quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Como lidar com a culpa e a vergonha

O propósito da culpa é nos levar para aquele que nos oferece perdão. A boa culpa nos leva ao arrependimento e a alegria do evangelho. Porém, a culpa pode facilmente sair pela culatra e levar a pessoa a uma autocondenação feia.

Quando a culpa é distorcida, ela se torna em autocondenação, argumentando que nenhum perdão é possível. A culpa e a vergonha podem ter duas dimensões em um mesmo evento: “eu fiz algo errado (culpa), e as pessoas podem ver isso (vergonha)”.

O objetivo da culpa e a vergonha é de nos alertar para uma ruptura em nossos relacionamentos. Quando sentimos dor em parte do nosso corpo, a dor está falando que existe um problema que precisa de atenção.

Da mesma forma as emoções dolorosas são destinadas a promover cura e crescimento. A culpa comunica que falhamos em atingir o alvo em nossos objetivos relacionais (Mt 22:34-40). A culpa nos ajuda saber se estamos agindo contra Deus ou contra o próximo.

A vergonha se concentra mais em como os outros nos veem do que em como nós os vemos. A culpa e a vergonha podem se tornar motivos de isolamento em vez de reconciliação. Quando deixamos de lidar com a culpa passamos a escondê-la, o que dificulta a restauração dos relacionamentos.

O objetivo da culpa é nos motivar a nos reconciliarmos com Deus e com o próximo. Se você traiu seu cônjuge você deveria se sentir culpado por quebrar seu voto conjugal, e por ter machucado outras pessoas. Você falhou em amar a Deus e ao próximo.

Se você estiver tão cego pelo pecado você resistirá a culpa destinada a afastá-lo desse pecado, e quando for descoberto, você não reconhecerá seu erro, mas irá defendê-lo racionalizando e justificando o erro (Sl 36:2-4).

É mais fácil não enfrentar a culpa e a vergonha e tentar silenciar as boas intenções delas. Mas, a negação e o escapismo são o caminho da morte. Muitas vezes a culpa e a vergonha estão sob o disfarce da ira e da transferência de culpa (Gn 3:12).

Sempre que você se vir afastando dos outros e encobrindo o que está acontecendo dentro de você, vale a pena se perguntar se você fez algo de errado ou se teme que outros o vejam dessa maneira.

Também é preciso examinar as realidades objetivas e subjetivas da culpa: culpa verdadeira versus culpa falsa. Você pode ser culpado, mas não se sentir culpado. Por outro lado, você pode se sentir culpado, mas não ser verdadeiramente culpado.

Culpa verdadeira e falsa têm a mesma sensação, mas estão enraizadas em critérios diferentes. A falsa culpa acontece quando violamos uma lei que não é de Deus (normas culturais, valores/tradições de uma família/igreja etc.).

Por exemplo, uma criança cujos pais são divorciados pode ser se sentir culpada e responsável pela tristeza da mãe quando ela visita seu pai nos fins de semana. Esta é uma falsa culpa que a tormenta.

Há uma diferença entre vergonha e ser envergonhado. A vergonha é uma resposta apropriada às consequências do pecado, mas ser envergonhado é quando as pessoas pecam contra nós.

Muitas crianças que foram abusadas direcionam para si a ira porque aprendem que não é seguro criticar externamente o agressor na família produzindo um sentimento destrutivo de vergonha.

A culpa e a vergonha devem nos mover em direção a Deus e as pessoas. Por isso um diagnóstico útil é se perguntar: “isso está me movendo para longe de Deus e dos outros ou em direção a eles?”.

Procure alguém de confiança para conversar, Deus será fiel em trabalhar em nós, mesmo na dor de sermos mal compreendidos. Lembre-se, culpa e vergonha levam ao crescimento quando expostas à luz, mas tendem a apodrecer no escuro.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

GROVES, J. Alasdair; WINSTON T. Smith. Organize suas emoções. São José dos Campos: Fiel, 2022.

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