O que é ansiedade? A palavra grega
traduzida por ansiosos em Filipenses 4:6 significa “atraídos para direções diferentes”.
Nossas esperanças nos puxam para um lado, nossos medos para o outro, a tensão
torna-se insuportável. O sentido da palavra ansiedade é associado a angústia,
que pode significar “estreito, aperto”. Quando ficamos ansiosos, nos sentimos
“estrangulados e apertados”, ou seja, começamos a sentir sintomas físicos como:
dores de cabeça, no pescoço, nas costas e úlceras. A preocupação afeta nosso
raciocínio, nossa digestão e até mesmo nossa coordenação motora.
A ansiedade é usurpadora da alegria
(Fp 4:4), e é uma
evidência do orgulho que há em nosso coração. Não nos contentamos em
simplesmente fazer o que Deus ordena e deixar com Ele os resultados (1Pe 5:6-7).
Pessoas orgulhosas pensam que elas têm que fazer as coisas acontecerem e ficam
ansiosas quando os resultados não saem como planejaram. A preocupação é uma
completa perda de tempo e energia porque nunca faz algo acontecer nem impede
que algo aconteça.
A ansiedade certamente é pecado, mas um pecado
causado por outro pecado. Precisamos descobrir qual é esse pecado para podermos
nos arrepender dele e tratá-lo. Há dois tipos de preocupação: 1) Sentido
negativo: significa uma preocupação ou um cuidado/interesse legítimo, que
está fora de controle (Mt 6:25,31,34; 13:22; Lc 10:41; 21:34; Fp 4:6; 1 Pe 5:7).
2) Sentido positivo: significa uma preocupação como cuidado e interesse
legítimo que está submetido ao controle de Deus (1Co 7:32-34; 12:25; 2Co 11:28;
Fp 2:20). A preocupação que está fora de controle é pecaminosa, pois ela
expressa duas coisas em nosso coração: idolatria e incredulidade.
1. Idolatria. Em Mateus 6:19-25 Jesus diz que preocupação é
idolatria. A ansiedade é um indicador automático de um coração que não está
seguindo o Senhor completamente, mas que está seguindo a alguma outra coisa
temporariamente.
2. Incredulidade. A preocupação envolve incredulidade, porque não
cremos que Deus suprirá aquilo que prometeu (Mt 6:30,33; Fp 4:19). Nossa
incredulidade questiona a soberania, a sinceridade e a suficiência de Deus (Sl
103:19; Dn 4:35; Rm 8:28; 2 Co 1:20; Hb 13:5,6; Is 41:10). Quando nos
preocupamos estamos tentando agir como Deus, colocando-nos no controle (Nm
11:10,11,14).
Existem conflitos de natureza interpessoal
em que a causa do problema está relacionada com ansiedade, ou seja, por haver
preocupações fora de controle, elas roubam a alegria e a comunhão entre pessoas
de uma determinada comunidade (Fp 4:4). Como vimos, a ansiedade expressa idolatria
em nosso coração, então podemos deduzir que exista algum falso deus governando o
coração de pessoas ansiosas, e aquilo que governa o nosso coração se torna o
nosso seu tesouro.
Quão é o seu tesouro? (Mt 6:19-25; Lc
12:34). Seu tesouro pode ser segurança financeira, amor conjugal, filhos,
perfeccionismo legalista, sucesso, reputação, opinião das pessoas. Muitos
tesouros são difíceis de serem identificados pelo fato de serem compreensíveis
e legítimos. Porém, um desejo legítimo pode se tornar pecaminoso, quando este
se torna uma exigência.
Se a
ansiedade também expressa incredulidade em nosso coração, então podemos
deduzir que pessoas ansiosas podem estar deixando de confiar em Deus e
colocando sua esperança em ídolos, vivendo com pouca fé. Com o que você está
preocupado?.
Qual a solução? Se preocupação é
incredulidade, a solução é fé (Lc 12:28). Mas deve haver arrependimento da
incredulidade. John Piper disse: “Jesus diz que a raiz da ansiedade é fé
inadequada na graça futura do nosso Pai. Quando a incredulidade consegue o
controle dos nossos corações, um dos efeitos é a ansiedade. A causa original da
ansiedade é um fracasso em confiar em tudo que Deus prometeu ser por nós em
Jesus”.
Paulo encoraja seus leitores a não viverem
com ansiedade, ou seja, não se entregarem as preocupações com relação aos
conflitos e perseguições, mas que tudo isso fosse conhecido diante de Deus com
pedidos através das orações (Fp 4:6). A confiança produz tranquilidade em
nossas mentes, mas só quando colocamos em prática através das orações.
Em Lucas 12:22-34 Jesus estava falando com
pessoas simples, a maioria eram lavradores da terra, pescadores e mulheres do
campo. Não tinham fundos de investimento nem sistema previdenciário. Ele dizia:
“Observem o que todo mundo busca, vocês vão fazer o mesmo que a multidão só porque
ela faz isso? ” (Lc 12:30)
Hoje os jornais cobrem assuntos que tocam
a todos, noventa por cento disso é dinheiro. As pessoas vivem para o dinheiro
ou para Deus? Qual tem sido nossa atitude quanto ao dinheiro? Deus sabe que
precisamos de emprego. Não é errado poupar para aposentadoria, comprar um
carro. Temos necessidades econômicas, e Jesus disse: “O Pai sabe que vocês
precisam delas”. Mas, nossa vida consiste em dinheiro?
Podemos confiar em sua Palavra. A falha no
sistema previdenciário significa que talvez não tenhamos dinheiro para o
futuro. Mas existe um tesouro muito melhor, inextinguível. Esse ninguém poderá
tirar de nós. Esses bens não podem ser roubados nem comidos pelas traças, nem
confiscados, arruinadas e perdidos. Todas as coisas pelas quais nos preocupamos
são as que queremos, mas podemos perdê-las. Essa é a razão de nossa ansiedade.
Incertezas geram ansiedade. Você é muito mais importante que os corvos (Lc
12:24). Essa é uma promessa que podemos depender e uma razão para não nos
preocupar.
Qual o remédio para a preocupação? O
antídoto para a preocupação é confiar em Deus. O remédio para preocupação é
buscar o Senhor, crer nas suas promessas e orientar a sua vida pelas
prioridades Dele (Lc 12:32; Rm 8:32). A preocupação não pode trazer melhoras
para o nosso futuro. Em vez disso, nos desvia das nossas responsabilidades
presentes. Ela esgota nossa energia e consome nossa vitalidade e nos faz perder
as alegrias presentes e benção da provisão de Deus. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em
tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque
ele tem cuidado de vós” (1Pe 5:6,7).
A paz Deus é quem pode guardar a mente e o
coração do cristão de toda ansiedade, pois ela dá o descanso pela confiança em
Deus mesmo não compreendendo muito bem o motivo das preocupações (Fp 4:7). O
antídoto para toda ansiedade é o descansar em segurança no Senhor. Toda
ansiedade é decorrente da não confiança no socorro ou no poder divino.
Conversar (orar) com Deus a respeito de
tudo o que nos preocupa é o primeiro passo a vencer a ansiedade. Paulo
encontrava-se preso quando escreveu para os Filipenses. A paz de Deus não quer dizer
ausência de provações externas, mas significa segurança interior tranquila a
despeito de circunstâncias, pessoas ou coisas. A oração com ações de graças
significa gratidão, ou seja, é orar a Deus sem queixas e murmurações. Não ore a
Deus como se você tivesse motivos para acusá-lo, reclamando insatisfeito porque
Ele não tem respondido suas orações de forma imediata, mas seja grato!
APLICAÇÕES
PRÁTICAS
O que tem preocupado você atualmente?
Liste suas principais preocupações. Avalie a lista de suas principais
preocupações e classifique em duas categorias: ENTREGAR e AGIR.
A) Liste as preocupações que você nada
pode fazer e que precisam ser entregues a Deus, que você precisa orar e confiar
que Deus agirá no tempo certo de acordo com o propósito dele.
B) Liste as preocupações que são
responsabilidades que Deus confiou a você para que as cumpra em obediência a
Ele e na dependência de sua graça.