quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Más lembranças: encarando o passado com as lentes do evangelho

As más lembranças não irão desaparecer da memória com o uso do álcool ou da droga, isto é apenas um meio de anestesiá-la. Tampouco irá desaparecer seguindo conselhos do tipo: “o que passou, passou, bola pra frente”. A má interpretação de Fp 3:13 sugere esse tipo de conselho, mas é insensível com aqueles que sofrem, pois ignora o alvo de Deus para nós: de refletirmos a gloriosa imagem de Cristo! Paulo está dizendo que no passado ele tentava agradar a Deus por meio de seu ativismo religioso ao invés de ser por meio de Cristo.

 Deus estava presente em nosso passado quando fizemos coisas ruins, e ele pode transformá-lo em algo bom (Gn 50:20). Experiências do passado não determinam o futuro (1Pe 1:18), nem a realidade das pessoas (2Co 5:17). Estes pensamentos levam as pessoas a acreditarem em Deus como distante e maldoso. Quanto mais nos esquivamos de nossas responsabilidades por nossa descrença, mais culpamos os outros e vivemos saboreando o papel de vítimas.

Nossas lembranças precisam ser redimidas. José quando sofreu com a rejeição de seus irmãos, foi vendido como escravo, e mesmo passando os anos de sua juventude em uma prisão, ele não culpou a Deus, o sistema político ou sua família pelos “anos perdidos” e tudo o que ele poderia ter feito, não, ele continuou com o propósito de glorificar seu Deus. Seu passado doloroso não determinou seu futuro, pois Deus é soberano sobre as pessoas e circunstâncias.

Paulo não escondeu seu passado para Timóteo, seu jovem amigo temeroso, quando disse que anteriormente ele havia sido blasfemo, perseguidor e insolente e o pior dos pecadores (1Tm 1:12-17). Paulo encara seu passado com as lentes do evangelho, centrado em Cristo, pois sua vida é caracterizada por um 1) arrependimento profundo, por uma 2) elevada gratidão, e por uma 3) ampla força em ajudar os outros.

O sentimento de culpa não é algo irracional, mas uma manifestação da graça de Deus. Essa culpa é dor com propósito corretivo (Tim Challies). Como diria John Piper: “Não desperdice sua culpa! ”. Estar consciente dos seus pecados também o torna mais sensível as novas tentações. Assim como uma criança que se queima no fogo, você será mais cuidadoso na próxima vez que tentar repetir um mesmo erro, pois a lembrança de sua maldade passada o ajudará a detê-lo. “Como o cão volta ao seu vômito, assim o insensato repete a sua insensatez” (Pv 26:11).

Continuar sendo sem vergonha é uma marca de uma vida dominada pelo pecado (Rm 6:21). “Aqueles que são perturbados com a vergonha de sua depravação” (Calvino) realmente entenderam o evangelho de Cristo. A lembrança apropriada e envergonhada dos nossos antigos pecados nos impedirá de repeti-los e nos ajudará a receber a graça salvadora de Deus (Ez 16:60-63; 20:43; 36:31-32). Deus irá produzir arrependimento e humildade em nossas vidas, quando vermos nossos fracassos através de sua misericórdia em Cristo.

“Grandes pecadores necessitam de um grande Salvador, e reagem com grande gratidão” (Robert Jones; veja Lc 7:36-50). Paulo viu sua vida como um modelo do que Deus poderia fazer na vida de outras pessoas, sendo sensível e compassivo com seus companheiros pecadores.

 

REFENCIAL TEÓRICO

JONES, Robert D. Más Lembranças: Superando o seu passado. São Paulo: NUTRA, 2010.

A importância da infância baseada no brincar

No começo da década de 2010 houve um declínio da saúde mental em muitos países, indicado por um aumento acentuado nos índices de ansiedade ,...