Deus, como um instrumento em sua mão para promover
justiça e punir o mal (Rm 13:1-6). A principal característica do governo é o
direito sobre a vida e a morte. Segundo o testemunho do Apóstolo Paulo, em
Romanos 13, ele é a espada da justiça para distribuir punição física ao
criminoso. É a espada da guerra para defender a honra, os direitos e os
interesses do Estado contra seus inimigos. O direito de tirar a vida pertence a
Deus, pois somente ele pode dar a vida. A pena de morte é legítima sob a
autoridade de Deus, e somente alguém investido de tal autoridade é que pode
executá-la. O sexto mandamento diz: “Não Matarás” (Êx 20:13). Porém, em relação
aos homicidas, o Senhor coloca a espada nas mãos dos magistrados ou ministros
para que usem contra eles (João Calvino).
Este
poder da espada é dado somente para os magistrados civis, a igreja não tem essa
autoridade. O emblema da igreja é a Cruz, ao contrário do Islamismo, que tanto
a religião quanto o estado têm o poder da espada. O Estado tem o dever de
proteger a igreja. Os magistrados civis não podem tomar para si a administração
da Palavra e dos Sacramentos. (Confissão de Fé de Westminster: 23:1,2,3 e
4).
Jesus
deu as chaves do reino para a igreja, não para o estado (Mt 16:19). No próximo
estudo focaremos nosso estudo sobre os deveres da igreja e da família. Até lá!
boa dissertação.
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