“Houve, em dias de Davi, uma fome de três
anos consecutivos. Davi consultou ao Senhor, e o Senhor lhe disse: Há culpa de
sangue sobre Saul e sobre a sua casa, porque ele matou os gibeonitas” (2 Samuel
21:1-2)
Depois de trinta anos da morte do rei
Saul, no reino de Davi, o Senhor trouxe fome sobre a terra de Israel como
consequência dos crimes praticados por Saul contra os gibeonitas. Os gibeonitas
eram servos dos Israelitas e moravam com eles há muito tempo, devido a ação imprudente de Josué
em fazer aliança com os homens de Gibeão sem consultar o Senhor primeiro (Js
9). Este povo mentiu para Josué de diversas maneiras, afirmando serem de uma
terra distante quando na verdade moravam poucos quilômetros de Israel, e
mentiram serem enviados em um missão de paz usando roupas velhas e mostrando
sua comida simples para darem uma aparência de “humildes”, pois estavam com
medo de serem mortos.
Anos mais tarde, motivado pelo seu zelo
nacionalista, étnico e político, Saul resolveu matar os gibeonitas, povo de
quem ele era descendente, pois seu bisavô era um gibeonita (1Cr 8:29-33;
9:35-39). Saul foi um rei desobediente a Deus (1Sm 13 e 15). Seus atos irresponsáveis
trouxeram julgamento de Deus sobre o povo de Israel através da fome por três
anos. Talvez no primeiro ano da fome os israelitas pensassem que era apenas uma
questão climática, no segundo talvez dissessem: “logo as coisas vão melhorar”.
Mas no terceiro ano consecutivo, a terra teve de suportar a escassez de chuva e
de alimentos. Foi aí que Davi buscou o Senhor para saber a causa do problema.
Havia crimes de homicídios praticados no reino anterior por seu rei, e Deus
além de não ter fechado os olhos para os seus pecados, não se esqueceu deles trazendo
no tempo determinado, seu justo julgamento sobre a terra. A fome era e é uma
manifestação clara do julgamento de Deus na Bíblia (Dt 32:24; 21sm 24:13; 1 Rs
17:1; 2Rs 8:1; Sl 105:16; Is 14:30; Jr 11:22; Ez 14:21; Ap 6:8).
Davi entregou sete filhos de Saul nas mãos
dos gibeonitas para serem mortos. Segundo comentários históricos, os corpos de
seus filhos ficaram expostos a nação por cerca de seis meses até a chuva
voltar. Decisão nada fácil para um rei que além de sofrer pelas consequências
de seus próprios pecados (2Sm 12:10), estava tendo de lidar com as
consequências dos pecados de uma pessoa que já havia morrido.
Devemos ser zelosos para com o nome do
Senhor o tempo todo (Pv 23:17), porém, existe outro zelo que é um mal em si
mesmo, é o zelo da autojustiça e do engrandecimento próprio, quando o zelo nacionalista,
político-partidário, étnico e religioso custa a vida de milhares de pessoas ao
redor do mundo, suas consequências serão dolorosas para as nações por causa dos
atos imprudentes e irresponsáveis de seus líderes. (Esta pandemia faz parte do
julgamento e da disciplina de Deus sobre a terra (Ez 14:21; Hc 1:4-5; Ap 6:8)).
Assim como o Profeta Elias pronunciou o
julgamento de Deus contra a vida e o reinado do rei Acabe por ter consentido
com a morte de um homem inocente chamado Nabote por se recusar a vender suas
vinhas para ele (1Rs 21), a igreja tem o dever de advertir o Estado, quando
este se esquece que sua primeira função é proteger a vida e não destruí-la (Rm
13). Se a igreja não vigiar o estado ela se torna cúmplice da injustiça social
(1 Tm 2:2).
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