O propósito da culpa é nos levar para aquele que nos oferece perdão. A boa culpa nos leva ao arrependimento e a alegria do evangelho. Porém, a culpa pode facilmente sair pela culatra e levar a pessoa a uma autocondenação feia.
Quando
a culpa é distorcida, ela se torna em autocondenação, argumentando que nenhum
perdão é possível. A culpa e a vergonha podem ter duas dimensões em um mesmo
evento: “eu fiz algo errado (culpa), e as pessoas podem ver isso (vergonha)”.
O
objetivo da culpa e a vergonha é de nos alertar para uma ruptura em nossos
relacionamentos. Quando sentimos dor em parte do nosso corpo, a dor está falando
que existe um problema que precisa de atenção.
Da
mesma forma as emoções dolorosas são destinadas a promover cura e crescimento. A
culpa comunica que falhamos em atingir o alvo em nossos objetivos relacionais
(Mt 22:34-40). A culpa nos ajuda saber se estamos agindo contra Deus ou contra
o próximo.
A
vergonha se concentra mais em como os outros nos veem do que em como nós os
vemos. A culpa e a vergonha podem se tornar motivos de isolamento em vez de
reconciliação. Quando deixamos de lidar com a culpa passamos a escondê-la, o
que dificulta a restauração dos relacionamentos.
O
objetivo da culpa é nos motivar a nos reconciliarmos com Deus e com o próximo. Se
você traiu seu cônjuge você deveria se sentir culpado por quebrar seu voto
conjugal, e por ter machucado outras pessoas. Você falhou em amar a Deus e ao
próximo.
Se
você estiver tão cego pelo pecado você resistirá a culpa destinada a afastá-lo
desse pecado, e quando for descoberto, você não reconhecerá seu erro, mas irá defendê-lo
racionalizando e justificando o erro (Sl 36:2-4).
É
mais fácil não enfrentar a culpa e a vergonha e tentar silenciar as boas
intenções delas. Mas, a negação e o escapismo são o caminho da morte. Muitas vezes
a culpa e a vergonha estão sob o disfarce da ira e da transferência de culpa
(Gn 3:12).
Sempre
que você se vir afastando dos outros e encobrindo o que está acontecendo dentro
de você, vale a pena se perguntar se você fez algo de errado ou se teme que
outros o vejam dessa maneira.
Também
é preciso examinar as realidades objetivas e subjetivas da culpa: culpa verdadeira
versus culpa falsa. Você pode ser culpado, mas não se sentir culpado. Por outro
lado, você pode se sentir culpado, mas não ser verdadeiramente culpado.
Culpa
verdadeira e falsa têm a mesma sensação, mas estão enraizadas em critérios
diferentes. A falsa culpa acontece quando violamos uma lei que não é de Deus (normas
culturais, valores/tradições de uma família/igreja etc.).
Por
exemplo, uma criança cujos pais são divorciados pode ser se sentir culpada e responsável
pela tristeza da mãe quando ela visita seu pai nos fins de semana. Esta é uma
falsa culpa que a tormenta.
Há
uma diferença entre vergonha e ser envergonhado. A vergonha é uma resposta
apropriada às consequências do pecado, mas ser envergonhado é quando as pessoas
pecam contra nós.
Muitas
crianças que foram abusadas direcionam para si a ira porque aprendem que não é
seguro criticar externamente o agressor na família produzindo um sentimento
destrutivo de vergonha.
A
culpa e a vergonha devem nos mover em direção a Deus e as pessoas. Por isso um
diagnóstico útil é se perguntar: “isso está me movendo para longe de Deus e dos
outros ou em direção a eles?”.
Procure alguém de confiança para conversar, Deus será fiel em trabalhar em nós, mesmo na dor de sermos mal compreendidos. Lembre-se, culpa e vergonha levam ao crescimento quando expostas à luz, mas tendem a apodrecer no escuro.
REFERENCIAL TEÓRICO
GROVES, J. Alasdair; WINSTON T. Smith. Organize suas emoções. São José dos Campos: Fiel, 2022.
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