Na
visão do psicólogo Alfred Adler (1870-1937) o homem é impulsionado pela
necessidade de superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser
superior. Para ele, uma criança é motivada pelos sentimentos de inferioridade a
lutar por um nível mais elevado de desenvolvimento. Quando ela atinge esse
nível, começa então a sentir-se de novo inferior, resultando daí o reinício de
seu esforço para se desenvolver.
O
psicólogo Abraham Maslow (1908-1970) desenvolveu essas ideias de Adler, num ponto
de vista semelhante, ele achava que o estudo do homem não deveria ser feito a
partir de um estudo de fracassos, pessoas com grandes dificuldades, etc. Então
ele passou a pesquisar aqueles que estavam fazendo algo na vida, pessoas
autorrealizadas, como ele eventualmente passou a chama-las. Maslow chegou à
conclusão de que não há mais pessoas autorrealizadas porque a maioria não teve
suas necessidades básicas supridas e, consequentemente, são incapazes de
satisfazer suas necessidades de autorrealização. Ele visualizou todo esse
fenômeno como uma “hierarquia das necessidades”. Ela é vista através de uma
pirâmide. De acordo com Maslow, as primeiras necessidades em
geral são preponderantes, isto é, elas devem ser satisfeitas antes que apareçam
aquelas relacionadas posteriormente. Quando as necessidades são satisfeitas,
novamente novas (e
ainda superiores) necessidades emergem e assim por diante.
Todos
possuem carência últimas de vida, que transcendem as necessidades imediatas, e
Cristo direciona o olhar do homem para questões eternas. Ele disse: “quem beber
da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe
der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo
4:14). Estas palavras foram ditas para uma mulher que ao buscar água para
saciar sua sede (uma necessidade básica do corpo humano), encontrou no caminho
alguém que lhe ofereceu algo que transcendia suas necessidades básicas, algo
que saciaria sua sede para a eternidade.
Em
Mateus 6:25-34, Jesus virou a pirâmide das necessidades de Maslow de cabeça
para baixo, pois aquilo que ele afirma ser uma necessidade básica para o homem
viver e crescer, Jesus diz ser um acréscimo (Mt 6:33). Sim, ter uma casa, comida
e roupas, são acréscimos para aqueles que buscam o Reino de Deus em primeiro lugar,
isto significa que nossa necessidade mais básica e mais importante não é
material e sim espiritual.
Não
é de se admirar ver cristãos buscando segurança nestas coisas (Mt 6:32), e
negligenciando seus deveres conjugais que refletem diretamente na educação dos
filhos. Na última década milhares de cristãos priorizaram a construção de suas
casas apaineladas (Ageu 1:4), e deixaram em segundo plano aquilo que é
prioridade no lar.
Riquezas
não são imorais, porém, nosso maior investimento não deveria ser em valores não
rentáveis e inseguros (Mt 6:19). Aquele que busca estabilidade financeira, está
buscando valores temporais humanos que asseguram melhoria de vida e de
trabalho, mas aquele que busca transformação de caráter ao invés de sucesso na
situação (2 Cr 1:11-12), está buscando os valores invisíveis e eternos que
asseguram a vida e o serviço da sua vocação.
Nosso maior investimento deveria ser em valores rentáveis e seguros (Mt 6:20). Riquezas
são bênção quando são canais da graça de Deus, e, impostas, quando canalizadas
como objetos de glorificação. Um tesouro pode ser segurança financeira, amor
conjugal, filhos, perfeccionismo legalista, sucesso, reputação, opinião das
pessoas (Mt 6:21). Paulo instruiu Timóteo, neste sentido: “não depositem sua
esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona
ricamente para o nosso aprazimento...sejam ricos de boas obras...acumulem para
si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro” (1 Tm 6:17-19).
O
segredo da vida não está na busca do homem impulsionado pela necessidade de
superar sua inferioridade e arrastado pelo desejo de ser superior, mas no
encontro, e este encontro é com Cristo. As pessoas falham na localização da
verdadeira fonte e na identificação da verdadeira necessidade. Todos os meios e
tentativas de suprir suas próprias necessidade são frustradas, pois “não é a
vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mt 6:25).
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