terça-feira, 26 de abril de 2022

A vingança é um ato exclusivo de Deus - Romanos 12:19

A Bíblia não aprova o comportamento de justiceiros e vingadores, pois ninguém tem a capacidade de julgar da maneira correta por não estar ciente de todos os fatos necessários (1Co 4:5; Dt 17:6; 1Tm 5:19). Deus deu esta autoridade da vingança para o governo, ou seja, para os magistrados que são autoridades instituídas por ele para esse exercício (Rm 13:4). A vingança não é uma questão pessoal, mas jurídica. É Deus quem pode corrigir as injustiças. A vingança pessoal ensinada nos filmes não reconhece a ação legal e justa do julgamento de Deus que ele operará em seu tempo. A vingança equivale na impaciência com Deus, pois as injustiças nem sempre são corrigidas imediatamente (veja 2Sm 21:1-2; 1Tm 5:24).

Em 2 Samuel 21:1-2, depois de trinta anos da morte do rei Saul, no reino de Davi, o Senhor trouxe fome sobre a terra de Israel como consequência dos crimes praticados por Saul contra os gibeonitas. Motivado pelo seu zelo nacionalista, étnico e político, Saul resolveu matar os gibeonitas, povo de quem ele era descendente, pois seu bisavô era um gibeonita (1Cr 8:29-33; 9:35-39). Saul foi um rei desobediente a Deus (1Sm 13 e 15). Seus atos irresponsáveis trouxeram julgamento de Deus sobre o povo de Israel através da fome por três anos. Talvez no primeiro ano da fome os israelitas pensassem que era apenas uma questão climática, no segundo talvez dissessem: “logo as coisas vão melhorar”. Mas no terceiro ano consecutivo, a terra teve de suportar a escassez de chuva e de alimentos. Foi aí que Davi buscou o Senhor para saber a causa do problema. Havia crimes de homicídios praticados no reino anterior por seu rei, e Deus além de não ter fechado os olhos para os seus pecados, não se esqueceu deles trazendo no tempo determinado, seu justo julgamento sobre a terra. A fome era e é uma manifestação clara do julgamento de Deus na Bíblia (Dt 32:24; 21sm 24:13; 1 Rs 17:1; 2Rs 8:1; Sl 105:16; Is 14:30; Jr 11:22; Ez 14:21; Ap 6:8).

Davi entregou sete filhos de Saul nas mãos dos gibeonitas para serem mortos. Segundo comentários históricos, os corpos de seus filhos ficaram expostos a nação por cerca de seis meses até a chuva voltar. Decisão nada fácil para um rei que além de sofrer pelas consequências de seus próprios pecados (2Sm 12:10), estava tendo de lidar com as consequências dos pecados de uma pessoa que já havia morrido.

Quando os líderes julgam com parcialidade e corrupção, devemos apelar para o tribunal de Cristo (Is 33:22; At 5:29). A igreja tem o dever de julgar e disciplinar seus membros e seus líderes com equidade (1Co 6:1-11; Mt 18:15-17), assim como o estado (Rm 13:4,5; Pv 8:14,15; Jr 22:3), porém, quando alguém está sendo julgado por líderes que não deixam lugar para a justiça e a verdade, ele deve apelar para Deus e buscar recursos em seu tribunal. Aquele que é julgado e acusado às escuras, sem julgamento formal, por uma comissão que não tem compromisso com a verdade, e sem ao menos ter a chance de se defender, deve aguardar que Deus seja seu Juiz (1Sm 24:15).

Quando a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta e o perverso oprimi sobre o justo (Hc 1:4) por causa dos tribunais corruptos dentro de um país, Deus levanta outra nação para disciplinar este povo (Hc 1:5,6). Embora os problemas sejam internos, Deus traz juízo através do cenário internacional.

Nenhum problema está fora do controle de Deus, porque Ele controla o universo, e nada está além das soluções possíveis. Todo problema tem um propósito. Crer na soberania de Deus é o que fará a diferença, pois Ele é um ser pessoal, não está distante de nós. Nossas orações não o instruem, não o ordenam, não o manipulam. Deus é soberano em nossas vidas e problemas, e Ele não fará barganha conosco, não abandonará sua sabedoria para acomodar-se à tolice da sabedoria humana.

Deus está no controle de tudo e da suposta injustiça da situação em que estamos vivendo. A justiça de Deus nem sempre se manifesta imediatamente. A injustiça parece prevalecer por pouco tempo (Sl 37 e 73). Isso tudo tem a ver com a fé (Hb 11), para uma visão de longo alcance na dependência da sua Palavra. Deus é justo, e qualquer declaração que diga que “isto não é justo”, está desafiando a justiça e a fidelidade da Palavra de Deus, ou seja, está exibindo uma declaração explícita de falta de fé.


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