terça-feira, 2 de agosto de 2016

O que a Bíblia diz a respeito da escolha dos líderes civis nas esferas governamentais?

 Houve um período em que a nação de Israel foi considerada por Deus uma esposa que se prostituiu. O povo do reino do Norte havia se afastado de seu relacionamento vivo e amoroso com Deus. Essa nação estava sendo comparada a uma esposa infiel, que havia desprezado a aliança de Deus por causa de sua idolatria. Deus deixou de ser seu marido cuidadoso e protetor, e pronunciou seu julgamento para castigá-la, executando a maldição da aliança sobre ela (Israel) e seus filhos (Oséias 2).

Quero destacar uma referência à desobediência que Oséias fez de Israel em relação ao cargo de rei. Oséias acusou Israel especificamente de escolher reis e príncipes sem o consentimento ou aprovação de Deus (Os 8:4). Nenhum desses reis invocou a Deus (Os 7:7). Todos eles fracassaram como agentes da aliança que deveriam servir como Davi havia feito. Esta nação estava se alegrando em seus reis embriagados e infiéis, príncipes escarnecedores com sua perversidade e mentiras (Os 7:3-7). Assim como Oséias foi chamado para ser um porta-voz do Deus Yahweh a nação de Israel e transmitir sua palavra no tocante aos seus reis e príncipes, este artigo tem a finalidade de orientá-lo a se preparar para a escolha de líderes civis de qualquer esfera governamental de nosso país.

Como vivemos em um Estado democrático, temos o privilégio de escolher através do voto nossos governantes. Para isso, precisamos conhecer os modelos políticos de nosso país, e até mesmo de outros países para tomarmos uma decisão sábia ao direcionarmos o nosso voto a uma pessoa representante de um partido político.

O Estatismo é um modelo associado a posição esquerdista, como no comunismo e no nazismo. O Estado ou o partido adquire uma dimensão transcendente, agindo para estender seu domínio ideológico sobre todas as esferas da sociedade. O estatismo é o cerne da esquerda. É possível identificarmos através da história a ligação da esquerda com o totalitarismo e o autoritarismo. O autoritarismo não é guiado por ideais utópicos, há certa distinção entre o Estado e sociedade, com tolerância a alguma pluralidade na organização. O totalitarismo, por sua vez, invade a vida privada e a asfixia, na tentativa ideologicamente orientada de mudar o mundo e a natureza humana. A extrema esquerda pode ser associada ao comunismo, socialismo e o nazismo. A esquerda pode ser definida como aquele modelo do espectro político em que há pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica em que o partido age para estender seu domínio sobre todas as esferas da sociedade. Caracteriza-se pela crença na igualdade de poder. O mal é visto exclusivamente no outro (Ex: ódio a classe média; direitistas vistos como racistas).

As liberdades individuais, é o segundo modelo político. Este modelo é associado à posição direitista, em que se privilegiam a liberdade individual e econômica e a garantia dos direitos individuais, sendo os limites o respeito à vida, à propriedade e à liberdade dos demais. O Conservadorismo e o liberalismo de mercado e a restrição à intervenção estatal na economia, são associados à direita. Infelizmente no Brasil, a direita não é bem representada pelos 35 partidos existentes em nosso país, com algumas exceções (nº de partidos não atualizados).

No Brasil, o regime militar foi chamado de “direita”, que tomou o poder no país entre 1964 e 1985, e “esquerda” os grupos que se opuseram às Forças Armadas e almejavam um regime socialista. Contudo, tanto militares quanto a esquerda compartilhavam como ideário o autoritarismo e o desenvolvimento intervencionista. Os ditadores mais cruéis da história do século 20 foram esquerdistas, dois exemplos deles foram: Lenin e Stanlin (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e Adolf Hitler (Alemanha). O socialismo é uma visão de mundo rival do cristianismo.

Precisamos ter um posicionamento crítico quanto a alguém estar muito à esquerda ou muito a direita. E precisamos entender que toda ideologia é idolátrica, pois ela se coloca em uma espécie de Deus capaz de nos salvar. As cinco ideologias mais influentes no nosso mundo moderno são: liberalismo, conservadorismo, nacionalismo, democracia e socialismo. Algumas ideologias, como a democracia, é provavelmente a melhor atualmente disponível em nossa sociedade, mas não podemos pensar que seja um deus, e jamais deificar um sistema político.

Peçamos sabedoria a Deus para escolhermos nossos líderes civis governamentais e jamais sejamos desobedientes a Deus, agindo semelhantemente ao povo de Israel, quando direcionarmos nosso voto a partidos ligados aos sistemas políticos que não consideram a Deus em nada e se opõem a tudo que diz respeito ao cristianismo e que enchem os corações das pessoas com utopias.

 

Voto Consciente

 

  1. Conheça bem o candidato que receberá seu voto: Pesquise seu histórico pessoal, seus feitos, valores e propostas
  2. Examine os projetos do candidato para saber se estão de acordo com os do partido ao qual ele está filiado: Conheça os programas e a filosofia do partido, pois ao eleger um candidato, você ao mesmo tempo vota num partido, ajudando a eleger candidatos a ele afiliados.
  3. Lute contra todas as formas de corrupção, apoiando mecanismos de controle do uso do dinheiro público e das prioridades do governo: Apoie projetos como o Ficha Limpa
  4. Apoie propostas que defendam a vida e a dignidade do ser humano em qualquer circunstância: A vida é um dom de Deus, desde a sua concepção no ventre materno até sua morte. Portanto, proteger a vida inclui combater o aborto e a eutanásia
  5. Verifique qual é a proposta educacional do candidato, analisando se ele defende a qualidade e a liberdade do ensino, mesmo no âmbito religioso, e promove uma escola digna e de qualidade: Apoie iniciativas como a “Escola Sem Partido”, que luta pela educação livre de doutrinação de qualquer ordem
  6. Rejeite candidatos e partidos com ênfases estatizantes e intervencionistas nas esferas familiar, eclesiástica, artística, trabalhista e escolar, os quais concebem um ambiente em que há pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica: A família, a igreja, o trabalho e a escola são esferas independes do Estado, pois existem sem este, derivando sua autoridade somente de Deus
  7. Repudie ministros, igrejas ou denominações que tentem indicar determinada ideologia com o reino de Deus ou com a mensagem bíblica: A igreja, ao proclamar com fidelidade a Palavra de Deus, influencia o Estado, de modo que suas leis se conformem com a vontade de Deus.
  8. Apoie os candidatos comprometidos com propostas e leis que sejam derivadas da lei de Deus, conforme revelada nas Escrituras, pois essa é a fonte última e absoluta da ética pessoal, eclesiástica e social.
  9. Valorize candidatos e partidos comprometidos com o modelo republicano de governo, no qual a nação é governada pela lei constitucional e administrada por representantes eleitos pelo povo, e em que há divisão e separação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário, de modo que nenhum governo ou ramo do governo monopolize o poder.
  10. Apoie candidatos que enfatizem as funções primordiais do Estado: Os governantes têm a obrigação principal de zelar pela segurança do povo, para isso pagamos tributos Rm 13:1-7

 

“A boa mão do meu Deus era comigo” (Ne 2:8)

 Nós Cristãos fomos chamados para respeitar, honrar e orar pelas autoridades e não para colocá-las acima de Deus (1Tm 2:2). Por isso os cristãos não devem dividir sua lealdade com um Estado/partido/governo, pois isso implicaria a quebra do primeiro e segundo mandamentos (Êx 20:3-5).

Neemias é um bom exemplo de como os cristãos devem se relacionar com governantes trabalhando na obra de Deus dentro da estrutura de autoridade do Estado, mas sem idolatrá-los. Não foi a “boa mão do Estado” que ajudou ele seu povo a reconstruir as ruínas de sua cidade natal, mas a “boa mão de Deus” que tocou o rei para que ele cooperasse (Ne 2:8). A expressão “a boa mão de Deus” aparece em várias passagens dos livros de Esdras e Neemias, e aponta para a bondade de Deus em proteger e prover para o seu povo. O rei Artaxerxes foi apenas o canal por meio do qual Deus derramou a sua bênção sobre Neemias e sobre o povo de Deus (Ed 7:9; 8:18).

Na Bíblia vemos que Deus elegeu reis para o serviço, mas isso não implicava necessariamente eleição para salvação. Por exemplo, Nabucodonosor rei da Babilônia (Jr 27:6) e Ciro da Pérsia (Is 44:28; 45:1) foram eleitos por Deus para servi-lo, o primeiro para executar a maldição pactual sobre Israel (foi chamado de “meu servo”), e o segundo para realizar a bênção pactual prometida do retorno à sua herança (foi chamado de “meu pastor”).

Um Estado/partido/governo que deseja ser total e adorado pelo povo, deixa de cumprir com sua principal função ordenado por Deus de proteger, sustentar, e preservar a santidade da vida humana (Rm 13:1-7), para se tornar em uma “besta” (Ap 13:1-18), que recebeu autoridade do dragão, este sistema já está em operação no mundo (2Ts 2:7), são os reinos, impérios e governos (Dn 7) liderados pelos precursores do anticristo e que serão liderados pelo próprio anticristo nos tempos finais.

Os cristãos devem rejeitar modelos políticos com ênfases estatizantes e intervencionistas nas esferas familiar, eclesiástica, artística, trabalhista e escolar, os quais concebem um ambiente em que há pouca ou nenhuma liberdade pessoal e econômica. A família, a igreja, o trabalho e a escola são esferas independes do Estado, pois existem sem este, derivando sua autoridade somente de Deus. Quanto maior o Estado, maior a dependência do Estado, e como consequência teremos uma sociedade idolatrando o Estado.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

FERREIRA, Franklin. Contra a Idolatria do Estado: O papel do cristão na Política. São Paulo: Vida Nova, 2016.

SPROUL, R.C. What Is the Relationship between Church and State? North Mankato: Corporate Graphics, 2014.

KOYZIS, David T. Visões & Ilusões Políticas: Uma análise & crítica cristã das ideologias contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2014.

GERARD, Van Groningen. Criação e Consumação: O Reino, a Aliança e o Mediador. II Vol. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 

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