Em 2006 um filme
estrelado por Will Smith retratou a história real da vida de Chris Gardner, um
empresário norte-americado, investidor, corretor da bolsa de valores e
palestrante motivacional. A perspectiva deste filme é mostrar os desafios de um
marido e pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros, que é
abandonado pela mulher, chegando a ser despejado de seu apartamento tendo que
dormir em abrigos, banheiros públicos com seu filho de 5 anos. Um dia Chris viu
uma Ferrari estacionando em frente a bolsa de valores, e ali ele ficou
observando as pessoas descendo as escadas sorrindo, pareciam pessoas felizes e
ele desejou ser como elas, um corretor da bolsa.
O problema é que
na perspectiva bíblica Chris falhou em seu papel mais importante, o de marido.
O filme demonstra um homem ambicioso, ele tem uma meta, ser um corretor da
bolsa, e ele irá sacrificar o que for necessário para conseguir atingi-la,
inclusive seu casamento. Aos olhos do mundo ele foi um vencedor, pois conseguiu
conquistar seu objetivo, se tornando um homem milionário, porém, seu casamento
não foi bem sucedido.
Sempre que estou
à procura de algo que me dê identidade, sentido, propósito e um sentimento de
bem-estar fora do relacionamento e da adoração a Deus, me esqueço de quem eu
sou em Cristo, e passo a procurar minha identidade em outros lugares. O
trabalho e o ministério podem se tornar o principal lugar onde extraio minha
identidade, e isto não é bom.
O trabalho em
excesso quase sempre está enraizado no ego, seja por insegurança, seja por
necessidade de sentir-se necessário ali, seja por egolatria discreta, pois
começo a dizer para mim mesmo: “Deus não vai operar se eu não estiver lá”; “Sem
eu, aquele lugar não vai pra frente”.
Não é minha
profissão que define que eu sou, e muito menos meu ministério, contudo, o
título que define meu papel profissional, ministerial e familiar, é o de servo.
Sim, minha esposa não precisa de um profissional em seu casamento ou de um
líder religioso, e sim de um servo de Cristo que exerça seu principal papel
dentro do lar e vice-versa. Não posso permitir que meu ministério e meu
trabalho afirmem meu valor pessoal com o meu desempenho nestas áreas, meu valor
pessoal deve estar a parte do meu ministério e trabalho.
Preciso me
definir pelo meu relacionamento com Deus e com as pessoas mais íntimas e mais
queridas, não pelo ministério ou pela minha profissão.
Se eu não
aprender a adorar a Deus em meu casamento, em meu ministério e em meu trabalho,
de algum modo tentarei assumir o seu lugar. Tentarei ser o Senhor em cada uma
destas esferas, e tentarei assegurar que o reino do ego venha e que minha
vontade seja feita. Eu não sou o protagonista ou líder de minha vida e dos meus
resultados, não, eu sou um servo de Cristo e dependo Dele para alcançar
qualquer meta em minha vida.
É preciso
aprender encontrar alegria na vontade de Deus, pois somente a adoração
funcional de Deus é forte o suficiente para romper com a aliança com o ego e me
transformar em uma pessoa que realmente encontra alegria em amar a Deus e ao
próximo.
Quando nós
maridos falhamos, não falhamos apenas em relação a nossa esposa, mas falhamos
também em representar o amor de Jesus pela sua igreja. Quando deixamos de
refletir Cristo em nosso casamento, prejudicamos o nome dele. Nós maridos fomos
chamados para revelar Jesus Cristo mediante a liderança que exercemos em nosso
lar. Quando fracassamos, representamos de maneira deplorável, uma imagem
distorcida de Cristo para as outras pessoas.