Logo após a morte de Estêvão, o
evangelho se espalhou pelos povos gentílicos devido a perseguição a igreja em
Judá; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e
Samaria. Então, estes que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio
a Estêvão se espalharam até a Finícia, Chipre e Antioquia na Síria (At 8:1;
11:19). A palavra traduzida por “dispersos” (diaspeiro) em Atos 8:1,4 significa
“espalhar sementes”, o propósito da perseguição foi exatamente para plantar os
cristãos que estavam em Jerusalém em novo solo, nova terra, para gerar frutos.
Jerusalém deixaria agora de ser
o centro do ministério cristão, agora Antioquia da Síria tornaria o novo
centro. Paulo esteve na igreja de Antioquia durante um ano com os profetas e
mestres ensinando numerosa multidão naquela igreja (At 11:26). Havia ali cinco
líderes da igreja em Antioquia: Barnabé (natural de Chipre At 4:36), Simeão
(provavelmente um africano de sobrenome “Níger” = “Negro”), Lúcio (de Cirene
provindo do norte da áfrica), Manaém (provavelmente o irmão de Herodes Antipas)
e Saulo.
O versículo 2 de Atos 13 que é
o versículo chave de nosso estudo, inicia com uma ação coletiva “e servindo eles ao Senhor”. Mas como
eles serviam ao Senhor? A raiz do verbo que expressa que eles “serviam” ao
Senhor é “leitourgos” – o edificador (grego leitourgia = liturgia). Refere-se
àquele que serve ao Senhor sendo usado por ele para abençoar e edificar o seu
irmão. Eles eram “abençoadores” ou “edificadores” do corpo de Cristo. Este termo
é diferente ao termo citado para os sete helenistas escolhidos para servir as
mesas em Atos 6:1,2 “diakonos, diakoneo = distribuição, servir) que significa
servir as necessidades do corpo de Cristo.
Note que esta característica apontada
pelo texto presente na vida destes homens é o diferencial na vida de um
cristão, pois eles estavam servindo a Deus em sua igreja local, eram
abençoadores e edificadores, eram uma benção na igreja onde trabalhavam. Não foi
por competência intelectual, título
ministerial ou conhecimento teológico profundo, mas por sua fidelidade de vida
em relação aos de perto. Estes homens foram separados e enviados para uma obra
missionária, porque eram benção onde atuavam. Jamais se deve enviar alguém para
uma obra missionária pessoas que não são uma benção perto. Esta obra a que me
refiro especificamente é ao “Plantador de Igrejas”. Se este plantador de
igrejas não demonstra nenhum interesse em cooperar na evangelização no seu
local de trabalho, no seu campo de ação, ele certamente não demonstrará nenhum
interesse para o lugar que for enviado.
Agora eu quero fazer uma
pergunta, você tem sido um leitourgos no dia a dia de sua casa?
Sua esposa e seus filhos o reconhecem com esta característica? Não adianta ser
um líder destacado nos púlpitos de sua igreja ou em seminários, se for um
fracasso com a sua família. Tenha o testemunho de Cristo primeiramente entre os
seus. Somente isto o tornará qualificado para o envio. E se nossa comunidade
cristã não demonstra ser leitourgos, abençoadora com aqueles
com a qual convive dia a dia, culto a culto, dificilmente fará diferença em
outros lugares, jamais irá plantar igrejas. Igreja planta igrejas.
Continuando nosso estudo, o
texto diz que “servindo eles ao Senhor,
disse o Espírito Santo: Separai-me”. O conteúdo desta expressão “separai-me”
(aphorisate), do verbo “aphorizo” também usado em Mateus 25:32 quando o pastor
separa as ovelhas dos carneiros, trata-se de uma separação para uma função, ou
seja, eles estariam ligados a igreja, mas agora estariam designados para uma
função além da igreja local. Paulo e Barnabé seriam separados primeiramente
porque foram chamados. Os líderes estavam em jejum e oração, e logo em seguida “impondo
sobre eles as mãos...” trás a expressão “ epithentes tas cheiras”, que possui
vasto significado. Os principais são:
- · Sinal de autoridade. Significa que possuíam a autoridade eclesiástica para trabalharem em prol da igreja mesmo onde ela não estivesse presente, como comunidade.
- · Sinal de reconhecimento. A liderança da igreja os reconheceria como homens dotados das qualidades e características para aquela função.
- · Sinal de cumplicidade. A igreja continuaria responsável por eles, amando-os, desejando o melhor para suas vidas, até sustentando-os.
Terminando nosso estudo, onde
diz “os despediram” (apelusan), do grego “apoluo” que significa “fazer as
honras do envio”. Creio que foram
despedidos com um culto com a igreja reunida para enviá-los.
Concluindo, Deus tem separado
nossas vidas porque ele nos chamou para sua obra na terra, na cidade onde
estamos. A igreja não perde membros ela envia obreiros, ela deve entender que
sua missão deve estar subordinada a Missão de Deus à “Missio Dei”. Igreja
planta igrejas. Precisamos reconhecer a razão e o propósito de estarmos aqui. Fomos
separados porque éramos benção onde atuávamos e hoje ele nos chamou para
plantar uma igreja, uma igreja que irá futuramente plantar outra igreja. Que nossos
líderes reconheçam que seus membros precisam de apoio, como sinal de
autoridade, reconhecimento e cumplicidade. Impondo as mãos sobre as cabeças e
abençoado os obreiros. Sem isto, o cordão umbilical é rompido. Sem jejum e oração
não saberemos o que isso significa. Tudo deve ser feito para a glória de Deus,
amém!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lidório, Ronaldo. Plantando igrejas. Teologia bíblica, princípios e
estratégias de plantio de igrejas. Cultura Cristã. São Paulo - 1ª Ed. 2007.
Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento:
volume I. Santo André, SP: Geográfica editora, 2006.
Bíblia de Estudo de Genebra. 2 Ed.Barueri SP: Sociedade Bíblica do
Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2009.