sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A influência do Naturalismo, Marxismo e Niilismo

Para o naturalista, os valores morais são construídos pelos seres humanos, mas para o teísta cristão, Deus é o fundamento dos valores. Para os naturalistas a ética decorre da necessidade e do interesse humano.

Como não existe nenhum padrão moral absoluto para o naturalista, aquilo que traz harmonia em uma cultura pode ser chamado de bom, e o que não faz isso é ruim. Se os valores morais são relativos a uma cultura, aquele que empreender uma “guerra santa” para espalhar seus valores está certo?

Os naturalistas não possuem nenhum padrão moral absoluto. Não acreditam em Deus. Portanto, para eles os rebeldes são aqueles que perturbam a coesão social ao colocarem em risco a sobrevivência da cultura. Para eles a preservação da cultura é o valor mais valioso a ser cumprido.

Uma das formas historicamente mais significativas do naturalismo, desde a última parte do século XIX, é o marxismo. Em grande parte do século XX uma enorme área do globo foi dominada por ideias originadas pelo filósofo Karl Marx (1818-1883).

Em sua teoria o marxismo deve beneficiar a classe trabalhadora e lhe permitir obter o controle econômico da própria vida. Porém, a rigidez burocrática da vida sob o regime comunista tem levado à estagnação econômica e à perda da liberdade pessoal em muitos países.

Na cosmovisão naturalista a matéria é tudo que existe e Marx se considera materialista. Para ele as comunidades antigas viviam em uma espécie de comunismo primitivo em que os indivíduos se identificavam com toda a comunidade. Então a medida em que a sociedade se desenvolvia ocorriam divisões de trabalho.

No seu entender, algumas pessoas começaram a controlar as ferramentas e recursos dos quais a sociedade depende, e isso lhes deu o poder de explorar os outros, e como consequências surgiram as classes sociais.

Marx cria que as sociedades sempre foram dominadas pela classe que controla os meios de produção. Para ele o capitalismo ilustra essa situação. O capitalismo requer a exploração de um grande contingente de trabalhadores sem propriedade, o proletariado.

Com isso as sociedades capitalistas foram se tornando cada vez mais produtivas, mas a riqueza distribuída de forma cada vez mais restrita. Por fim, a concentração de riqueza levou a sociedade a produzir mais do que se podia comprar e a superprodução levou ao desemprego forçando o proletariado a se revoltar.

O objetivo de Marx é abolir todo sistema de opressão de classes. Essa nova sociedade sem classes traria menos competitividade e mais satisfação no trabalho em prol dos outros.

O problema é que Marx não tem nenhuma base para sustentar essa expectativa. A realidade da vida sob o comunismo é o oposto de sua teoria. É só ver o exemplo de comunismo que Vladimir Lênin implantou na Rússia.

Marx rejeita os valores morais como base dessa motivação de acabar com a exploração social. Ele não acredita em valores morais transcendentes para avaliar criticamente uma cultura.

Portanto, qual seria a base de Marx para condenar o capitalismo se as noções morais como “justiça” e “igualdade” são apenas invenções ideológicas? É possível tornar seres humanos bons se apenas se mantivermos o ambiente certo para eles? A ganância e o egoísmo são apenas produtos da divisão de classes? Esse é pensamento daqueles que pensam que os seres humanos são puramente materiais.  

Em uma sociedade onde as pessoas ficam felizes em viver com objetivos puramente imanentes com uma visão fechada ao transcendente a crença em Deus é sempre questionada. Uma cultura que nega a existência de Deus, tem sua base ética no relativismo: “faças o que gostas, quem sou eu para julgar?”.

Segundo James Sire, o niilismo é filho natural do naturalismo. O niilismo é a negação de todas as coisas. Nenhuma afirmação tem validade no niilismo, nada tem significado. Tudo é desnecessário, dispensável, isto é, apenas existe.

A consequência deste pensamento já é presente em nossa sociedade atual com relação a responsabilidade moral. De acordo com o psicólogo behaviorista Barrus F. Skinner, para mudar as pessoas é preciso mudar o ambiente. Na visão de Skinner as pessoas apenas reagem: “A pessoa não [age] sobre o mundo, o mundo é que [age] sobre ela” (Para além da liberdade e da dignidade; Lisboa: Edições 70, 2000, p.172.).

Os niilistas seguem esse argumento. Por exemplo, se alguém roubar um banco, isso acontece, em última análise, por conta de forças inexoráveis que deflagram suas decisões, ou seja, a pessoa não é considerada responsável por sua ação de roubar, pois essa decisão não foi sua.

Um dos problemas da cultura secular parece ser que ela costuma criar uma cultura de vitimização, tirando a responsabilidade da pessoa e tentando justificar suas atitudes irresponsáveis.

Uma sociedade assim fica sem base para a moralidade. O naturalismo nos coloca numa caixa de ética relativa a uma cultura. E numa cultura onde Deus está morto, as pessoas não são culpadas de violar a lei moral.

Se nós criamos nossos valores sozinhos, cada um de nós é rei e bispo do nosso próprio reino. Uma comunidade, antes vista como um corpo social estritamente unida, passa a ser vista como um agregado de indivíduos livres para serem o que quiserem ser.

Para concluir, eis o paradoxo: para negar Deus, deve-se ter um Deus para ser negado. Um niilista prático é uma espécie de parasita do significado. Ele precisa de algo para batalhar e fica esgotado quando não há nada para negar. Tenhamos cuidado com os parasitas de causas "sociais e democráticas" atuais.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

SIRE, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. 5.ed. Brasília: Monergismo, 2018.

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Não deixe a ansiedade levá-lo ao pecado: Fale com Deus

Estamos crescendo em uma cultura que celebra a independência e isso não é bom. Quando nos machucávamos em nossa infância pedíamos ajuda a alguém que amávamos. Silêncio total não é algo que praticamos com alguém que amamos. Podemos clamar ajuda sobre nossos medos e ansiedades.

Não estamos órfãos, fomos criados para ser dependentes de Deus e de outras pessoas que ele coloca em nossas vidas na fase de crescimento. Como saber que estamos precisando de ajuda? Podemos estar pedindo ajuda sem perceber.

Às vezes, você pode estar pedindo ajuda quando fica maratonando em vídeos, quando rola a tela sem parar nas redes sociais. Nossas ansiedades nos movem para escapar deste mundo, e nós tentamos fazer isto frequentemente por meio das distrações online.

Não é errado assistir vídeos online ou usar as redes sociais, mas precisamos estar atentos se estes hábitos não são uma espécie de ajuda que estamos pedindo sem perceber. Ansiedades sempre serão parte da vida, por isso precisam ser tratadas.

Se não lidarmos com as preocupações e cuidados da vida, Deus se tornará menos importante para nós, e nossas ansiedades crescerão e piorarão. A ansiedade pode deixá-lo surdo para as palavras de Jesus.

Nossas ansiedades podem sufocar as palavras de Jesus por causa dos “cuidados do mundo” e quanto menos ouvirmos a Cristo menos vivos estaremos, pois, suas palavras são vida (Mc 4:18-19). Ignore suas palavras, e a vida em você começará a desaparecer.

Os cuidados com o mundo podem ser: popularidade, sucesso atlético ou acadêmico, imagem corporal ou aparência externa etc. A ansiedade pode levar a distrações inocentes (música, redes sociais, filmes, videogames, shopping etc.) que nem sempre são inocentes.

A ansiedade prefere mais o entretenimento como distração a atividades que exigem mais concentração como um dever de casa. O entretenimento nos leva a um mundo alternativo que podemos controlar e por isso são viciantes.

A ansiedade também pode nos levar a distrações menos inocentes, que são perigosas. Essas pequenas doses de entretenimento distraem você das preocupações do mundo, então grandes doses poderão distraí-lo ainda mais. Se uma hora nas redes sociais é uma boa distração, imagine seis horas.

As mídias sociais oferecem interrupções e breves desvios no caminho quando enfrentamos nossas responsabilidades. Com isso, suas ansiedades vão se multiplicando, e a pior ansiedade de todas está vindo para pegar você: o medo do tédio. Isso mesmo.

O medo do tédio é a ansiedade do nada. Você se sente morto sem entretenimento. Ed Welch disse que “a depressão para muitas pessoas, é a vida com distrações que não funcionam mais. O que sobra é medo, medo que o futuro seja vazio”.

Drogas, álcool e pornografia têm se tornando partes essenciais do entretenimento e da distração. Não deixe a ansiedade levá-lo ao pecado. Fale com Deus (Sl 62:8; Is 65:24). Preocupações, estresse e ansiedades são oportunidades (lembretes) perfeitas para aprender como buscar ajuda de Deus.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

WELCH, Edward T. Ansiedade: um guia para estudantes. Brasília: Monergismo, 2023.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Apreciando e analisando o esporte através da cosmovisão cristã

Criação

Deus deu ao homem a capacidade de ser criativo. O ser humano é capaz de criar a partir da criação de Deus. A “estrutura” é algo que foi criado bom (Gn 1), porém, ela pode seguir em outra “direção” quando não é direcionada para servir a Deus, mas aos ídolos (Gn 3).

Torneios esportivos têm muitas regras: formais e informais. Somos imagens de Deus. Criamos esportes, jogos e brincadeiras com regras, pois quando Deus criou o mundo, ele o fez com estruturas e regras físicas e morais.

Deus fez o homem com senso estético. Por isso nos importamos com aquilo que é belo. A beleza move o homem, seja numa roupa, num rosto, num filme ou numa partida de futebol e estamos dispostos a pagar para ver e admirar.

Uma seleção de futebol ou um atleta olímpico são nossos representes esportivos. Quando eles vencem, eles vencem por nós embora não partilhamos dos prêmios em dinheiro, dos contratos publicitários, das festas e nem das vantagens que eles recebem, mas podemos dizer que somos penta campeões do mundo etc.

Nos alegramos corretamente com a vitória deles. E assim é no evangelho. Alegramo-nos no triunfo de nosso representante na cruz manchada de sangue e na tumba vazia. Recebemos os benefícios da vitória de Cristo, e nossa única contribuição foi ter pecado.

Vemos em uma copa do mundo ou em um torneio olímpico uma enorme diversidade étnica. Deus criou a humanidade com grande variedade de cor de pele, altura, porte físico e várias outras diferenças como os gêneros masculino e feminino. Essa diversidade é planejada por Deus.

Os jogos e a diversão funcionam como pequenas pausas na vida habitual onde a tensão é quebrada e o clima se alivia. Os jogos funcionam como pequenos “sábados” (sabbath). Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. Nesse dia os afazeres cotidianos são interrompidos para descanso, adoração e comunhão. (O entendimento cristão é que este dia passou a ser o primeiro dia da semana desde a ressurreição de Cristo).

Queda

Por causa do pecado, os esportes, assim como qualquer outra atividade humana, sempre ficam aquém dos padrões divinos de beleza e verdade. Por mais belos e interessantes sejam os torneios esportivos, eles são marcados pelo pecado.

O homem natural sabe que Deus existe (Rm 1:18-32), mas, ao mesmo tempo, ele busca abafar essas evidências distorcendo o que vê, ouve e sabe. O homem natural se recusa a agradecer a Deus e adorá-lo, embora tenha sido criado para adorar.

Como não encontra satisfação em si mesmo e não quer adorar a Deus ele o substitui por ídolos. Um ídolo é qualquer coisa além de Deus da qual dependemos para sermos felizes, realizados e seguros.

Somos capazes de idolatrar qualquer coisa, inclusive algo bom como o esporte. Muitas pessoas tratam o futebol como se a vida consistisse nele. Fazem do resultado esportivo o fator determinante de seu contentamento na vida.

Na era secular em que vivemos o homem tem buscado uma forma de vida que exclui o transcendente tendo somente uma perspectiva imanente e autossuficiente (Acesse o artigo: “Entendendo nossa era secular” para saber mais). Passamos de uma sociedade em que a fé em Deus era inquestionável para uma sociedade que contesta a crença em Deus.

A era secular em que vivemos esses vislumbres do transcendente têm sido experimentados na área do lazer, já que a adoração a Deus é vista com estranheza, a adoração idólatra a falsos deuses como o esporte é vista como lícita. O coração do homem encontra uma satisfação em algo criado sem lidar com o Deus criador.

O problema é que o ídolo não satisfaz o coração, pois se a vitória é o ídolo, a derrota é a morte. O amor idólatra sempre será insatisfatório, pois buscamos nele o que só Deus pode dar.

A superstição é outra marca do pecado nos esportes. As pessoas arrumam amuletos, roupas da sorte, outras dizem que só vão assistir o jogo na casa de Fulano, pois a última vez que viram lá o seu time ganhou e por aí vai.

São várias as tentativas de se tentar manipular os eventos por meios dessas coisas. Até mesmo atletas cristãos podem vir a tratar coisas excelentes como a oração e a Bíblia como amuletos da sorte.

Ainda há três ídolos favoritos da sociedade que temos que falar aqui: dinheiro, violência e sexo. Muitas pessoas que têm um bom linguajar e um comportamento exemplar se transformam dentro dos estádios, pois ali se sentem livres para xingar e se comportar mal.

Infelizmente a violência física faz parte do mundo esportivo. Nem toda violência é pecaminosa, mas toda violência existe por causa da queda. Deus ordenou violência em guerras, em sacrifícios, no uso do poder da espada pelo governo civil, e na cruz do calvário.

O esporte exige contato humano. A agressividade é requerida em resposta ao pecado, como na admoestação e na indignação justa. Ela é necessária contra o nosso orgulho. A agressividade deixa de ser algo bom quando ela se torna o oposto de amor, quando ela se torna uma agressividade odiosa.

A agressividade santificada é essencial para uma boa discussão, para uma competição sadia no esporte, para tomar iniciativa no trabalho e num papel de liderança, e até mesmo para ter relações sexuais no casamento (saiba mais acessando aqui).

Vemos muitos exemplos de violência verbal e sexual, intimidação e humilhação nos esportes. Na Copa de 2010, o turismo sexual na África levou a um considerável aumento no tráfico sexual.

O homem tenta quebrar as regras para se dar bem e nos esportes não é diferente. Vemos simulações de faltas, gols de mão, mordidas, mentiras, fingimento, doping etc. São muitas as formas de se burlar as regras.

Redenção

O ser humano sabe que o mundo está quebrado, e por este motivo ele o quer consertar. Há um anseio por melhorar este mundo quebrado em que vivemos (ONGs, ações comunitárias etc.). Existe um impulso redentivo em nossos corações.

O homem não quer nada com o Deus verdadeiro, mas quer a beleza, paz, união e completude através de imitações das coisas boas do reino de Deus.

É muito comum vermos a busca por eternização ou imortalidade do nome no mundo dos esportes. Atletas, equipes e até países querem ser lembrados por décadas ou séculos. Salomão fala em Eclesiastes 3:11 que Deus “pôs a eternidade no coração do homem”.

O ser humano anseia por uma realidade que vá além deste mundo quebrado em que vive. Um dos sinais de transcendência é precisamente o jogar ou brincar. O coração do homem busca a brincadeira porque a eternidade está em seu coração e o mundo em que habita não é mais perfeito.

O esporte demonstra o melhor da humanidade: atletas que fazem ações difíceis e são capazes de atingir marcas ou recordes com muita dedicação e talento. Nesse sentido, o esporte pode demonstrar um aspecto do enorme potencial da imagem de Deus.

A redenção resulta em premiação. Em Cristo nos é oferecido um novo prêmio, recebido pela fé naquele que obedeceu e triunfou. Tanto Cristo, o vencedor, como para aqueles que nele são mais que vencedores. Aqueles que lutam conforme as regras devem ser coroados (1Co 9:25). Quem se destaca merece a glória.

A ideia de que triunfo traz prêmios é bem conectada a esse entendimento de redenção. Mas, não podemos nos esquecer que a questão do mérito aparece tremendamente na obra de Cristo. Ele obedeceu a lei de Deus, sem nunca falhar, qualificando-se a ser de fato um sacrifício perfeito na cruz do Calvário. Somos salvos pela graça, mediante a fé, nos méritos de Cristo.

Um dia veremos as nações reunidas como vemos em um evento esportivo, em sua unidade e diversidade, mas com um só propósito: adoração ao Deus vivo (Ap 7). A esperança de dias melhores está entranhada nos homens por causa do seu desejo de eternidade. O jogar e o brincar causam e acalmam no homem o anseio por um dia melhor que ainda virá.

Aproveite os jogos de futebol, a Copa do Mundo, as Olimpíadas. Enfim, aproveite o esporte. Receba com ações de graças, pois é fruto da boa mão de Deus exercendo sua graça comum. 


REFERENCIAL TEÓRICO

NETO, Emílio Garofalo. Futebol é bom para o cristão: Vestindo a camisa em honra a Deus. 2.ed. Brasília: Monergismo, 2022.

A influência do Naturalismo, Marxismo e Niilismo

Para o naturalista, os valores morais são construídos pelos seres humanos, mas para o teísta cristão, Deus é o fundamento dos valores. Par...