“Não
furtarás” (Êx 20:15)
Olá, estamos iniciando mais um
ano tendo o privilégio de aprender mais dos preceitos de Deus através da sua
palavra devido a sua graça e bondade com nossas vidas. Este mandamento tem sido
negligenciado por pessoas de diversas classes sociais e esferas governamentais
como líderes religiosos, políticos, pais, empregados e chefes.
A finalidade deste mandamento é
mostrar que cada um deve ter somente aquilo que lhe pertence, visto que Deus
repudia toda forma de bem adquirido com injustiça. Este preceito nos proíbe de tomar
qualquer bem alheio de forma injusta e fraudulenta (Pv 13:11; Catecismo Maior
de Westminster 141, 142).
Existem diferentes categorias
de furtos e roubos. Existem aqueles que agem com violência e força para tomar
os bens alheios, outros agem com malícia enganando e furtando com muita
cautela. Outros, através de disfarces, agem fingindo serem pessoas direitas e
justas, porém, privam o seu semelhante dos bens que lhe pertencem e ainda
existem aqueles que com lisonjas e belas palavras conseguem para si o que
deveria pertencer a outro.
Todos os meios
utilizados pelos homens para enriquecimento com prejuízo de outros, afastando
da sinceridade cristã e agindo com fingimento e astúcia enganando e prejudicando
o próximo violam este mandamento, pois quem procede assim deve ser considerado
como ladrão (CALVINO, As Institutas, I, p. 205, 2006).
As transgressões deste
mandamento não são somente a de prejudicar nosso próximo tomando seu dinheiro
ou propriedade, mas também quando deixamos de cumprir com os nossos deveres em
atender nosso próximo (Tg 4:17; Pv 3:27). Quando assumimos um cargo devemos
cumprir com as nossas obrigações e deveres, caso contrário estaremos retendo o
que pertence a outros.
O empregado que não zela pelos
bens entregues aos seus cuidados pelo patrão, o servidor público que vive na
ociosidade por causa da sua “estabilidade” (2 Ts 3:10), ou aquele que zomba do
seu chefe e que planeja roubá-lo em secreto é para Deus um ladrão (Rm 13; 1 Pe 2:18-25;
Tt 3). Da mesma forma, o chefe ou o patrão não devem tratar desumanamente os
seus subordinados (Ef 6:9). Existem empresários que praticam especulação de
suas mercadorias mesmo sabendo que existem pessoas pobres com necessidades de
compra-las. Eles estocam seus produtos para encarecer os preços, explorando as
necessidades dos outros em benefício próprio, isso é o mesmo que assalto (Pv
11:26). O mesmo vale para o salário mínimo. A bíblia se levanta com vigor
contra a especulação que força a queda dos salários fazendo-os descer abaixo do
mínimo vital (Dt 24:14-15). E se alguém retém o salário considerado justo ao
seu empregado é um defraudador em seu labor.
Os ministros da igreja devem
ensinar fielmente a Palavra de Deus, não pervertendo a doutrina da salvação,
mas mantendo sua pureza, instruindo e exemplificando seus ensinamentos com suas
próprias vidas (1 Tm 3:1-13; 2Tm 2:15; 2Tm 4:1-5; Tt 1; 1 Pe 5).
Os pais devem
se dedicar a alimentar, instruir e dirigir os seus filhos, pois Deus os
encarregou desses deveres. Para Calvino o pai que aconselha um filho a escolher
uma profissão que seja mais rendosa é um mau conselheiro. Por que? Ele diz que
não basta ter uma profissão que não venha ser proveitosa aos outros e servir ao
próximo, toda profissão deve ser útil ao público e redundar em bênçãos para
todos (Ef 4:28; Pensamento Econômico e Social de Calvino – André Biéler). Devemos
escolher uma profissão em função do serviço a prestar e não o ganho a obter. Existem
muitas famílias hoje que estão em pé de guerra por várias gerações brigando por
marcos de divisas de terras (Dt 27:17; Dt 19:14-17).
Os governantes devem cumprir
este mandamento exercendo sua autoridade cuidando do bem estar da nação,
procurando manter a paz, julgando com justiça sem corrupção (Dt 17:14-20; 2Cr
19:4-11; Pv 13:13).
CONCLUSÃO: Cada um veja bem quais são seus deveres de ofício para
com os outros, e procure cumpri-los lealmente, pois se não o fizer estará
agindo como ladrão, retendo aquilo que não lhe pertence. “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Rm 13:8).
E se hoje temos condições de cumprir esta ordenança devemos isso ao nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo que nos capacita a cumprir a lei com a sua
graça!
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