“Não
matarás” (Êx 20:13)
Olá querido leitor, estudaremos
neste mês um assunto que aparentemente parece ser simples de compreender, e que
de fato é mesmo, mas o que precisamos ter em mente é que na Lei de Deus quando
se proíbe o mal, ordena-se o bem, que lhe é contrário. Neste mandamento o senso
comum dos homens é entender que devemos nos abster de todo desejo de matar ou
de causar dano ao nosso semelhante. Porém, é preciso mais do que isso, devemos
ajudar a manter a vida do nosso próximo por todos os meios que nos forem
possíveis (1Pe 3:8,9; 1Ts 5:14,15; Mt 25:35,36; Pv 31:8,9; Catecismo
Maior de Westminster 135, 136). Devemos fazer o possível para conservar a vida
do nosso próximo evitando e impedindo tudo que possa vir a lhe prejudicar (CALVINO,
As Institutas, I, p. 170, 2006). A palavra do Senhor nos ensina que
mesmo que não venhamos a matar alguém, mas em nosso coração reinar o ódio e a
ira pelo nosso próximo nosso coração se tornará semelhante como de um assassino
(1 Jo 3:15). O ódio nada mais é que a raiva que criou raízes e se fixou. Por
exemplo, se a lei do nosso país nos proíbe de cometer o homicídio é certo que
seremos punidos pela pena caso viermos infringi-la. Porém, se sentirmos ódio e
desejo de matar alguém sem chegarmos a praticar efetivamente o ato não sofreremos
pena alguma, pois nenhum legislador mortal é capaz de ver por trás da nossa
honestidade externa. Mas, Deus cujos olhos nada está oculto, observa mais a
pureza interior do homem do que sua aparência externa (Jr 16:17). Por isso quem
se abstêm de derramar sangue não é inocente do crime de homicídio. Pois todo
aquele que tiver essa intenção ou conceber algo em seu coração que vá contra o
bem do seu próximo, Deus o considera homicida.
Por isso, a finalidade deste
mandamento é mostrar que todo ser humano deve preocupar-se com o bem estar do
seu próximo e com a preservação da sua vida, pois Deus é o criador de todo
gênero humano e somos imagem e semelhança do nosso criador (Gn 1:27; 9:6).
Na visão do reformador João
Calvino privar um homem de seu trabalho é o mesmo que tirar-lhe a vida. O
Antigo Testamento proíbe, por exemplo, tomar como penhor os instrumentos de
trabalho de um homem (Dt 24:6). “Deus
proíbe tomar como penhor tudo quanto é necessário aos pobres para ganharem a
vida e se manterem. Aquele, pois, que toma como penhor o que sustenta a vida de
uma pessoa pobre é cruel, como se arrancasse o pão da boca de um homem
esfaimado, até mesmo como se a vida lhe tirasse, por isso que é ela cerceada,
se forem suprimidos os meios de seu sustento” (BIÉLER, O pensamento
econômico e social de Calvino, p. 498, 2012).
Tirar a própria vida também é
proibido neste mandamento. Quando não cuidamos da nossa saúde física também
estamos violando este mandamento. O uso imoderado de comida, bebida, trabalho,
e qualquer tipo de vício é pecado (Lc 21:34; Rm 13:13; Ec 4:8; Pv 23:20; Pv
25:16; Is 5:11). Este mês foi publicado nos jornais do mundo inteiro o caso da
jovem americana Brittany Maynard, de 29 anos, com uma doença grave que marcou a
data da sua própria morte.
“A esperança
que se adia faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida” (Pv
12:12). Quando
nossas expectativas são adiadas essa situação desesperadora debilita o coração,
do qual fluem as energias física, psíquica e espiritual para o restante do
corpo. A pessoa quando fica frustrada sofre uma perda de ânimo. Uma vez que
seus verdadeiros anseios nunca são satisfeitos, ele cambaleia desesperado.
Porém, os desejos dos retos são como comer o fruto da árvore da vida. O fruto
dessa árvore revitaliza as energias, renova a coragem para viver e planejar o
futuro. A esperança dos retos pode ser adiada por algum tempo, mas seu coração
não adoece, pois sabem que o Senhor cumpre
suas promessas (Jr 17:8; Ez 37:4-14). Ainda que sejam provados, nunca são
decepcionados em sua Fé. “Palavras agradáveis
são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” (Pv
16:24). Jesus disse: “Eu sou a videira,
vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Jesus é a nossa única razão de viver,
então viva para Ele até o seu último suspiro.