O
Batismo assim como a Ceia do Senhor é um sacramento. O Batismo testifica que
somos lavados e purificados, e a Ceia que fomos redimidos. A água representa a
purificação, o lavamento; o sangue, a satisfação. As duas coisas se encontram
em Cristo.
O
sacramento é um sinal externo daquilo que o Senhor realiza no nosso interior. O
sacramente serve para nos confirmar e fortalecer a nossa fraca fé. É um sinal
externo acompanhado da Palavra do Senhor e selado pelo Espírito Santo. Jamais
podemos depositar nossa confiança nos sacramentos, nem transferir para eles a
glória de Deus, como se eles fossem a causa e a fonte das bênçãos que por meio
deles recebemos.
Um
exemplo de sacramento no Antigo Testamento seria o fruto da Árvore da Vida que
Adão e Eva comiam à vontade no Jardim do Éden até que um dia foram proibidos de
comê-lo quando desobedeceram a Deus comendo de um outro fruto da Árvore do
conhecimento do Bem e do Mal. Ambos os frutos não continham poder algum, mas
possuíam significado e importância.
Há
somente uma diferença entre os sacramentos antigos e novos. É que aqueles
prefiguravam a Cristo prometido, quando ainda se esperava a sua vinda, ao passo
que os novos, os nossos, testificam e assinalam que ele já nos foi dado e
manifestado. A igreja evangélica em geral reconhece apenas dois sacramentos
instituídos por Cristo para sua igreja: O batismo e a Ceia do Senhor. A Igreja
Católica Romana reconhece 7 sacramentos.
No
Antigo Testamento o sacramento que antecedeu o Batismo foi a Circuncisão. Este
sacramento foi abolido com a vinda de Cristo e o sacramento instituído em seu
lugar foi o Batismo. Assim como os frutos da Árvore do conhecimento do bem e do
mal e da Árvore da Vida não continham nenhum poder, não devemos pensar que a
água do batismo contenha alguma virtude ou poder para nos purificar, regenerar
ou renovar. A Circuncisão continha para os antepassados do povo de Deus, a
mesma promessa que o Batismo contém, significando e simbolizando a remissão dos
seus pecados e mortificação da sua carne, para viverem para a justiça. O Senhor
ordenou ao seu povo que ministrasse a circuncisão às crianças. Ele disse
expressamente que a Circuncisão ministrada as crianças seria para confirmar sua
aliança (Gn 17:12; 21:4). Os filhos dos judeus eram chamados linhagem santa.
A
Bíblia não relata no Novo Testamento se os Apóstolos batizaram crianças ou não,
porém, o que se deduz é que quando uma família era convertida ao evangelho,
toda a casa, incluindo crianças eram batizadas (At 16:15,33; 1 Co 1:16).
O
Batismo, assim como foi a Circuncisão, deve ser realizado nos filhos dos pais
crentes para confirmarem a aliança e as promessas de misericórdia do Senhor. O
Batismo não é uma promessa de salvação, assim como a Circuncisão também não
foi. Sabemos que somente o remanescente fiel é que foi salvo do povo de Israel,
e hoje também é assim na igreja de Cristo. A Circuncisão, para quem não sabe,
era realizada somente em crianças e adultos do sexo masculino. Aqueles então,
que apresentam alguma objeção quanto ao batismo infantil, não deveriam batizar
as mulheres hoje, já que esse sacramento no AT era realizado somente em homens.
O
maior argumento daqueles que fazem objeção ao Batismo infantil está na passagem
do evangelho de Marcos 16:16 que diz: “Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”. Estes alegam
que uma criança não pode crer para ser batizada. Então fica subentendido, na
objeção dessas pessoas que as crianças que morrerem antes da idade da razão,
sem terem sido batizadas, serão condenadas ao inferno. Não faz sentido isso.
Por
fim, quero ressaltar que o Batismo infantil não dá margem para o ensinamento de
que as crianças devam participar da Ceia do Senhor. A Ceia foi ordenada para
aqueles, que tendo passado pela primeira infância, estão aptos a nutrir-se de
alimento sólido. A Ceia deve ser comunicada somente aqueles que podem discernir
o corpo do Senhor, podem examinar-se e comer, podem anunciar a morte do Senhor.
Se as crianças não podem examinar-se, por que haveríamos de submetê-las a juízo
e condenação ministrando a elas a Ceia? Como poderiam anunciar a morte do
Senhor os bebês, que ainda nem conseguem falar? Há grande diferença entre
Batismo e Ceia. A Circuncisão que se ministrava no Antigo Testamento, antes do
Batismo, era aplicada aos bebês, mas quando o povo de Deus celebrava a Páscoa,
que hoje em seu lugar temos a Ceia, só participavam os filhos capazes de
perguntar pelo seu sentido.
“Quando vossos filhos
perguntarem: Que rito é este? Respondereis: É o sacrifício da Páscoa ao SENHOR,
que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os
egípcios e livrou as nossas casas” (Êx 12:26).
O
compromisso que os pais assumem perante a Igreja e o Senhor de educarem seus
filhos segundo as promessas da aliança de Deus, de discipliná-los quando
necessário e de ensiná-los a amarem a igreja de Cristo, apreciarem sua
santidade e a sua Palavra no dia do batismo, é algo precioso, marcante e de
grande importância para as famílias cristãs.
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