Medo, ansiedade e desconfiança têm crescido e afetado boa parte da população de nosso país e do mundo, devido a repetição interminável de notícias assustadoras dos telejornais, jornais, revistas, sites e redes sociais. Estes vivem bombardeando a sociedade com reportagens e assuntos sobre assassinatos, sequestros etc. Os documentários e os sites de teorias da conspiração fazem com que as pessoas fiquem cada vez mais inquietas e inseguras com a realidade. Não é de se estranhar ver as pessoas cada vez mais desconfiadas de tudo.
Há ocasiões que é sensato e até
apropriado desconfiar dos outros (Pv 14:15; 26:24,25). Há também atividades
suspeitas que devem ser denunciadas a polícia (Rm 13:1-7; Tt 3:1; 1Pe 2:13),
mas as desconfianças infundadas fazem com que as pessoas vivam criando
barreiras de proteção, confiando mais na sua capacidade de se proteger do que
confiar na soberania de Deus sobre as pessoas e circunstâncias, e isso as levam
a suspeitar do próprio Deus.
A desconfiança pecaminosa
(infundada) é uma forma ou uma manifestação específica de ansiedade por
antecipar algum tipo de ameaça. Ela concentra sua atenção no futuro, no que
pode acontecer amanhã, esperando evidências que possam confirmar sua preocupação
obsessiva quanto a algo ou pessoa que possa estar supostamente ameaçando sua
segurança. Antecipar um sofrimento futuro é deixar de confiar na graça que Deus
promete àqueles que sofrem no presente, desconfiando de que Deus os ajudará nos
problemas de amanhã (Mt 6:34).
O ansioso pensa no futuro com pouca ou nenhuma esperança, ele interpreta a vida como se Deus não cumprisse suas promessas (1Co 10:13; 2Co 12:8,9). O ansioso possui uma mente indisciplinada, pois o termo “moderação” encontrado em 2Tm 1:7 significa ter pensamentos corretos sobre o que se deve fazer, ter autocontrole nas decisões e julgamentos. A pessoa ansiosa vive com medo do amanhã, ela se concentra sempre no que pode dar errado no futuro, e o perigo real pode muitas vezes ser minimizado por uma preocupação infundada (imaginária) e exagerada.
A pessoa desconfiada acredita sempre
no pior a respeito dos outros (o amor não se ressente do mal - 1Co 13:5), ela
suspeita de forma maligna no que diz respeito às suas motivações (1Tm 6:4; Mt
9:4). Pensamentos de desconfiança infundados também acreditam no pior a
respeito de Deus. Em dadas situações, elas dizem aquilo que os israelitas
disseram no deserto: “Deus nos trouxe aqui para nos matar” (Êx 16:3). A desconfiança
infundada afasta nossa mente da confiança na soberania e bondade de Deus.
Devemos crer que Deus sempre opera soberanamente para o bem daqueles que o amam
(Rm 8:28). Como consequência, gastam um tempo excessivo planejando como se
defenderem.
Assim como o coração de Saul ficou
tomado por ciúmes, inveja, medo e desconfiança infundada com a relação à Davi, a
pessoa desconfiada está sempre suspeitando que alguém esteja competindo com
ela, disputando o amor, o respeito, a atenção, admiração e o carinho daqueles a
quem ela ama (1Co 13:4). Elas fazem julgamentos precipitados sobre alguém
segundo a aparência e tiram conclusões negativas e infundadas que não estão em
conformidade com os princípios bíblicos (Is 11:3; Jo 7:24). Deus não nos deu a
capacidade de julgar as motivações, ou seja, aquilo que está dentro do coração
das pessoas, mas ele as irá revelar (1Co 4:5; 1Sm 16:7; 1Rs 8:39; 1Cr 28:9; Lc
16:15). E qualquer julgamento com base em relatos unilaterais sem o depoimento
de duas ou três testemunhas é parcial, tendencioso e injusto (Dt 19:15; Nm
35:30; Dt 17:6; Mt 18:16; 1Tm 5:19). Desconfiar de forma pecaminosa é o mesmo
que acusar, julgar e condenar uma pessoa sem lhe dar a oportunidade de ser
ouvida. Considere o nono mandamento: “Não darás falso testemunho” (Êx 20:16).
Procure reavaliar as evidências de
uma informação, examine todas as coisas e retenha o que é bom (1Ts 5:21). Saiba
que aquilo que está no centro de suas suspeitas é exatamente aquilo que você
deseja, que tem medo de perder ou de não conseguir obter. Pode ser algo que
você ama e adora mais do que a Deus. Pode ser dinheiro, uma pessoa, uma vocação,
uma carreira profissional, um sonho etc. Ao invés de se concentrar no hoje de
forma ansiosa, naquilo que poderia dar errado no futuro, confie na graça de
Deus.
“O amor [1Co 13:7] exige que
fiquemos com a melhor interpretação dos fatos, a menos que haja evidências
concretas para o contrário. Se existem dez explicações possíveis para algo que
você acredita que eu fiz, nove das quais são precárias e apenas uma é boa, o
amor exige que você rejeite as nove e aceite aquela uma, a menos que haja
alguma evidência comprovada que o leve a fazer o contrário” (Lou Priolo). O
amor acredita no melhor a respeito de Deus.
REFERENCIAL
TEÓRICO
PRIOLO, Lou. Desconfiança: Como vencer o obsessivo pensamento de suspeita. São Paulo: NUTRA Publicações, 2020.
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