Muitos psicólogos, psiquiatras, pastores e
conselheiros cristãos têm usado o modelo de aconselhamento integracionista em suas
igrejas e com seus aconselhados. O que a palavra integracionista quer dizer? O conselheiro
integracionista é aquele que vê as Escrituras a partir das ciências sociais. Estes
conselheiros não têm como ponto de partida as Escrituras, mas, seus
pressupostos são ecléticos e suas cosmovisões também. A Bíblia estabelece que
nenhuma teoria humana é neutra, e que todas tendem à rebelião do coração, ou
seja, na mente e nos atos do corpo (Rm 1:18-32; 1Cr 28:9).
Quero citar alguns nomes de conselheiros cristãos
que usam o modelo de aconselhamento integracionista.
O conselheiro cristão Larry Crabb, em seu livro
Inside Out (De dentro para fora) ensina
que o mecanismo por trás da alma é o coração vazio, ferido, ansioso, carente e
vitimado. Ele deriva sua estrutura da psicologia
psicodinâmica secular e contradiz a Bíblia e a realidade (
Clique aqui para saber mais sobre a teoria da psicodinâmica de Freud). O conselheiro
cristão que deriva seu modelo de aconselhamento dessa teoria, poderá dizer ao
seu aconselhado que as experiências do passado determinam ou justificam seu
modo de vida hoje. Por exemplo, se o seu aconselhado foi vítima de abuso sexual
de seu pai em sua infância, ele dirá que estas experiências dolorosas explicam
e determinam seus pensamento e ações, como os desejos por relacionamentos com
pessoas do mesmo sexo hoje na vida adulta (homossexualismo). Mas, quando olhamos
a Escritura e como as pessoas vivem sua vida, fica claro que as experiências
dolorosas jamais determinam por que as pessoas pensam e agem dessa ou daquela
maneira.
As tentações e provações não modelam nossos pecados
nem tornam vazio nosso coração. Pelo contrário, o passado oferece um contexto
onde o coração ativo e obstinado se revela e se expressa (David Powlison – Uma nossa
visão). Os sofrimentos de infância podem ser perturbadores, mas a tendência de
cair em tentações não surge de causas externas, mas de dentro de nós. Os sofrimentos,
o diabo ou Deus não produzem nossos pecados. Somos atraídos pela nossa própria cobiça
(Tg 1:2,14).
Nosso coração não é passivo, o modo como eu ajo não
foi determinada por uma causa externa. Ninguém tomou a decisão por outra pessoa
quando ela decidiu conscientemente ser homossexual, isto não é determinado por
uma experiência do passado. Este pensamento
é semelhante a Pelágio e não como Agostinho e a Bíblia. No entendimento pelagiano, somos responsáveis somente
por atos conscientes, de nossa vontade. “Mas, como eu sou uma vítima de abuso,
outra pessoa é responsável pelo o que eu me tornei, não tomei essa decisão
conscientemente, alguém tomou ela por mim”.
A existência da perversidade não nos torna cegos à
pureza. No Brasil, hoje, muitas pessoas da raça negra se apoiam nesse pensamento
de que foram prejudicadas no passado pela escravatura e que isso tem
determinado suas poucas oportunidades de estudos e sucessos profissionais. Quando
lemos as cartas de Paulo, vemos que Deus escolheu uma palavra carregada de
muita experiência negativa, ou seja, eles foram chamados de escravos de Cristo
(1 Co 7:22). Que choque devia ser a linguagem de imagens de escravidão
utilizada por Paulo para aqueles escravos ressentidos ou desesperados.
Outro autor muito conhecido é Gary Chapman, autor
do livro As cinco linguagens do amor.
Este livro pode ser resumido assim: “Identifique o desejo do outro e supra-o”
ou “Se eu coçar as suas costas, você vai coçar as minhas”. As cinco linguagens
do amor, ensina a nos tornarmos conscientes daquilo que os outros querem, e nos
diz para lhe dar exatamente isso. Se dermos as pessoas aquilo que faz com que
elas se sintam receptores, elas tentarão nos devolver o que receberam.
Vejamos o que a Bíblia diz em Mateus 5:46-47:
“Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa
tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os
vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?”
Chapman está seguindo os princípios que guiam os
relacionamentos humanos, ou seja, os mesmos princípios dos publicanos, gentios
e pecadores. Essa é a dinâmica que faz o modelo de Chapman funcionar. Amar de
verdade é ajudar o outro a ver sua coceira como idolatria, e despertá-lo para
uma coceira mais séria! Nossos desejos mesmos legítimos podem se tornar em
exigências, em desejos idólatras e pecaminosos.
Em seu livro você poderá observar uma expressão de
um “tanque emocional vazio”. Este tanque precisa ser abastecido para que as
necessidades do outro sejam satisfeitas (parece mais com a teoria de Maslow do
que com os fundamentos bíblicos). Chapman diz que o mau comportamento, palavras
ásperas e o espírito crítico em um relacionamento é devido ao vazio do “tanque emocional”.
Estar com o tanque vazio de amor é motivo para maltratar os outros? Pagamos o
mal porque nos fizeram o mal? (Mt 5:46-47). Se déssemos ao próximo o que ele
espera, ele nos amaria de volta? Este é princípio para a chave do sucesso
conjugal? Chapman justifica o adultério do marido devido este estar com seu
tanque vazio, ou seja, sua mulher não supriu suas necessidades e por isso ele
foi “empurrado” a buscar satisfazer suas necessidades fora do casamento. Este
livro apresenta o “pobre adúltero”, como vítima bem-intencionada, carente e
decepcionada pela incapacidade do outro em amá-lo do jeito certo. Não existe um
chamado para encarar a si mesmo e temer ao Senhor e chegar ao arrependimento. Ele
embeleza a cobiça em vez de chama-la pelo o que ela é aos olhos de Deus. Este livro
apresenta nossas cobiças como pretexto de “necessidades emocionais”.
Ele também afirma que se as necessidades emocionais
das crianças não forem satisfeitas, elas poderão violar os padrões aceitáveis,
expressando ira para com os pais. Para ele, grande parte do mau comportamento
das crianças e dos adolescentes advém de tanques vazios do amor. Não há
ministração do evangelho de Cristo neste livro sobre educação de filhos, mas um
mero sentimentalismo, onde os pais precisam satisfazer as necessidades de seus
filhos.
Os casais de Gary Chapman não carecem de sangue,
suor e lágrimas de Jesus. Estas pessoas não necessitam de ajuda e poder vindos
de fora, não precisam que Jesus volte, porque a situação atual é boa o
suficiente. Chapman jamais trata do fato de que até os desejos por coisas boas
podem ser maus aos olhos de Deus (David Powlison). Eles desconhecem o
arrependimento e o perdão por aquilo que almejam e vivem. É preciso
arrepender-se de amar apenas a quem o ama, para aprender a amar verdadeiramente
os inimigos, por amor a Cristo.
E por último, quero citar o psicólogo cristão James
Dobson. Ele é autor de vários livros com foco na família. Em seu livro Adolescência Feliz, ele afirma que a
masturbação de um adolescente é algo normal, e que praticamente todo menino faz
isso. Mas, a palavra “normal” não é sinônimo de moralmente aceitável. Se todos
pecaram e carecem da glória de Deus, então o pecado é tanto absolutamente
normal quanto horrível. Ele acredita que o sentimento de culpa leva a
consequências catastróficas em inúmeras crianças. Afirma que os pais devem
raramente falar com seus filhos sobre masturbação. Para ele a masturbação não é
um grande problema para Deus, mas uma parte normal da adolescência.
Precisamos compreender que a masturbação está quase
sempre associada a cobiça sexual. “Quem olhar com desejo para uma mulher já
cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5:28). Mesmo que a Bíblia não fale a
palavra masturbação como pecado, há passagens como esta que mostram que ela
fazia parte desta mensagem de Jesus. Ela viola a santidade de Deus, polui nossa
mente e nos leva ao isolamento. Muitas imagens pornográficas passam na mente da
pessoa enquanto está se masturbando, fornecendo combustível que ela precisa. Se
este ato tem servido como algo feito para aliviar a tensão ou tédio haverá
prejuízos causados em seu coração. Deus não planejou o sexo para ser praticado isoladamente,
mas para ser desfrutado entre duas pessoas: marido e mulher. Isso leva a
unidade, mas a masturbação leva ao isolamento.
O sentimento de culpa não é algo irracional, mas
uma manifestação da graça de Deus. Essa culpa é dor com proposito corretivo
(Tim Challies). Como diria John Piper: “Não desperdice sua culpa!”.
Devemos também ter cuidado com a expressão “eu
sinto” para não confundirmos nossos sentimentos como se fossem suprema
realidade. As opiniões e crenças dever ser avaliadas à luz da Palavra. O que
aconteceu realmente? O que você pensa e crê? Como julga as pessoas ou sua
situação? Finalmente, o que você pensa é verdadeiro e justo, ou falso e
pecaminoso? A declaração eu "sinto" não lança perguntas como essas.
Em vez disso, esconde uma avaliação consciente de minhas ideias e meus juízos.
O que eu sinto simplesmente é. A minha verdade substitui a verdade. Jay Adams
disse que ser dirigido por sentimentos é o problema motivacional das pessoas,
ele estava dizendo que as pessoas pecadoras são dirigidas por mentiras e
cobiças. Como se pode tratar daquilo que não se tem consciência? A expressão
"eu sinto" obscurece a responsabilidade por nossos desejos. As pessoas
agem como seus sentimentos fossem impulsos de autoridade! Desejos enganosos
determinam as escolhas (David Powlison – Uma nova visão).
Nestes exemplos acima, podemos encontrar algo em
comum nos ensinamentos destes homens. O pecado não é levado como a razão final
dos pensamentos e ações das pessoas, mas embelezado e explicado com termos técnicos
de teorias seculares.
“Qualquer teoria que proclama explicar o pecado, na
verdade, é presa dos efeitos intelectuais do próprio pecado, e se esquiva da
verdade teológica e da realidade psicológica. O pecado é a explicação mais
profunda, não apenas mais um problema pedindo razões mais profundas” (David
Powlison – Uma nova visão).
O modelo de aconselhamento integracionista visa
muitas vezes o sucesso nos relacionamentos interpessoais utilizando dos recursos
das ciências sociais como fundamento de seus ensinamentos que busca intercalar
a Bíblia com aquilo que almejam alcançar. O ponto de partida deve ser sempre as
Escrituras e não as ciências sociais, embora elas possam contribuir com
elementos importantes em nossas pesquisas.
O grande teste para saber como é seu coração não é
observar problemas externos ou experiências dolorosas do passado, mas, é
observar como você lida com aqueles que o tratam com falsidade, rejeição e
mal-entendidos. Se você age pagando o mal com o mal, você está apenas revelando
e expressando seus pensamentos e ações de forma consciente o seu coração ativo e
obstinado em meio a estes contextos, porém, pela graça de Cristo você pode
começar a mudar hoje aquilo pelo qual vive.