“Nenhum Deus, nenhum Senhor!” Este foi o lema
principal da Revolução Francesa de 1789, uma das raízes do Modernismo. Vivemos em
um tempo de pós-modernidade, onde cada cultura produz suas próprias verdades e
seus próprios princípios e valores, a isto chamamos de Relativismo Cultural. Aqueles
que vivem segundo os padrões morais absolutos da Bíblia são tachados de
“fundamentalistas”, pois na visão do homem moderno e pós-moderno todo
conhecimento é uma construção, os termos masculino e feminino são considerados
construções culturais e sociais, não existem valores morais absolutos,
conceitos de certo ou errado, a transmissão de conhecimento e o seu
direcionamento é o mesmo que coação moral e intelectual, o individualismo deve
ser respeitado. Estão “construindo” uma falsa verdade na mente das pessoas
sobre a criação de Deus.
O homem foi criado por Deus em uma multiformidade
sem fim, ou seja, não há uniformidade. Foram estabelecidas diferenças entre
homem e mulher, dons e talentos. O Modernismo procurou eliminar todas estas
diferenças colocando mulher-homem e homem-mulher, colocando toda a distinção em
um nível comum, colocando a vida sob a maldição da uniformidade.
O homem foi criado para manter relação pessoal com
o seu criador, por isso antes de ser definido como Homo Sapiens ele é Homo
Religiosus. O próprio Deus fez o homem religioso por meio do senso da
Divindade (Calvino). O coração do homem é fundamentalmente religioso, sua
essência é ser para Deus. “Do coração
procede as fontes da vida” (Pv 4:23). Sabemos que o pecado trouxe separação
entre Deus e o homem, e todos são concebidos em pecado (Sl 51:5), e por isso
tendem a ser rebeldes em relação a Deus e a sua Palavra, e tentam ver o mundo
totalmente sem um Senhor para não o glorificar (Rm 1:21). É no coração do homem
que o Espírito opera a regeneração e a santificação (2 Co 3:3), e é neste
coração que se define a quem ele servirá, a Deus ou a um ídolo (2 Cr 16:7-9; Ez
14:1-7).
“Os homens
sábios de nossa geração sustentam que a religião deve retirar-se do recinto do
intelecto humano” (Calvinismo - Abraham Kuyper). Estamos perdendo nossos
filhos, jovens crentes criados em lares cristãos, pois quando chegam na
faculdade acabam perdendo sua fé. Lá eles encontram professores que fazem essa
dicotomia entre mente e coração. Como se o coração fosse somente para a
religião aos domingos na igreja e a mente ou o cérebro para o resto da semana,
ou seja, para o uso da ciência. Não existe essa divisão entre sagrado e
secular. “O cristianismo não é mera
verdade religiosa, mas a verdade total” (Francis Shaeffer). “Temos de rejeitar a divisão de vida em uma
esfera sagrada, limitado a coisa como adoração e moralidade pessoal, em
oposição a uma esfera secular que inclui ciência, política, economia e o
restante do cenário público” (Verdade Absoluta - Nancy Pearcey). Immanuel
Kant (1724-1804), filósofo alemão, do período moderno, limitou a esfera da
religião à vida ética. A igreja Católica Romana também contribuiu muito para
essa dicotomia entre sagrado e secular. É interessante observarmos como o
calvinismo vindica para a religião seu caráter universal pleno, pois se tudo
que existe é por causa de Deus, então segue-se que a criação toda deve dar
glória a Ele (Breve Catecismo de Westminster, 1).
O Cristão não deve pensar que Cristo está contra a
cultura se isolando do mundo dentro da própria igreja, mosteiros ou seja lá o
que for que venha rejeitar qualquer apreciação da cultura até mesmo deixando de
ouvir músicas “seculares”. Nós somos seguidores ou transformadores de cultura?
Cristo é o transformador da cultura, pois ele é o nosso resgatador e a Bíblia
nos dá uma visão privilegiada, do ponto de vista de Deus, das realidades físicas
e metafísicas. “Amarás o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de
todo o teu entendimento” (Lc 10:27).
Nossa mente, nosso intelecto não deve
ser visto como inapta para a religião, pois a religião existe por causa de Deus
e não por causa do homem. Todas as esferas de conhecimento como o uso da
ciência, saúde, geografia, história, estudos sociais e sociologia, cultura e
arte, economia, governo e tecnologia, para o cristão, devem ser dominadas para
a Glória de Deus (Gn 1:28).