Estamos
caminhando para a parte final da nossa série de estudos sobre a soberania das
esferas. E neste mês nosso último estudo será focado na esfera da Família.
A
família foi criada antes do Estado, e como já vimos nos estudos anteriores o
Estado foi estabelecido por Deus para que o mal em nosso mundo fosse refreado,
porém, este sistema não foi necessário antes da queda do homem, sem pecado não
haveria necessidade de magistrados nem ordem no estado, pois existiria apenas
um império mundial orgânico com Deus como seu Rei (Abraham Kuyper -
Calvinismo).
O
casamento é uma instituição divina (Gn 2:18-25; Mt 19:6), criado e ordenado por
Deus para a raça humana. Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança e
como macho e fêmea. O casamento não é invenção humana, é mandato de Deus e deve
ser obedecido e cumprido (Gn 1:28). O mandato social é a base para o mandato cultural,
pois da família se desenvolve a sociedade e a cultura. A sociedade origina-se
diretamente da criação. Podemos observar isto imediatamente na família. Da
dualidade entre o homem e a mulher surge o casamento. Da existência original de
um homem e uma mulher vem a monogamia. As crianças existem por causa do poder
inato de reprodução. As crianças estão naturalmente relacionadas como irmão e
irmãs. O desenvolvimento é espontâneo. Mesmo com o pecado, o casamento continua
sendo o fundamento da sociedade humana, e a família mantém sua posição como a
esfera primordial na sociologia. “O lar é tão básico e
central para todas as instituições sociais não apenas porque foi a primeira
instituição da sociedade fundada por Deus, mas porque é o berçário da igreja”
(Michael S. Horton - O Cristão e a Cultura).
Existe
uma frase de um pensador do século passado que diz: “a força de uma nação
vem da integridade de seus lares”, e de acordo com ela podemos concluir sem
dúvida nenhuma qual é o motivo do caos de nosso país e do mundo afora: a falta
de integridade no lar (Ef 6:1-9; Cl 3:18-25).
A
principal interferência do Estado na esfera da família está relacionada
diretamente na área da educação. Não existe educação neutra, sempre existirá
uma ideologia por trás da educação, sempre existirá uma religião por trás da
educação, não existe educação laica. Por mais que vivamos sob o governo de um
Estado laico, sempre existirá uma religião, uma ideologia por trás da educação.
Nossos filhos aprendem desde cedo que o homem não foi criado por Deus, porque
ele veio ou evoluiu de um ancestral comum. A filosofia educacional de maior
influência ou abrangência na sociedade brasileira é o Construtivismo,
desenvolvida pelo biólogo e pensador suíço Jean Piaget (1896-1980), essa
filosofia de ensino vê como prejudicial o direcionamento do professor, pois ele
é apenas o agente facilitador, ou seja, se pais e mestres agirem como agentes
transmissores de conhecimento não estarão respeitando o individualismo de cada
criança. O Estado também quer aprovar na educação básica de nosso País a
chamada “ideologia de gênero” que pressupõe uma ideologia de ausência de
sexualidade, ou seja, o conceito de homem e mulher, masculino e feminino são
considerados construções culturais e sociais, da qual uma pessoa pode
“construir” sua “identidade de gênero”.
Estes
são os modernos adoradores de Baal ou Moloque (Sf 1:4,5). Esta religião não
afirmava o Deus da Escritura, mas o deus do Estado e seu governante. Os pais se
reuniam perante o altar deste deus e sacrificavam seus filhos de forma cruel,
seus filhos eram queimados vivos, e neste mesmo altar eram praticadas orgias
bissexuais. Esta é a Fé do Estado. Nossos filhos estão sendo sacrificados dia
após dia, só que de uma maneira maquiada e florida como o exemplo da
legalização do aborto.
Outra
interferência na esfera da família é da Igreja de Roma com a “nulidade
matrimonial”. A igreja não tem o poder de dizer que um casamento pode se tornar
nulo, sem valor, sem efeito, frívolo ou vão. Se todas nossas escolhas erradas
do passado fossem resolvidas dessa forma, jamais precisaríamos de um Deus que
restaura relacionamentos em ruínas e que pode trazer o perdão aos quebrantados
de coração. Deus criou o casamento para a vida toda, para ser permanente, a
união entre o marido e a mulher não é temporário (Ml 2:14-16; Rm 7:2), Deus
odeia o divórcio e Ele punirá todos os dissolutos e adúlteros (Hb 13:4). Aquele
que se divorciou não deve se casar de novo, exceto por motivos de relações
sexuais ilícitas por parte do cônjuge, pois aquele que se casa novamente comete
adultério (Mt 5:32; 19:9).
“Cada
casa deve ser educada no temor do Senhor, em disciplina, e formá-la em
semelhança de uma Igreja. Assim devem ser todas as casas cristãs, como pequenas
igrejas” (João Calvino). “O lar é uma pequena igreja, um pequeno seminário”
(Martinho Lutero).
“A
maldição do SENHOR habita na casa do perverso, porém a morada dos justos ele
abençoa” (Pv 3:33).