Falar a verdade
em amor é bíblico. O texto de Levítico 19:15-18 nos ensina uma compreensão
bíblica sobre confrontação. Devemos confrontar porque amamos ao Senhor e
queremos obedecer a Ele (Mt 22:37). O problema é que amamos tanto nosso
relacionamento com a pessoa que não queremos correr riscos, preferimos evitar o
sacrifício pessoal e as complicações que a confrontação pode envolver. Talvez,
amemos a paz, o respeito e a apreciação mais do que deveríamos. Quanto mais
amamos a Deus acima de tudo, a confrontação se torna uma extensão e uma
expressão de amor (1 Jo 3:11-20; 4:7-21), porém, quando amamos alguém conforme
nosso coração, perdemos os motivos básicos para confrontação.
Nossa cultura
dá uma grande recompensa por sermos tolerantes e educados, porém, ser amável e
agir por amor não são a mesma coisa. Quando nos conservamos calados quando a
iniquidade reclama a repreensão de nossa parte e suprimimos a verdade com o
nosso silêncio indevido em uma causa justa é certo que sofreremos as
consequências da nossa iniquidade (Pv 31:8,9; Lv 5:1, Lv 19:17; 1 Rs 1:6; At
5:3). Não falamos porque procuramos evitar momentos desconfortáveis, e achamos
que o nosso silêncio é expressão de amor a outra pessoa, quando na verdade
deixamos de falar porque nos falta amor.
A verdade
é que deixamos de confrontar não porque amamos demais as outras pessoas, mas
porque amamos demais a nós mesmos. A confrontação é nossa responsabilidade moral
em cada relacionamento. “Em casa pequeno momento de falar a verdade, o progresso
do pecado é atrasado e o crescimento espiritual é encorajado” (Paul Tripp). Em Levítico
19:17 diz “por causa dele, não levarás sobre ti pecado”, isso mostra nossa
responsabilidade moral. O verdadeiro amor não fecha os olhos para as coisas
erradas, mas concede ao próximo a mesma graça que recebemos, pois caso
contrário somos participantes moral no pecado.
Paul
Tripp chama esse ato de fechar os olhos para o erro de imoralidade do silêncio
egoísta (TRIPP, 2009, p.275), pois quando nos recusamos a falar a verdade estamos nos rebelando
contra o Senhor. Deus nos chama para falar com aqueles que Ele quer resgatar. A
confrontação deveria ser um estilo de vida, mas o que estamos vendo são igrejas
enviando as pessoas com problemas para os profissionais da saúde mental. Falta maturidade
de comunicação no lar, e como consequência a igreja sofre com isso. Não confrontamos
porque em nossos lares têm existido mais ódio do que amor. O ódio ativo se
revela em: injustiça, fofoca e vingança. O ódio passivo se revela em: ódio
farisaico, preconceito e rancor.
A confrontação
jamais deve ser vista como algo pessoal, pois o encontro mais importante na
confrontação não é o nosso encontro com a pessoa confrontada, mas com Cristo. A
repreensão não deve forçar a pessoa a encarar nosso julgamento, mas dar a
oportunidade de acertar-se com Deus. A confrontação não deve ministrar
legalidade, e sim a graça de Cristo. Não deve ser motivada pela punição, mas
pela esperança de que o Senhor libertará a pessoa que se encontra em prisão do
seu pecado para conhecer a liberdade de andar em comunhão com Ele.
Nossa responsabilidade
é segurar o espelho da Palavra de Deus na frente da pessoa para que ela possa
enxergar a si mesma com exatidão, e jamais tentar ajudar alguém a enxergar-se a
si mesma com nossas opiniões. Por isso é importante sondar nosso coração primeiro,
para depois ajudar o próximo, segundo o diagnóstico do Senhor e da sua Palavra.
Não podemos simplesmente oferecer soluções rápidas e superficiais, pois quando
fazemos isso não estamos sendo guiados pelo amor de Deus e pela pessoa, mas por
amor a nós mesmos.
É a
bondade de Deus que nos leva ao arrependimento (Rm 2:4) e não o peso da Lei. É o
amor de Cristo que nos compele a não mais vivermos para nós mesmos, mas para
Ele (1 Co 5:14). Se Deus leva o pecado a sério, nós também devemos levar a sério
o pecado. Ele sacrificou seu Filho por causa dos nossos pecados, então como
podemos ser menos sérios a respeito dos nossos pecados do coração e do
comportamento? A obra de Cristo e a presença do Espírito Santo nos deixam com a
obrigação de levarmos o pecado a sério e o enxergarmos como Deus os enxerga: como
uma questão de vida ou morte. Os verdadeiros filhos são guiados pelo Espírito e
não pela natureza pecaminosa, eles são chamados a seguir Cristo em obediência.
“A Confrontação
bíblica verdadeira confronta as pessoas com muito mais que seus pecados e
fracassos. Ela confronta as pessoas com Cristo” (TRIPP, 2009, p.293). O alvo da confrontação
não é forçar a mudança de comportamento, mas encorajar a nova natureza com o
evangelho.
REFERENCIAL TEÓRICO:
TRIPP, Paul
David. Instrumentos nas Mãos do Redentor:
Pessoas que Precisam Ser Transformadas Ajudando Pessoas que Precisam de
Transformação. São Paulo: NUTRA, 2009, p. 269-293.
Nenhum comentário:
Postar um comentário