“Não
dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20:16)
Caro leitor, já estamos nos
aproximando do fim da sequência de estudos dos dez mandamentos. Como vimos até
aqui todo preceito é para ordenar ou para proibir. Quando Deus proíbe algo, ele
ordena o contrário, ou se ele ordena algo que lhe agrada, o contrário lhe
desagrada (Catecismo Maior de Westminster 144, 145).
A finalidade deste mandamento é
mostrar que Deus detesta a mentira, pois é nossa obrigação dizer somente a
verdade sem fingimento (Ef 4:25), que não prejudiquemos a reputação de ninguém
com calúnias ou boatos lhes causando danos morais com falsas acusações (Êx
23:1,7; Lv 19:16,17). Em Provérbios 22:1 aprendemos que a reputação é mais
preciosa do que qualquer tesouro. As vezes podemos causar mais danos a uma
pessoa pela mentira do que pelo roubo (CALVINO, As Institutas, I, p. 209, 2006).
Neste mandamento todas as formas de
detração ou maledicência são condenadas. Detração se refere a injúria odiosa,
denúncia feita por maldade. Se Deus exige a verdade devemos denunciar somente
com a intenção de corrigir o faltoso com amor e justiça. A ação judicial deve
ser feita com o objetivo de remediar males advertindo pessoas que precisam de
advertência para não permanecerem no engano. A lei de Israel exigia que
houvesse duas ou três testemunhas para determinar a culpa de uma pessoa
acusada. Este princípio foi aplicado na igreja do Novo Testamento (Dt 19:15, Mt
18:16, 2 Co 13:1; 1 Tm 5:19). Aqueles que agem de forma contrária, com a
intenção de prejudicar a reputação do seu próximo violam este mandamento.
“Como um
pedaço de pau, uma espada ou uma flecha aguda é o que dá falso testemunho
contra o seu próximo” (Pv 25:18 NVI). Neste
provérbio vemos que a deslealdade de uma testemunha falsa é comparada a três
armas letais. Na antiguidade o escudeiro carregava para o guerreiro as armas
que ele precisaria em diferentes estágios da guerra. Para combate corpo a corpo
ele usava um bastão de guerra, para combates menos próximos, mas ainda de curta
distância ele usava uma espada, e para combates de longa distância o arco e
flecha seria sua opção de uso. Um homem que se depõe contra seu próximo como
testemunha falsa é retratado neste provérbio golpeando sua cabeça com um
bastão, trespassando seus órgãos com uma espada e matando-o com uma flecha
mortal mostrando o horror que é uma ideia de perjúrio.
Isto tem se tornado um vício em nossa sociedade.
Pois todo mundo gosta de investigar e descobrir os vícios dos outros. Este é o
famoso mexeriqueiro (Lv 19:16, Pv 11:13, Pv 18:8, Pv 20:19), vive sempre
procurando descobrir os segredos das pessoas para poder difamá-las. “A falsa testemunha não fica impune, e o que
profere mentiras não escapa, perece” (Pv 19:5,9).
Devemos manter e defender publicamente a verdade,
pois quando nos conservamos calados quando a iniquidade reclama a repreensão de
nossa parte e suprimimos a verdade com o nosso silêncio indevido em uma causa
justa é certo que sofreremos as consequências da nossa iniquidade (Pv 31:8,9;
Lv 5:1, Lv 19:17; 1 Rs 1:6; At 5:3).
Portanto, se temos o verdadeiro temor de Deus
seremos aperfeiçoados em seu amor. Quando amamos
o nosso próximo com o perfeito amor que Cristo nos ensinou, (porque ele nos
amou primeiro), expulsamos todo ódio, medo, inveja, porque nosso desejo agora é
manter a honra e a boa reputação do nosso próximo (1 João 4:18-21). Devemos procurar empregar todos os
meios que estiverem ao nosso alcance para não ouvir e nem falar nada que
contenha ou incentive a blasfêmia, difamação ou palavra insultuosa. “Não te vingarás,
nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a
ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Lv 19:18, Mc
12:31).
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